Caso clínico 2
Sr. Joaquim: O pigarro não me larga

Figura 3 - Utilizar adoecimento em vez de enfermidade

Fonte: adaptado de STEWART, 2012.

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Entende-se que uma abordagem centrada na pessoa é um modelo de relação que, para fins didáticos, pode ser explicada em seis componentes (Figura 3):
  1. Compreender simultaneamente a doença e o adoecimento – a perspectiva da doença é ligada ao conhecimento e à técnica no campo da medicina, e a perspectiva do adoecimento, à experiência do indivíduo com a doença, em particular, as ideias, expectativas e os sentimentos envolvidos com o adoecimento e o quanto isso impacta as suas funções cotidianas.
  2. Compreender a pessoa como um todo – entender que o indivíduo é parte de um determinado contexto, que inclui suas relações mais próximas, em seu núcleo familiar, até aspectos mais distantes, em certo sentido, como a economia e o meio ambiente. Envolve também estar ligado a um conjunto de normas e valores socioculturais, religiosos e legais.
  3. Encontrar um terreno comum – esse é o elemento central desse modelo de relação, pois, ao contrário dos outros, que podem ser unilaterais, tem um caráter fundamentalmente dialógico. É sempre importante encontrar um entendimento mútuo no que tange à natureza ou à causa do problema, a definição de quais são os problemas e quais deles são prioritários, a definição de objetivos, as metas que se pretende alcançar e o papel de cada um nesse processo.
  4. Incorporar prevenção e promoção – considerar o que é viável, adequado ao contexto do indivíduo e com fundamentação científica robusta, a fim de evitar a medicalização e a promoção da doença em função de exames desnecessários.
  5. Incrementar a relação médico-paciente – deve-se levar em conta elementos que são atributos dos serviços de atenção primária, como a longitudinalidade e o acesso, o compromisso inerente à ética profissional e o modelo de relação baseado nesses preceitos.

Ser realista – levar em consideração que existem sempre limites de recursos, limites de tempo, limites biológicos e mesmo limite no campo das relações; uma obstinação para além desses limites, em qualquer desses campos, normalmente traz mais dano do que benefício.