Práticas de Saúde Bucal

Erico Marcos de Vasconcelos e Maristela Vilas Boas Fratucci



Breve histórico das práticas de Saúde Bucal

Não poderíamos iniciar nossas reflexões sem situar no tempo e no espaço nosso histórico e a evolução das políticas públicas em Saúde Bucal no Brasil, considerando que tais fatos influenciam e destacam a maneira de pensar e agir de diferentes categorias profissionais ao longo do tempo. Essas formas de organização em propostas ou modelos, ou mesmo a ausência destes, condicionam as formas de planejamento dos serviços, suas articulações, seu desenvolvimento e sua avaliação.

Quadro 1 - Breve histórico das práticas de Saúde Bucal.

A Estratégia Saúde da Família (ESF), pensada atualmente como estratégia para organização da Atenção Básica, e não mais como um programa, pretende implementar e solidificar o Sistema Único de Saúde. Muitos são os desafios, mas destaca-se a construção de práticas de saúde integrais como eixo norteador no cuidado, no vínculo e na corresponsabilidade entre os diferentes atores sociais: comunidade-profissionais-gestores. Outro grande desafio é repensar o modelo de atenção biomédica e privilegiar práticas pautadas na promoção da saúde.

Segundo Silveira Filho (2008), o processo de trabalho das equipes multiprofissionais na Estratégia Saúde da Família demanda reflexões acerca da prática voltada ao cuidado em saúde, destacando elementos centrais do processo de trabalho, dos atos e atitudes, dos modos de trabalhar e agir, tanto das equipes quanto dos profissionais da ESF. Enfatizam-se elementos: do trabalho de Saúde da Família; da equipe multiprofissional e da organização das ações de Saúde Bucal; da organização de um modelo de atenção pautado na promoção da saúde; da construção de uma nova prática em saúde; da cura ao cuidado; e do uso de instrumentos de trabalho na consolidação da clínica ampliada.

Em 2004, o Ministério da Saúde elaborou o documento Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Essas diretrizes apontam para uma reorganização da Atenção em Saúde Bucal em todos os níveis de atenção e para o desenvolvimento de ações intersetoriais, tendo o conceito de cuidado como eixo de reorientação do modelo, respondendo a uma concepção de saúde não centrada somente na assistência aos doentes, mas sobretudo na promoção da boa qualidade de vida e na intervenção nos fatores que a colocam em risco, incorporando ações programáticas de uma forma mais abrangente.

A superação de um determinado modelo em Odontologia (clássico ou hegemônico) e a mudança para outro (Saúde Bucal coletiva) encontram na família excelente parceria para a participação popular, viabilizando a multidemensionalidade das ações, a melhoria das condições de vida e a promoção da saúde necessitada e buscada por todos os humanos.


Em todas as reflexões inerentes à organização das práticas em Saúde Bucal, destacam-se o cuidado como eixo de reorientação do modelo, a humanização do processo de trabalho, a corresponsabilização dos serviços, o desenvolvimento de ações longitudinais para os ciclos de vida e para a promoção de saúde em toda a comunidade.

A atual conjuntura política e econômica possibilita ações cada vez mais específicas relativas aos programas e às estratégias em saúde. A busca por alternativas e implementações faz com que os articuladores de programas tenham visibilidade e credibilidade perante a população.

Todo o desenrolar dessas estratégias esteve vinculado às expressões sociais dos seres humanos desde os mais remotos tempos. Ou seja, as formas de adoecer seguem modelos sociais e a sensibilidade daqueles que as percebem e constroem padrões coletivos.

Especialização em Saúde da Família
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