O Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS), chega em 2012 com a Estratégia Saúde da Família atuante em 5.278 municípios. Estruturada como uma forma de reorganizar a Atenção Básica desde 1994, a ESF vem se consolidando como o principal modelo de atenção e assistência às necessidades básicas de saúde da grande maioria das cidades brasileiras espalhadas por todos os estados da Federação. São ao todo 32.498 equipes implantadas até janeiro de 2012, atingindo 53,75% da população nacional.
Uma estratégia desse porte, que faz parte de um Sistema de Saúde mais amplo ainda, necessita de um pacote de leis, normas, regras, pactos e instruções muito bem definido, com o propósito de viabilizar sua execução.
As diretrizes das ações desenvolvidas em nível local nascem no Ministério da Saúde como portarias, portarias especiais, documentos norteadores de programas etc. Passam por estrutura hierárquica das secretarias municipais, de coordenadorias, e, finalmente, na Atenção Primária, se faz uso da tecnologia leve (MERHY, 1994), espaço destinado à transformação das ações definidas pelos princípios do SUS, artigo 3 da Lei nº 8.080/90.
Traduzindo: são ações de natureza definidas em nível cartorial que produzirão o cotidiano dos serviços de saúde, ou seja, em cadastramentos da população, atendimentos, consultas de enfermagem, médicas, odontológicas, multiprofissionais, visitas domiciliares e outros procedimentos que se estenderão ao território como resposta às especificidades e à dinâmica de vida das famílias.
Aqui entram todos os profissionais da Unidade de Saúde, cada um com suas atribuições específicas e em equipe desempenhando seu trabalho. E tudo acontece a partir do trabalho em equipe – portanto, dentro de uma interdependência profissional, que constitui o grande diferencial do processo de trabalho na ESF.
Esse movimento ocorre baseado em premissas gerenciais já sobejamente conhecidas, como a coordenação, o planejamento, a previsão, a organização, o controle e a avaliação. São os clássicos princípios da administração científica utilizados com roupagem nova e que ainda dão conta da materialização dos procedimentos gerenciais adotados pelos profissionais na Atenção Básica.
No tocante à dinâmica do gerenciamento, a intenção deste módulo é contribuir acoplando as bases do gerenciamento aos mais importantes princípios do Sistema Único de Saúde, além de alguns pressupostos pilares da ESF. Esse desenho gerencial conduz as ações voltadas à promoção da saúde e ao desenvolvimento das pessoas na visão da longitudinalidade da Atenção Básica à Saúde (ABS). Sobre esse ponto, Starfield (2004) acrescenta:
Colocar em prática essas definições e gerir um sistema tão complexo levando em consideração as realidades locais são apenas pequenos pontos que devem ser trabalhados pelo gestor diante de um universo de dificuldades.