O trabalho em equipe pressupõe interdisciplinaridade, multiprofissionalismo, intersetorialidade, ampliação e qualificação da assistência e promoção da integralidade das ações em saúde. Há a necessidade de contemplar todos os aspectos relacionados à prática do Técnico em Saúde Bucal (TSB) e do Auxiliar de Saúde Bucal (ASB), considerando suas especificidades em relação aos locais de produção dos serviços, às formas de inserção, organização e regulação do trabalho e ao atendimento das demandas dos indivíduos, das famílias e da coletividade.
O Técnico em Saúde Bucal e o Auxiliar de Saúde Bucal são ocupações da área de saúde, regulamentadas nacionalmente. Compõem a Equipe de Saúde Bucal e realizam atividades necessárias à prestação de cuidados no âmbito da promoção, prevenção e recuperação da Saúde Bucal. Atuam nas unidades e serviços de saúde públicos e privados, conveniados ou não ao SUS, estando em expansão sua inserção em Equipes de Saúde da Família.
A gestão da prática clínica em Saúde Bucal na ESF deve ser amparada por uma metodologia que sustente a ideia de promover tratamentos completados em um menor número de consultas possível, possibilitadas pela maior produção de procedimentos odontológicos em uma consulta e pelo maior índice de frequência às consultas agendadas, acompanhados do menor índice de absenteísmo (SÃO PAULO, 2009).
Para isso, leva-se em consideração a lógica do tratamento por quadrante, que divide a cavidade oral em quatro espaços a partir de dois cortes imaginários: um sagital na linha mediana, que passa pelos incisivos superiores e inferiores, e outro axial na linha de mordida. No sentido horário, de frente para o paciente, temos o quadrante 1 localizado no canto superior esquerdo, o 2 no canto superior direito, o 3 no canto inferior direito e o 4 no canto inferior esquerdo. Essa organização possibilita o uso mais racional de insumos odontológicos, na medida em que os focos passam a ser o paciente em sua integralidade e o número de procedimentos que o profissional realiza, e não o número de pessoas que ele atendeu, além de facilitar a ergonomia profissional durante o exercício de suas atividades (SÃO PAULO, 2009).
O exame clínico dos pacientes em primeira consulta odontológica programática terá seu registro realizado em uma Ficha de Atendimento Odontológico. Esse exame é não só o passo inicial para se realizar um tratamento, como também para estabelecer um melhor relacionamento entre paciente/profissional. O objetivo é a elaboração do diagnóstico, do prognóstico e do correto planejamento terapêutico. Ele divide-se em anamnese ou exame subjetivo e exame físico ou exame objetivo (GENOVESE, 1992).
A anamnese é composta pelas seguintes fases: identificação, queixa principal, história da doença atual, história odontológica pregressa, antecedentes médicos, antecedentes familiares e hábitos. No exame físico, o profissional de saúde utiliza-se dos sentidos naturais na exploração dos sinais, tais como inspeção, palpação, percussão, auscultação e olfato. E por meio deles procede aos exames extra e intraoral, levantando hipóteses diagnósticas, solicitando exames complementares, fazendo prognóstico e construindo um plano de tratamento (GENOVESE, 1992).
Todo esse processo deve ser sustentado por um sistema de informação adequado e bastante capaz de coletar com qualidade os dados que são gerados no cotidiano das práticas clínicas (ZANETTI, 2000). Isso apoiará a equipe no monitoramento das ações realizadas, na avaliação e no planejamento dos trabalhos a serem promovidos (BRASIL, 2004a; BRASIL, 2008; SANTOS; ASSIS, 2006).