Unidade 3 | Atenção Domiciliar na Rede Básica de Saúde: avaliação e monitoramento |
Passos a serem seguidos no planejamento do processo de avaliação na área da saúde, fundamentado no método clínico centrado na pessoa.
As pessoas não adoecem da mesma forma. Cada qual carrega consigo uma série de entendimentos e medos sobre sua situação. Não é possível pensar em adesão a propostas de cuidado domiciliar, especialmente no caso de pessoas acamadas, se todos (pessoa assistida, cuidador e familiares) não puderem ter escutadas suas angústias, explicações e dúvidas sobre o que ocorre com a pessoa doente. Esclarecer dúvidas, desenhar um entendimento comum sobre o que está acontecendo e acolher os receios de todos deve ser o fundamento, a norma em todo o processo de atendimento e precisa ser objeto de avaliação..
É comum que pessoas cuja situação as limita ao lar, ao leito e que são objeto de atenção domiciliar falem de todo o contexto de sua vida durante a visita domiciliar da equipe de saúde (VASCONCELOS, 2001). A equipe tem a oportunidade, nestes encontros, de conhecer realidades que poucas vezes seriam apresentadas no atendimento ambulatorial. Embora essencial para estabelecer a rede de apoiadores e levantar necessidades específicas para o cuidado, não raras vezes os profissionais de saúde secundarizam esses aspectos privilegiando situações fundamentalmente biomédicas. É importante que a equipe conheça a pessoa como um todo e para que isso aconteça é necessário considerar todas as “falas” da pessoa, sua história, contexto, quem é responsável por dar o banho, pela alimentação; quem é acionado quando algo acontece? È a escuta atenciosa e o conjunto de informações e dados coletados e observados que permitem que o plano de cuidado seja factível
A organização de cuidados domiciliares precisa considerar a necessidade de planejar o cuidado a partir da parceria com familiares e cuidadores (formais, informais ou comunitários). Avaliar se o plano foi elaborado juntamente com o cuidador, por exemplo, é necessário para que as equipes atentem para sua importância.
Cuidar de pessoas adoecidas não pode restringir à manutenção de seu estado. Aumentar sua autonomia, potencializar as possibilidades de promoção de melhor qualidade de vida devem ser objetivos do atendimento domiciliar.
A equipe precisa considerar no plano de cuidado ações, medidas, procedimentos que melhorem a situação de saúde encontrada, por exemplos;
A relação de confiança entre equipe de saúde e a pessoa assistida, seus familiares e cuidadores é reforçada na visita, mas é preciso estabelecer acordos que, cumpridos, tendem a gerar um ciclo virtuoso de entendimentos mútuos e tranquilidade. A equipe precisa estabelecer a periodicidade das visitas para evitar a sensação de abandono. Precisa deixar claro também como pode ser contatada em caso de necessidade.
Os profissionais precisam deixar claro o que podem e o que não podem fazer. Precisam honrar os acordos firmados coma pessoa, família e cuidador, inclusive esclarecer sobre quais os demais recursos disponíveis (como utilização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência nos casos de urgência), o que é possível e o que será feito o que reforça a confiança e aumenta a adesão às propostas definidas em conjunto.