Para o “Guia de Recomendações Para Uso de Fluoretos no Brasil”, editado pelo Ministério da Saúde em 2009, a indicação de suplementos como comprimidos ou adicionados aos complexos vitamínicos no período pré-natal não é uma medida racional. Este guia enfatiza que nenhum estudo comprovou a eficácia da ingestão de flúor na diminuição da incidência de cárie na dentição decídua durante o período de gestação (BRASIL, 2009).
É interessante que o dentista observe se há associação de fluoreto de sódio às formulações polivitamínicas prescritas por outros profissionais de saúde, para que elas sejam substituídas.
Quanto à gengivite, esta é uma alteração comum na gravidez e está relacionada ao aumento dos níveis hormonais, que parecem exacerbar a resposta gengival ao biofilme dental. Em conjunto, a progesterona e o estrógeno aumentam a vascularização, o que intensifica a resposta inflamatória. A manutenção da higiene bucal pode ajudar na prevenção, como também na redução dessas alterações inflamatórias.
Determinados procedimentos clínicos odontológicos mais invasivos necessitam de uso de soluções anestésicas. Como regra geral não existem riscos quanto à utilização da anestesia local, entretanto, quando a gestante apresentar elevações da pressão arterial, é importante a avaliação do médico responsável, juntamente ao dentista, para que avaliem o tipo de anestésico mais indicado.
Dentre os procedimentos odontológicos, a profilaxia, o controle de placa e as orientações para a higiene devem fazer parte de uma rotina preventiva e que podem ser realizadas em qualquer trimestre gestacional.
A técnica de adequação do meio bucal e o controle periódico profissional de placa são condutas odontológicas preventivas mais indicadas. Trata-se de procedimentos mais simples que podem garantir certo conforto à gestante quando da sua realização. A continuidade do tratamento, complementação dos procedimentos, está indicada para após o parto.
Quando da necessidade de reabilitações bucais mais complexas, deve-se analisar o quadro de saúde para se verificar se é imprescindível que ele seja realizado na sua totalidade ou se pode ser feito em dois momentos: um que retire ou diminua a dor ou infecção e outro que faça a sua complementação posteriormente. Havendo a possibilidade, deve-se adiar todo o tratamento para após o parto.
Carcereri, Santos e Tognoli