Não é tarefa simples garantir direitos e inclusão às pessoas que se encontram banidas socialmente, eleitas para residir em um não-lugar social. É importante ter claro os sentidos éticos para atuar, podendo com isso influenciar o entorno. Essa tarefa passa pela assunção dos princípios de Direitos Humanos que fundamentam a noção de igualdade.

No caso dos usuários de drogas legais ou ilegais, precisamos ficar atentos para não permitirmos que a eventual avaliação moral dessas pessoas ameace a afirmação de sua igualdade. Interpretações superficiais quanto ao papel do sujeito em seu próprio adoecimento podem corroborar para situações de culpabilização e estigmatização.

As relações entre profissionais, usuários e famílias podem promover ou não os Direitos Humanos e a cidadania: as diferenças estariam na forma de prescrever o cuidado, na participação dos usuários em seus projetos terapêuticos, nas decisões sobre o funcionamento do serviço, no uso da medicação, bem como no exercício destes direitos nas relações familiares e de trabalho.

As lógicas da exclusão e do estigma podem se apresentar por meio de diagnósticos generalizantes, da transmissão de expectativas que se revelam distantes da realidade dos usuários, retirando possibilidades deles e de suas famílias aderirem à atenção oferecida, respeitando suas diferenças. Portanto, é necessário questionar o que queremos, o que esperamos escutar dos usuários, quais são as expectativas institucionais em relação ao progresso e se estas questões não carregam culpabilizações.