Vamos conhecer outras condições que influenciam na DRC. Clique nas abas abaixo e confira
Baixo peso ao nascer
Crianças com baixo peso ao nascer são mais propensas a desenvolver DRC ao longo da vida. A hipótese para esta observação, baseada em pesquisas em animais e observações clínicas, é que estas crianças apresentam desenvolvimento renal inadequado expresso pela diminuição do número de néfrons (unidades funcionais renais) presentes e consequente hipertrofia glomerular compensatória; a hipertensão intraglomerular decorrente determina esclerose glomerular (espécie de cicatriz no glomérulo, componente do néfron onde o sangue é filtrado) e diminuição progressiva da TFG, observadas com o passar dos anos (HOY et al., 2005). Clique aqui e veja esquema explicativo de como pessoas que nasceram com baixo peso podem desenvolver DRC.
Redução da massa renal
Indivíduos que nascem com um só rim ou que perdem um rim ou partes dos dois rins por doença, trauma ou outra condição clínica são mais predispostos a desenvolver DRC. O mecanismo da lesão renal nestas circunstâncias é semelhante ao descrito na seção anterior, ou seja, hipertrofia glomerular, hipertensão intraglomerular, esclerose glomerular e diminuição progressiva da TFG (HOY et al., 2005).
Nefrolitíase
Os cálculos renais podem causar OTU que, se não corrigida, pode determinar perda permanente da TFG. Um tipo específico de cálculo renal que merece atenção especial é cálculo coraliforme. É um tipo de cálculo formado por cristais (espécie de “areia”) de fosfato amônio-magnésio em pacientes com ITU por enterobactérias (bactérias que habitam o nosso intestino) que produzem uma enzima denominada urease. Nesta situação, a urina torna-se alcalina (lembrar que a urina é normalmente ácida), o que facilita a precipitação dos cristais mencionados. Os cálculos coraliforme se formam na pelve renal e não causam sintomas a não ser quando o paciente (mais frequentemente as mulheres) desenvolve ITU ou OTU. Contudo, se presentes em ambos os rins, os cálculos coraliformes podem causar DRC em menos de uma década de sua formação (MIRA; ANDREW, 2013).
Doenças autoimunes
A DRC deve ser pesquisada em todos os pacientes com doenças autoimunes que comprometem o funcionamento renal. O lúpus eritematoso sistêmico é o exemplo mais representativo de doença autoimune que acomete os rins. É uma doença que acomete principalmente mulheres jovens e, nas formas graves, pode se acompanhar de diminuição progressiva da TFG, a ponto de levar a paciente a necessitar de tratamento dialítico ou transplante renal. A outra doença autoimune frequente que pode causar DRC é o diabetes mellitus tipo 1, já discutido anteriormente.
Câncer
Diferentemente do observado há alguns anos, cada vez mais o nefrologista se depara com casos de DRC em pacientes com câncer. A explicação para essa observação deve-se à manutenção da alta incidência de alguns cânceres, ao uso de medicações mais eficazes (quimioterapia, os biológicos, o tratamento com células-tronco) com aumento da sobrevida dos pacientes, alguns dos quais desenvolverão a DRC como consequência da neoplasia de origem ou pela toxicidade da medicação utilizada (PERAZELLA, 2012; YEE, 2014).
O câncer e seus tratamentos
Os rins podem ser direta ou indiretamente lesados pela neoplasia ou por um ou mais dos medicamentos utilizados conjuntamente para tratar o câncer. Entre as neoplasias que podem causar DRC, seja por lesão estrutural renal ou diminuição na TFG, destacam-se as leucemias e linfomas, o mieloma múltiplo e alguns carcinomas. Como mencionado, alguns dos tratamentos utilizados no tratamento do câncer podem causar perda definitiva da função renal. A cisplatina é uma medicação reconhecidamente nefrotóxica e pode causar DRC. Assim, em pacientes com câncer é importante identificar aqueles que apresentam chances de desenvolver DRC, para que medidas preventivas possam ser instituídas precocemente, objetivando preservar o funcionamento renal.