Você já deve ter ouvido, inúmeras vezes, expressões como "modelo medicocêntrico", "hospitalocêntrico", "sanitarismo campanhista", entre outras. É bem possível que tenha presenciado, em algum debate, o expositor se referir a determinadas corporações da saúde como tendo uma visão "biológica e reducionista" do ser humano, ou que determinada forma de organizar e prover os serviços de saúde tem um caráter "liberal privatista".
O fato é que os sistemas de saúde, as organizações de saúde e suas formas de interagir se mostram diferentes quando os observamos ao longo da história, nas diversas localidades onde concretamente se encontram inseridos e, acima de tudo, dependendo do tipo de enfoque que utilizamos para abordá-los. Isso também ocorre com o trabalho das diversas corporações de trabalhadores e sua valoração social.
Durante praticamente todo o século XX, o hospital e seu quadro médico ocupou uma posição de centralidade na organização dos sistemas de saúde de praticamente todos os países do Ocidente. Falar de sistema de saúde se restringia, quase sempre, a discutir como organizar médicos e hospitais. Mas isso não foi sempre assim.
O hospital, como o conhecemos hoje, é considerado por muitos historiadores e sociólogos uma criação da cristandade da Alta Idade Média.
![]() |
Leitura Complementar
Como vemos, o hospital nem sempre foi lugar de doentes, e, mesmo, e sua associação com os médicos é fato relativamente recente em sua história. Com a leitura do texto "O Hospital" (Clique aqui para abrir) é possível conhecer a o relato histórico dessa organização que data a partir do final do século IV e inicio do V d.C. |
No Brasil, diversos modelos de saúde se desenvolveram em diferentes momentos da história. Assim, no início da República, a organização de campanhas para lutar contra as epidemias que assolavam o Brasil transformou-se em uma política de saúde pública importante para os interesses da economia agroexportadora daquela época e se mantém como modalidade de intervenção até os nossos dias no combate às endemias e epidemias.
![]() |
Observação
Seja no SUS, seja na saúde suplementar, o sistema de saúde ainda é fortemente centrado em médicos e hospitais. As dificuldades e limitações do sistema de saúde no seu formato atual têm motivado um debate permanente entre pesquisadores, gestores, trabalhadores e usuários sobre a melhor forma de organizar o nosso sistema de saúde. Vários experimentos com modelos alternativos de organização dos serviços vêm sendo realizados em diversos municípios e estados. |