Aula 4 Elaboração do Plano de Ação
Tópico 03 Passos (4, 5 e 6)


Quarto passo: Explicação do problema


Até aqui os problemas, bem descritos ou bem caracterizados, foram declarados como tal por um determinado ator. Agora chegou a vez de entendê-lo, de explicá-lo melhor.


Resgate de conceitos fundamentais: para o filósofo Espinosa, conhecer é conhecer pela causa, o que significa descobrir o modo pelo qual algo é produzido. Portanto, conhecer adequadamente uma coisa é conhecer o seu modo de produção.

Exemplo da explicação de um problema – Caso da goteira

Estou vivendo um problema doméstico, que é a presença de uma goteira dentro de casa. Mas a causa dessa goteira é um "outro problema", que são as telhas quebradas no telhado. Essas, por sua vez, são consequência de um "outro problema", a minha falta de dinheiro para fazer a manutenção.

Minha falta de dinheiro é, por sua vez, consequência do arrocho salarial, que é fruto da política econômica do governo, que por sua vez faz parte do ajuste econômico ditado pelo Fundo Monetário Internacional, que... (Cecílio, 1997)

A compreensão dessas sequencias de causas, e de sua localização em espaços diferenciados de governabilidade, é que vai me ajudar no momento seguinte quando devo desenhar um plano de ação.


A partir da explicação do problema, será elaborado um plano de ação, entendido como uma forma de sistematizar propostas de solução para enfrentar as ações que estão causando o problema principal.


Quinto Passo: Seleção dos "nós críticos"


A identificação das causas é fundamental porque, para enfrentar um problema, devem-se atacar suas causas. Através dessa identificação, é possível mais clareza sobre onde atuar ou sobre quais causas devemos atacar.


O que é um "nó crítico"?

É um tipo de causa de um problema que, quando "atacada", é capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformá-lo. O "nó crítico" traz também a ideia de algo sobre o qual eu posso intervir, ou seja, que está dentro do meu espaço de governabilidade. Ou então, o seu enfrentamento tem possibilidades de ser viabilizado pelo ator que está planejando.

Sobre o Caso da goteira - 1

No caso da goteira, citado anteriormente, podemos perceber que a política de arrocho do governo e a política do FMI não podem ser consideradas nós críticos, pois o ator que planeja não tem nenhuma possibilidade de intervir sobre estes.

Já o enfrentamento do problema das telhas quebradas do telhado ou a busca por uma forma de aumentar a renda são situações que se encontram dentro do espaço de governabilidade e/ou apresentam possibilidades de serem viabilizados pelo ator que está planejando, podendo assim ser selecionados como nós críticos.


Sexto passo: Desenho das operações


Com o problema bem explicado e identificadas as causas consideradas como as mais importantes, é necessário pensar as soluções e estratégias para o enfrentamento do problema, iniciando a elaboração do plano de ação propriamente dito.


O plano de ação é composto por operações, ou seja, um conjunto de ações desenhadas para enfrentar e impactar as causas mais importantes (ou os "nós críticos") do problema selecionado.

Nesse sentido, é fundamental, neste momento, termos claro também os produtos e os resultados esperados de nossas operações, pois eles nos ajudam no monitoramento do nosso plano de ação.

Os produtos são mais "palpáveis" e imediatamente observáveis. Já os resultados podem ser mais subjetivos e estão mais relacionados ao impacto obtido sobre o problema principal e sobre suas causas.

Sobre o Caso da goteira - 2

No exemplo da goteira da casa, considerou-se como nó crítico a presença de telhas quebradas, dessa forma, a operação pensada pode ser chamar um pedreiro para consertar o telhado. Sendo assim, o produto esperado deverá ser a presença de telhas novas, trocadas e o resultado pode ser o fim da goteira e o bem-estar de todos que vivem na casa.