Aula 1 Planejamento em Saúde
Tópico 03 Métodos de planejamento em saúde



Bem, se estivermos convencidos de que é preciso planejar, a próxima pergunta a ser feita é:

Por que necessitamos de um método de planejamento?

O planejamento cotidiano, na maioria das vezes, é feito de forma intuitiva ou pouco sistematizada. Quando se pretende alcançar objetivos complexos e fazê-lo coletivamente, torna-se evidente não só o quanto é importante planejar, como também imprescindível contar com um método de planejamento.


É preciso um método que possibilite a compreensão e o compartilhamento de uma mesma "linguagem" (conceitos básicos, terminologia, instrumentos utilizados etc.); que seja capaz de contribuir para o diálogo e para efetiva participação de todos aqueles envolvidos na formulação e na operacionalização de um plano.


Portanto, se não contarmos com um método, torna-se praticamente inviável, principalmente em organizações mais complexas (como as governamentais), que o processo de planejamento possa ser institucional, com participação de todos os níveis.


Outro ponto importante a ser ainda destacado é que este método de planejamento deve ser um processo permanente.

Basta pensar que, quase sempre, principalmente no setor governamental, se está perseguindo objetivos em situações onde os recursos são menores que as necessidades. A essa constatação soma-se o fato de que as situações a serem enfrentadas são dinâmicas, sofrendo constantes transformações. Com isso, planeja-se em situações em que a incerteza, em menor ou maior grau, sempre estará presente.


Portanto, planejar passa a ser uma necessidade cotidiana, um processo permanente para que se possa garantir direcionalidade às ações desenvolvidas, corrigindo rumos, enfrentando imprevistos e buscando sempre caminhar em direção aos objetivos que se quer alcançar.


Para refletir...

Quando planejamos alcançar objetivos complexos e queremos fazê-lo de uma forma participativa, compartilhando diferentes saberes (interdisciplinaridade) e diferentes ações (intersetorialidade), necessariamente precisamos trabalhar com um método de planejamento.

Sempre estamos planejando em situações dinâmicas que sofrem constantes transformações. Portanto, é fundamental estabelecer um processo permanente de planejamento que dê conta de corrigir os rumos e manter a direcionalidade das ações desenvolvidas em relação aos objetivos a serem alcançados.


Qual é a diferença entre o planejamento e o plano?


Segundo Matus (1993) "o plano é um produto momentâneo de um processo de planejamento." Funciona como um instrumento para, em determinados momentos, permitir o compartilhamento e/ou a negociação dos projetos elaborados. O plano nunca está acabado, mas tem que estar sempre pronto para orientar a ação da equipe que planeja.

Portanto, um processo de planejamento não é aquele onde (geralmente uma vez ao ano) elabora-se um documento (o plano) para ser apresentado e não necessariamente executado (provavelmente engavetado).

Este documento não é desnecessário, ao contrário, deve ser um instrumento que sirva como referência para o acompanhamento da execução das ações, a correção de rumos e a avaliação dos resultados alcançados em relação aos objetivos propostos, provocando assim um movimento processual do planejamento.


PLANO: diz respeito ao que fazer de uma dada organização, reunindo um conjunto de objetivos e ações e expressando uma política, explicitada ou não. O plano delineia as decisões de caráter geral do sistema, as suas linhas políticas, suas estratégias e suas diretrizes. Deve fornecer referencial para elaborar programas e projetos específicos.

PROGRAMA: estabelece de modo articulado objetivos, atividades e recursos de caráter mais permanente, representando certo detalhamento sobre os componentes de um plano ou, na ausência deste, definindo com mais precisão o que fazer, como, com quem, com que meios e as formas de organização, acompanhamento e avaliação. Os objetivos setoriais do plano irão constituir os objetivos gerais do programa e este, por sua vez, pode envolver um conjunto de projetos e ações.

PROJETO: desdobramento mais específico de um plano ou programa, até mesmo para tornar viável algum dos seus componentes, cujos objetivos, atividades e recursos tem limites e tempo mais reduzido. O projeto é o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de uma unidade de ação. É, portanto, a unidade elementar do processo sistemático da racionalização de decisões. (PAIM, 2006)


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No tópico anterior iniciamos uma conversa sobre planejamento. Vimos que planejar é pensar antes e durante uma ação, que é um cálculo. Então qual é o cálculo que fazemos ao planejar?


De uma maneira geral, calculamos os objetivos a serem alcançados a partir da situação que nos encontramos, do caminho ou das ações que teremos que fazer para alcançar esses objetivos e com quais recursos precisamos contar. Isto é o planejamento.

No entanto, existem diferentes maneiras de planejar, ou seja, existem distintos modelos ou métodos de planejamento. É importante conhecê-los para escolher aquele mais adequado ao nosso modelo assistencial de saúde e, por conseguinte, ao modelo de gestão que adotamos.

Para nossa discussão, vamos nos referir a apenas dois métodos, o normativo e o estratégico.