O sistema pulmonar é composto pelos pulmões, vias aéreas condutoras e vasos sanguíneos associados, e tem como função a troca de gases, ou seja, liberar o oxigênio para as células e remover o dióxido de carbono a partir das células. Ele também funciona como um reservatório de sangue para o ventrículo esquerdo quando é necessário reforçar o débito cardíaco, como um protetor para a circulação sistêmica ao filtrar resíduos e partículas, como um regulador de líquidos ao manter a água afastada dos alvéolos e como um fornecedor das funções metabólicas quando produz surfactantes (NETTINA, 2001; CORPORATION, 2003).
É importante lembrar também que a ventilação e a perfusão devem estar equiparadas ao máximo, produzindo uma relação V/Q de 4:5 ou de 0,8 (CORPORATION, 2003). Para compreender o mecanismo das doenças respiratórias, é essencial que você conheça a mecânica respiratória.
Para relembrar, sugerimos que você faça, neste instante, uma revisão da anatomia e da fisiologia do sistema respiratório, aproveitando para aprofundar seu aprendizado sobre o assunto.
As doenças ou traumatismos podem interferir na função vital deste sistema ao afetar qualquer uma das seguintes estruturas: vias aéreas condutoras, pulmões, mecanismo de respiração e controle neuroquímico da ventilação.
Doenças respiratórias, quando não tratadas adequadamente, provocam a insuficiência respiratória, classificada como aguda, crônica ou aguda e crônica combinadas. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um distúrbio pulmonar de longo prazo, cuja característica é a resistência ao fluxo de ar. Estes distúrbios incluem asma, bronquite crônica e enfisema. Os fatores predisponentes para a DPOC são: infecções respiratórias recorrentes ou crônicas, alergias e fatores hereditários (CORPORATION, 2003).
O tabagismo é o fator mais importante de predisposição à DPOC, pois ele diminui a capacidade da ação ciliar e da função macrofágica que causam a inflamação da via aérea, aumento da produção de muco, destruição alveolar e fibrose peribronquiolar.
Os sinais e os sintomas variam desde sibilos e dispneia até insuficiência respiratória potencialmente fatal. As manifestações clínicas incluem respiração ofegante breve, tosse e dispneia de esforço; dispneia ofegante breve (dura menos de uma hora), intermitente, tosse ou dispneia uma ou duas vezes por semana. Na vigência de angústia respiratória acentuada, respiração ofegante acentuada ou ausência de sons de respiração, pulso paradoxal maior que 10 mmhg e contrações da parede torácica, temos instalada uma crise asmática grave (AMBROSE et al., 2005).
O tratamento preventivo da asma é considerado a melhor terapia. Por isso, busque identificar na comunidade: a prevalência e incidência dos casos de doenças respiratórias; as condições de moradia, principalmente em relação à umidade, ao número de ocupantes em um mesmo quarto, cômodo ou casa; exposição à inalação de substâncias tóxicas (fumaça industrial, fumaça de fogão a lenha, monóxido de carbono proveniente de automóveis, cigarros e outros fumos, agrotóxicos, minas de carvão, dentre outros).
Nem todos os problemas poderão ser resolvidos ou orientados exclusivamente pelos profissionais da Atenção Básica, mas a equipe de saúde pode buscar alternativas em conjunto com a comunidade e outros setores, como, por exemplo: a regularização das empresas e indústrias poluentes junto a órgãos ambientais; Equipamento de Proteção Individual (EPI) a ser fornecido, com orientação sobre sua utilização, aos trabalhadores que lidam com substâncias tóxicas, por intermédio da vigilância sanitária de sua cidade e sindicatos de trabalhadores; orientações de segurança aos trabalhadores rurais por intermédio das cooperativas e fabricantes dos produtos utilizados, dentre outras estratégias.
Ainda pode ser necessária a oxigenioterapia para corrigir a hipoxemia, diminuir a dispneia e a cianose. Os exercícios de relaxamento, como a yoga, auxiliam a recuperação de uma crise de asma (CORPORATION, 2003).
Na Prática
De que forma você pode evitar as crises de asma? Quais as ações de enfermagem possíveis? Converse com o profissional da Educação Física, membro da equipe do NASF, sobre as práticas desportivas que podem contribuir para a saúde da comunidade. Com o fisioterapeuta, sobre quais as orientações para tratamento e reabilitação pulmonar de indivíduos portadores de DPOC, como manobras de higiene brônquica, reeducação respiratória, principalmente durante as crises.
Esses profissionais poderão instrumentalizar os profissionais da Equipe de Saúde a ampliar suas ações junto a essa população. O apoio de profissionais da psicologia também pode ampliar a atenção à saúde, permitindo o acolhimento das repercussões emocionais, que por vezes desencadeiam crises de espasmos na musculatura respiratória.
Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda