Para a lógica financeira dessas clínicas privadas (mas pagas pelo setor público), era importante ter os leitos sempre ocupados, e o mecanismo de financiamento funcionava como um estímulo a manter o paciente internado por períodos longos. Os dados do sistema mostram que a “taxa de ocupação” era invariavelmente de 100%.
Essa lógica mercantilista transformava cada paciente em um “cheque ao portador”, conforme a expressão de um grande crítico do sistema de compra estatal de serviços de saúde, o sanitarista Carlos Gentile de Mello, nos anos 1970. Ocorria, portanto, segundo as críticas do MTSM, uma “mercantilização da loucura”.
E os ambulatórios? Eram muito raros, ofereciam poucas vagas, sendo em sua maioria anexos aos hospitais, dos quais funcionavam como porta de entrada. Assim era a saúde mental no Brasil até o início dos anos 80.