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Trauma Dental

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Abordagem Inicial e atendimento sequencial

A seguir você conhecerá, primeiramente, a sequência de procedimentos clínicos para o atendimento de lesões traumáticas envolvendo dentes naturais, tecidos periodontais e mucosa oral. Em seguida, abordaremos o atendimento inicial aos casos de fraturas de próteses dentárias. Acompanhe!

1.Lesões envolvendo dentes naturais, tecidos periodontais e mucosa oral

A partir de agora, você verá qual deve ser a abordagem inicial nos casos de lesões aos tecidos duros dos dentes e à polpa, nos casos de lesões aos tecidos periodontais, bem como nos casos de lesões na gengiva ou na mucosa oral. Além disso, trataremos da abordagem inicial quando o quadro for de fratura na dentição decídua. Para finalizar, faremos a descrição dos procedimentos clínicos indicados para as situações mencionadas.

Clique nos quadros coloridos a seguir e veja o detalhamento dos procedimentos!

1.1 Lesões aos tecidos duros dos dentes e à polpa

Fratura incompleta de esmalte:

realiza-se o controle da sensibilidade pulpar na sexta e na oitava semanas após a ocorrência do trauma dentário.

Fratura de esmalte:

realiza-se plastia do esmalte(regularização) ou restauração direta em resina composta. Indica-se controle radiográfico e da sensibilidade na sexta e na oitava semanas após a ocorrência do trauma dentário.

Fratura não complicada de coroa:

procede-se à proteção da dentina exposta por colagem de fragmento dental, por restauração direta em resina composta ou, ainda, por capeamento pulpar indireto com hidróxido de cálcio e selamento com cimento de ionômero de vidro. Indica-se controle radiográfico e da sensibilidade na sexta e na oitava semanas após a ocorrência do trauma dentário.

Fratura complicada de coroa:

realiza-se capeamento pulpar direto, pulpotomia ou pulpectomia. Em seguida, procede-se à colagem do fragmento dental, à restauração direta em resina composta ou, ainda, ao selamento com cimento de ionômero de vidro. Indica-se controle radiográfico periódico na sexta e na oitava semanas após a ocorrência do trauma dentário.

Fraturas corono-radiculares:

o nível da fratura determinará o tipo de tratamento indicado. O procedimento de urgência pode incluir a estabilização do fragmento coronário com resina composta. Nos casos casos de fraturas não complicadas de molares e pré-molares, indica-se a remoção do fragmento móvel e o selamento da dentina com cimento de ionômero de vidro. Fraturas verticais geralmente indicam a exodontia, entretanto, nos incisivos com rizogênese incompleta, muitas vezes a linha de fratura é incompleta e se estende até a crista alveolar ou levemente apical a ela. Nestes casos, o encaminhamento para terapia endodôntica e posterior tração ortodôntica produz bons resultados.

Fraturas complicadas de coroa e raiz:

nesse caso, reúnem-se os procedimentos endodônticos, indicados nos casos de fratura complicada de coroa, e de estabilização (para fratura radicular). Recomenda-se o acompanhamento clínico e radiográfico, para verificação do nível de deslocamento do fragmento coronário (cervical, médio ou apical), bem como da necessidade de encaminhamento para terapia endodôntica.

Fratura radicular:

nos dentes permanentes, a redução dos fragmentos coronários deslocados e a contenção rígida com resina composta constituem o princípio do tratamento. Nos casos de linhas de fratura próximas à região gengival, poderá ser indicada a remoção do fragmento coronário com posterior tratamento endodôntico e protético. Para os casos de fraturas do terço médio ao apical, institui-se o tratamento imediatamente após o traumatismo para uma maior facilidade no reposicionamento do fragmento. Quando houver dificuldade na realização do reposicionamento, existe uma grande chance do trauma ter gerado também uma fratura da tábua óssea vestibular, o que indica a necessidade de redução da fratura óssea antes do reposicionamento dental. A contenção rígida permanecerá por um período de 2 a 3 meses, para assegurar a consolidação do tecido duro. Os dentes com rizogênese incompleta que apresentarem fraturas radiculares incompletas não necessitarão de contenção, entretanto, poderão ser incluídos na contenção em casos de traumatismos múltiplos. Indica-se acompanhamento radiográfico periódico.

Nos casos de dor moderada ou intensa pode-se optar pela utilização dos analgésicos não-opioides, ou pela associação destes a analgésicos opioides. Veja as diferentes opções para prescrição dos medicamentos sugeridos acessando o Anexo A.

1.2 Lesões aos tecidos periodontais

Concussão e subluxação: é realizado alívio da oclusão nos dentes traumatizados ou contenção, além da indicação de dieta pastosa e proservação do caso.

Extrusão e luxação extrusiva e lateral: em caso de necessidade de reposicionamento, deve-se proceder à anestesia local, ao reposicionamento do dente até a posição normal e a contenção rígida. O paciente deverá permanecer com a contenção rígida por 2 a 3 semanas em casos de extrusão e por 3 semanas em casos de luxação lateral, salvo quando ocorrer fratura do osso marginal, caso para o qual o período de contenção passa a ser de 6 a 8 semanas. O acompanhamento radiográfico deverá ser periódico por no mínimo 1 ano.

Luxação intrusiva: nos casos de rizogênese incompleta, realizar acompanhamento até a reerupção dentária, com radiografias periódicas e encaminhamento para tração ortodôntica nos casos de rizogênese completa. Por apresentar risco de reabsorção da superfície radicular, há necessidade de 5 anos de acompanhamento.

Avulsão: nestes casos, se houver uma pessoa que tenha conhecimento para proceder à primeira intervenção no indivíduo que sofreu a avulsão, ela deverá tentar reposicionar o dente afetado dentro do alvéolo, desde que não haja risco de o paciente aspirá-lo ou engoli-lo. Nos casos de impossibilidade de reposicionamento no alvéolo, o dente pode ser mantido em leite ou soro fisiológico, podendo ser reimplantado até 6 horas após o trauma. Caso o dente tenha caído fora da cavidade bucal, deve-se apenas lavá-lo com soro fisiológico. Não se deve limpar a superfície dentária com gaze ou qualquer instrumental cortante. Logo que possível, o paciente deverá ser encaminhado ao cirurgião-dentista para estabilização do dente e tratamento endodôntico (curativo com hidróxido de cálcio).

Nos casos de avulsão dentária deve ser considerada a imunização contra o tétano, principalmente quando do
reimplante dental. A terapia antimicrobiana também esta indicada.

Veja as diferentes opções para prescrição dos medicamentos sugeridos acessando o Anexo A e Anexo B.

A profilaxia do tétano pode ser vista acessando o Anexo C.