Quando planejamos o trabalho na Atenção Básica e discutimos as estratégias de promoção da saúde, uma importante ferramenta de trabalho vem à tona: a educação em saúde.
Na perspectiva da atenção integral à saúde dos indivíduos, famílias e comunidade, a educação em saúde é uma prática fundamental para viabilizar as ações de promoção da saúde e de qualidade de vida da população. Entretanto, os desenhos tradicionais de educação em saúde, pautados pela hegemonia do saber técnico dos profissionais de saúde e na culpabilização dos indivíduos pela redução dos riscos à sua saúde, ainda influenciam as práticas desenvolvidas nos serviços da Atenção Básica (ALBUQUERQUE; STOTZ, 2004).
A tarefa era desencadear um processo de discussão amplo, enfocando a educação popular em saúde, que culminasse por envolver as equipes de saúde da família, agentes comunitários de saúde e agentes de saúde ambiental. Na sua versão final, a proposta integrou cinco projetos, tendo como ações:
fortalecimento dos serviços de educação em saúde dos distritos sanitários;
implantação dos núcleos de educação e cultura popular em saúde (Nuceps);
capacitação continuada em educação popular em saúde;
articulações intra e intersetoriais.
A difusão e o desenvolvimento de metodologias e linguagens em educação popular em saúde, a produção de materiais educativos, construção de parcerias com a comunidade e garantia de infraestrutura e equipamentos para as ações educativas foram estratégias traçadas para a implantação da proposta.
Os autores relatam que esse conjunto de resultados revelou uma maior integralidade das ações desencadeadas pela educação popular em saúde. O reconhecimento do usuário como cidadão nos grupos que não os estigmatizam como doentes, pois são ouvidos e estimulados a viver atividades de promoção da saúde, como exercícios, alimentação, hábitos salutares e a lutar em defesa de melhores condições de vida, representa fato concreto dificilmente encontrado em equipes que não se referenciam na educação popular. As equipes também revelaram uma visão mais integral no atendimento individual, com algumas delas trabalhando com terapias complementares e relacionando o atendimento diretamente com os grupos.
Carcereri, Santos e Tognoli