A Reforma Psiquiátrica Brasileira se estruturou, inicialmente, a partir da demanda por produzir avanços dos serviços de saúde mental e realizar tratamentos com dignidade. Isso impunha a criação de serviços abertos, localizar os usuários nas dinâmicas das cidades, das famílias, da comunidade, acabando por promover um lugar de cidadão ao usuário, operando uma mudança no modelo assistencial em saúde, que deveria se humanizar, se democratizar.
Eram demandas por avanços sociais, por cidadania, que certamente dialogavam com os Direitos Humanos, mas que ainda funcionavam sob o paradigma e vocabulário político sanitário-psiquiátrico-social.

A Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia realizou atos que marcaram o momento, como a edição da Resolução n. 01/99, que interdita a participação de profissionais de psicologia em processos de cura da homossexualidade, posto que não se trata de doença, em conformidade com a OMS; a Comissão também publicou o livro “A Instituição Sinistra: relatos de mortes violentas em hospitais psiquiátricos no Brasil”, de 2001.
De todo modo, foi a partir da luta de Irene Ximenes Lopes que surgiu um marco que trouxe concretude e consolidou a interação dos Direitos Humanos com a luta da Saúde Mental no Brasil. Inconformada com a morte de seu irmão, Damião Ximenes, torturado e assassinado aos 30 anos, em 1999, quando estava internado em um Hospital Psiquiátrico filiado ao SUS, no município de Sobral, no Ceará, Irene inaugurou uma nova discussão.