A efetivação do PTS implica a compreensão de vários conceitos e ideologias, mas além desses aspectos necessita que o indivíduo desenvolva competências com vistas às modificações nos processos de trabalho e, principalmente, interação com os outros profissionais e usuários, por fim, que o profissional encontre motivações para o desenvolvimento de seu processo de trabalho em equipe.
Cabe aqui apontar que a competência, segundo Fleury (2001), não se limita a um estoque de conhecimentos teóricos e empíricos detido pelo indivíduo, nem se encontra encapsulada na tarefa. A competência do indivíduo não é um estado, não se reduz a um conhecimento ou know how específico.
Entre as principais motivações na atuação profissional estão: o reconhecimento, a aceitação pelo grupo, a autorrealização em sua atividade.
Deve-se ter cuidado com a ansiedade que essas motivações podem causar no processo de trabalho. Especialmente no caso dos profissionais recém-chegados ao grupo.
Assim que for incluído em um grupo, o indivíduo deve ter zelo e paciência, sem desmotivar-se, pois o reconhecimento e a coesão ao grupo serão construídos pouco a pouco. E é essa conexão crescente, desde que exercitada, que facilitará o processo de trabalho e a melhora da assistência em saúde.
Associada à motivação está a percepção, que é individual e não necessariamente corresponde à realidade, mas à interpretação que cada um faz dessa realidade. Para que a percepção distorcida não prejudique o desempenho no grupo é preciso valer-se de outra ferramenta, o feedback, na retroalimentação ou retroinformação. O exercício contínuo de repensar suas atitudes associado à comunicação entre os envolvidos sobre os processos vividos, de modo estruturado e oportuno, facilita a modificação do comportamento e a atuação no grupo (MOSCOVICI, 1997).
Segundo a autora acima mencionada, a estrutura do processo de feedback útil deve envolver o seguinte:
Ao emitir feedback você deve expor suas próprias opiniões sobre como o comportamento do outro lhe afeta ou interfere em seu processo de trabalho, evitando falar por outros. Ao receber um feedback você precisa reconhecer como os seus comportamentos afetam seus colegas e as atividades deles.
A comunicação no processo de feedback deve ser: clara, objetiva, específica. Evite generalizações e julgamentos, exemplifique de forma convincente, utilize tom de voz não impositivo, autoritário ou agressivo e evite descrever intenções imaginadas ou interpretar o comportamento observado. Prepare-se para justificar suas exposições e a possível não aceitação delas (CHIAVENATO, 2011).
Quando receber feedback, ouça com atenção, reconheça as necessidades de mudança em seu comportamento, evite contestar e justificar suas atitudes descritas, pergunte caso não compreenda algum apontamento e exponha como compreendeu o feedback para verificar e ajustar as interpretações corretamente. Identifique no feedback uma oportunidade de aprimoramento pessoal e do grupo, e principalmente busque alternativas de mudanças possíveis (CHIAVENATO, 2011).
O feedback, portanto, sustenta um exercício de reflexão em torno do autoconhecimento, e por consequência pode vir a aprimorar habilidades comunicacionais, sobre as quais se apoia o sucesso de um PTS.
Leitura complementar:
Para melhorar a relação interprofissional, é interessante conhecer outras experiências ou modelos de atuação. Para isso, conheça estes materiais nos quais você pode encontrar conteúdo para refletir sobre a aplicabilidade deles em sua realidade profissional, respeitando suas competências e especificidades profissionais:
Clique aqui e leia mais sobre A interdisciplinaridade e o trabalho em equipe no Programa de Saúde da Família.
Clique aqui e confira o material sobre Práticas complementares, racionalidades médicas e promoção da saúde.
Miranda, Coelho e Moré