Avaliação Diagnóstica
1. Violência contra crianças
A violência contra crianças é um problema muito grave e que pode ser detectado pelo cirurgião-dentista durante uma avaliação diagnóstica, ao atender um evento agudo de trauma dental. Muitas vezes, a anamnese e o exame clínico podem indicar que o caso não foi decorrente de um acidente, mas sim de um ato deliberado de agressão contra a criança. Dessa forma, os profissionais de saúde não devem excluir esta possibilidade, investigando mais profundamente a situação e, se for o caso, realizando os encaminhamentos pertinentes.
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Vale lembrar que estamos tratando aqui do caso de violência contra crianças, mas que as indicações que você verá a seguir se aplicam também à parte da população idosa, principalmente aquela mais fragilizada. Assim como no caso de crianças, os idosos dependentes podem não apresentar condições para verbalizarem os atos de agressão sofridos, e caberá aos profissionais de saúde perceber o problema e tomar as atitudes necessárias. |
A complexidade da situação requer uma abordagem interdisciplinar, com envolvimento não apenas do sujeito agredido, mas também do agressor. Neste contexto, a agressão física pode ser a oportunidade de identificação deste.
Conforme mostra o quadro a seguir, são sete os indicadores clássicos para o diagnóstico:
Dentre os tipos de lesões frequentes estão as contusões. Elas geralmente acometem nádegas e parte inferior das costas, genitais e parte interna das coxas, face, lóbulo da orelha, lábio e freio labial superior e pescoço. Abrasões e lacerações também podem ser observadas em locais como palato, assoalho de boca e vestíbulo, geralmente causadas por utensílios domésticos. Além disso, podem também ser vistas na região facial e comumente são causadas por anéis ou pelas unhas do agressor. Raramente esse tipo de lesão está restrito à região orofacial. Queimaduras, marcas de mordida, traumatismos dentais, lesões nos olhos e fraturas ósseas também são observados.
As lesões resultantes de agressões na região orofacial podem ser identificadas pelo cirurgião-dentista, por ser este, muitas vezes, o primeiro profissional a abordar a criança agredida. O papel do cirurgião-dentista, efetivamente, é o de reconhecer a possibilidade de agressão, fornecer a assistência odontológica adequada, e informar as autoridades responsáveis, seguindo os protocolos municipais, quando já instituídos.
Todos os membros da Equipe de Saúde da Família (ESF) devem ser informados e o caso deve ser discutido em conjunto, de forma multiprofissional. A abordagem interdisciplinar, juntamente com o apoio dos profissionais da assistência social e da psicologia, se faz necessária. Assim, todos são responsáveis pela garantia da integridade da criança e do cuidado familiar, incluindo pais e responsáveis.