A amamentação é um assunto fascinante, pois envolve várias especialidades, como a enfermagem, a medicina, a fonoaudiologia e a psicologia. E, muitas vezes, por ela ser um “ato natural”, considera-se que toda mulher sabe amamentar. A experiência clínica e muitas evidências científicas têm mostrado justamente outro lado, ou seja, mães muito decididas a amamentar seu filho, porém, quando ele nasce, ficam perdidas, desoladas e não conseguem amamentar. A amamentação é um ato natural, sim, mas com inúmeros fatores associados, sendo que os psicológicos muitas vezes superam os físicos, tornando-se os dificultadores para o aleitamento materno.
No caso de Darlene, mãe de Danrley Anderson, os fatores psicológicos claramente estão dificultando o aleitamento exclusivo. Ela teve outro filho, ou seja, já teve experiência passada com amamentação e o período de adaptação dos primeiros meses com o recém-nascido. A equipe da ESF motivou e orientou a mãe a realizar o aleitamento – não faltou informação. Mesmo com esse cenário positivo, Darlene está com dificuldade em amamentar seu filho. O caso de Darlene é comum e, uma vez identificado que o fator dificultador do aleitamento materno é o aspecto psicológico da paciente, deve-se entender o que realmente está preocupando mais essa mãe: quais são as dificuldades, dúvidas ou anseios em relação ao aleitamento; como ela está se sentindo. Mostrar à paciente que você, profissional, se preocupa com o bem-estar total dela abre um canal de comunicação, permitindo que ela confie em você. A partir desse canal de comunicação aberto, você conseguirá orientar e guiar melhor a mãe para retomar o aleitamento.
Apresentar de maneira clara e simples todos os benefícios do aleitamento materno para ela e para seu filho é um método para motivá-la a continuar amamentando. Essa motivação deve abranger também o pai e outros membros da família que convivam diariamente com a puérpera, como as avós das crianças, tias ou outros familiares. O apoio da família, principalmente do marido, facilita a manutenção da amamentação. Ele também deve ser educado em relação à importância e aos benefícios do leite materno. Não podemos esquecer também que, durante o período de puerpério, a mãe pode apresentar quadros emocionais exacerbados devido à diminuição dos níveis hormonais. Esses aspectos também devem ser abordados junto aos familiares próximos da puérpera.
A amamentação é, sem dúvida, o melhor meio para nutrir o recém-nascido. Mas os benefícios da amamentação não são exclusivos para a criança, pois a mãe também se beneficiará com a prática do aleitamento. Cito a seguir algumas das vantagens do aleitamento materno para a mãe:
Para a criança, a amamentação traz vantagens nutricionais, imunológicas, psicológicas e de desenvolvimento geral e da face:
A amamentação também favorece o estabelecimento do vínculo mãe-bebê, pois o aleitamento materno é um dos momentos mais ricos e propícios para a interação saudável entre mãe e bebê.
Além disso, a amamentação exercita a musculatura facial, possibilita a estimulação funcional necessária para a maturação neuromuscular e permite que a criança receba diferentes estímulos, como térmicos, olfativos, visuais, auditivos, motores e cinestésicos, o que proporciona o desenvolvimento de outras funções orais, como a mastigação, a deglutição, a respiração nasal e a fala. Em outras palavras, a sucção é um treino da musculatura e de conexões nervosas para futuramente a criança conseguir mastigar, falar e deglutir.
Assim, todo o esforço que o bebê faz no momento da mamada é extremamente benéfico e importante para o correto desenvolvimento da face e das suas estruturas orais, sendo considerado importante fator inicial do bom desenvolvimento dentofacial, por estimular constantemente a articulação temporomandibular.
A respiração nasal é fundamental, pois através dela o ar que o bebê inspira é filtrado, aquecido e umedecido, além de ser mais um estímulo para o desenvolvimento das suas estruturas orais.
Após termos visto a importância do leite materno e da amamentação, é fundamental reconhecer até quando ela deve ser seguida. A OMS e o Ministério de Saúde do Brasil recomendam que as crianças sejam aleitadas exclusivamente com leite materno até o sexto mês de vida. Lembrando que o aleitamento materno exclusivo refere-se ao período em que a criança recebe somente leite materno, diretamente da mama ou extraído, sem nenhum outro líquido ou sólido, com exceção de gotas ou xaropes de vitaminas, minerais e/ou medicamentos. A partir desse período, ocorre a introdução dos alimentos de transição. A recomendação da OMS e do Ministério da Saúde do Brasil é a manutenção do aleitamento materno até os dois anos de vida.