Atenção Integral à Saúde do Adulto

Atenção integral aos usuários com doenças crônicas não transmissíveis

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Atenção integral aos usuários com doenças crônicas não transmissíveis

2.1.1 Fundamentos para a abordagem integral de DCNT

Determinantes Socioambientais da Saúde: O debate sobre os Determinantes Socioambientais da Saúde (DSS) iniciou-se nos anos 1970/1980 a partir do entendimento de que as intervenções curativas e orientadas para o risco de adoecer eram insuficientes para a produção da saúde e da qualidade de vida de uma sociedade, tendo-se em vista que muitos fatores sociais também influenciam na saúde dos indivíduos, como as condições em que as pessoas nascem, vivem, trabalham e envelhecem.

A pobreza, entendida não apenas como falta de acesso a bens materiais, mas também como falta de oportunidades, de opções e de voz perante o Estado e a sociedade, representa vulnerabilidade diante de imprevistos e fatores de risco para doenças crônicas.

Neste contexto, ações sobre os DSS que diminuam os diferenciais de exposição a riscos, tendo como alvo, por exemplo, grupos que vivem e trabalham em condições insalubres, em ambientes pouco seguros ou expostos a contaminantes ambientais e com deficiências nutricionais, são de suma relevância para enfrentar as DCNT.

Ação intersetorial: Ações de prevenção e controle de DCNT requerem articulação e suporte de todos os setores do governo, da sociedade civil e do setor privado, com a finalidade de obter sucesso contra a epidemia das DCNT.

Desenvolvimento sustentável: A epidemia de DCNT tem relevante impacto negativo sobre o desenvolvimento humano e social. A prevenção deveria, por essa razão, ser incluída como prioridade nas iniciativas de desenvolvimento e investimento. O fortalecimento da prevenção e o controle de DCNT devem, também, ser considerados como parte integral dos programas de redução da pobreza e outros programas de assistência ao desenvolvimento.

A sociedade civil e o setor privado: As instituições, os grupos da sociedade civil e a Atenção Básica à Saúde são locais distintos para mobilização política e de conscientização aos usuários de apoio para esforços na prevenção e no controle de DCNT.

Abordagem precoce e abrangente: Os fatores de risco para DCNT estão disseminados na sociedade. Frequentemente, iniciam-se de modo precoce e estendem-se ao longo do ciclo vital. Evidências de países onde houve grandes declínios em certos tipos de DCNT indicam que as intervenções de prevenção e tratamento são necessárias (WHO, 2000; WHO, 2011). Por essa razão, a reversão da epidemia de DCNT exige uma abordagem populacional abrangente, incluindo intervenções preventivas e assistenciais. A mortalidade por acidente vascular encefálico, por exemplo, pode ser reduzida com o aumento de medidas preventivas, como o controle da hipertensão e o acompanhamento dos indivíduos que sofreram acidente vascular encefálico (LOTUFO; BENSEÑOR, 2009).

Evidências: Medidas de prevenção e controle devem estar embasadas em claras evidências de efetividade e custo-efetividade. Intervenções de base populacional devem ser complementadas por intervenções individuais de atenção à saúde.

Vigilância e monitoramento: A vigilância de DCNT deve ser integrada ao sistema de informações em saúde, adotando-se indicadores mensuráveis e específicos.

Rede de serviço: O fortalecimento dos sistemas de atenção à saúde para a abordagem de DCNT inclui o fortalecimento da Atenção Básica, articulando os demais níveis de atenção e as redes de serviços.

Linha de cuidado de DCNT: Abordagem integral das DCNT, inclui atuação em todos os níveis (promoção, prevenção e cuidado integral), articulando ações da linha do cuidado no campo da macro e da micropolítica. No campo da macropolítica, situam-se ações regulatórias, articulações intersetoriais e organização da rede de serviços; na micropolítica, atuação da equipe na linha do cuidado, vinculação e responsabilização do cuidador e ações no fomento ao protagonismo e autonomia do usuário (MALTA; MEHRY, 2010).

Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda

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