A discussão proposta para esta temática está contida no diálogo que ocorre entre os membros da equipe de saúde durante o horário do almoço. A Agente Comunitária de Saúde Rosalina comenta que é dia de puericultura e diz ser cansativo mensurar o peso, a altura e o perímetro cefálico de todas as crianças que serão atendidas. A auxiliar de enfermagem Cleonice acrescenta o quanto incomoda o fato de as crianças urinarem ao tirar a fralda delas. Já a enfermeira Rita comenta que repete sempre as mesmas orientações em todas as consultas. Acrescenta que, se pudesse, ligaria um gravador e o deixaria repetindo na sala. Ao ouvir todas elas, Dr. Felipe diz que, embora essas profissionais e ACS reclamem, ele percebe o quanto elas se alegram quando essas crianças chegam à unidade. E a partir daí todos riem.
A questão central que está em discussão é a Puericultura.
Por que é tão importante e necessário acompanhar periodicamente o crescimento e o desenvolvimento infantil durante os primeiros anos de vida da criança?
Como deve ser realizado esse acompanhamento? Que profissionais estão envolvidos nessa assistência?
Como assistir essas crianças de maneira que não se torne uma ação repetitiva e cansativa?
Sabe-se que a puericultura efetiva-se pelo acompanhamento periódico e sistemático das crianças para avaliação de seu crescimento e desenvolvimento, vacinação, orientações aos pais e/ou cuidadores sobre a prevenção de acidentes, aleitamento materno, higiene individual e ambiental, bem como pela identificação precoce dos agravos, com vistas à intervenção efetiva e apropriada. Para isso, demanda a atuação de toda a equipe de saúde multiprofissional que assiste a criança e sua família, por meio de consulta de enfermagem, consulta médica, grupos educativos e visitas domiciliares.
O crescimento do ser humano é um processo dinâmico e contínuo que ocorre desde a concepção até o final da vida, considerando os fenômenos de substituição e regeneração de tecidos e órgãos. É considerado um dos melhores indicadores de saúde da criança, em razão de sua estreita dependência de fatores ambientais, tais como alimentação, ocorrência de doenças, cuidados gerais com a criança e de higiene, condições de habitação e saneamento básico e acesso aos serviços de saúde.
Dilly Lama
A velocidade de crescimento pós-natal é particularmente elevada até os cinco primeiros anos de vida, principalmente nos dois primeiros anos. Este é, portanto, o período mais vulnerável aos distúrbios de crescimento. Essa grande vulnerabilidade biológica faz com que seja extremamente importante o acompanhamento sistemático do crescimento da criança até os cinco anos de idade.
A avaliação periódica da saúde da criança permite o acompanhamento do progresso individual, identificando aquelas de maior risco de morbimortalidade, sinalizando o alarme precoce para a desnutrição e a obesidade, causa básica da instalação ou do agravamento da maior parte dos problemas de saúde infantil. Esse monitoramento do crescimento também possibilita o incentivo ao aleitamento materno exclusivo e a orientação adequada da introdução da alimentação complementar, prevenindo problemas comuns durante o primeiro ano de vida.
Cada atendimento realizado no serviço de saúde, independente da queixa ou doença que o motivou, deve ser tratado como uma oportunidade para uma ação resolutiva, de promoção da saúde, com forte caráter educativo.
É fundamental escutar a queixa dos pais e/ou cuidadores e levar em consideração a história clínica e o exame físico da criança, no contexto de um programa contínuo de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento. Dessa maneira, será possível formar-se um quadro completo do crescimento e desenvolvimento infantil e da real necessidade de intervenção.
Bibliografia consultada