Atenção Integral à Saúde do Adulto

Atenção integral aos usuários com doenças crônicas não transmissíveis

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Considerações e conceitos sobre diabetes mellitus

O diabetes mellitus (DM) faz parte de um grupo denominado doenças metabólicas, cujo nível elevado e sustentado de glicose sérica é decorrente de defeitos na secreção e/ou ação da insulina.

Geralmente, as pessoas com diabetes tipo 1 relatam sintomas com progressão rápida, enquanto naquelas com diabetes do tipo 2 (hereditária, diabetes gestacional, bebês macrossômicos, dentre outros) os sintomas são sutis e muitas vezes passam despercebidos pelo indivíduo portador e familiares (CORPORATION, 2003).

O diabetes mellitus tipo 2 (DM-2) vem sendo considerado como uma das grandes epidemias mundiais do século XXI. O envelhecimento da população e as novas abordagens terapêuticas em relação a essa doença contribuem para o avanço da epidemia. Há que se destacar que o estilo de vida atual, caracterizado por sedentarismo e hábitos alimentares inadequados, além de exposição frequente a situações estressantes, como jornadas triplas de trabalho, transporte público inadequado, baixa remuneração, condições insalubres de vida, poucas horas para o lazer, dentre outros, predispõem ao acúmulo de gordura corporal e constituem-se em elementos essenciais para a incidência e prevalência da doença.

No entanto, cerca de 50% das pessoas com DM tipo 2 não sabem que são portadoras e algumas vezes o diagnóstico só é realizado quando aparecem as complicações. Os testes de rastreamento desta doença são indicados para pessoas sem sintomas ou outros de seus sinais e seguem os fatores indicativos de maior "risco", tais como: idade maior que 45 anos, sobrepeso (IMC maior que 25), obesidade central (cintura abdominal maior que 102 cm para os homens e maior que 88 cm para as mulheres, lembrando que esta medida é obtida na altura das cristas ilíacas), antecedente familiar de DM (pai ou mãe), colesterol HDL de 35 mg/dL e/ou triglicerídeos de 150 mg/dL, história de macrossomia ou diabetes gestacional, diagnóstico prévio de Síndrome de Ovários Policísticos, doença cardiovascular, cerebrovascular ou vascular periférica definida.

É necessário ressaltar aqui que esta caracterização de risco ainda não está padronizada. A tendência é usar um escore de fatores de risco, semelhante aos do risco cardiovascular. Mas os fatores de risco aqui elencados constituem um guia para a ação clínica. Isso não exclui a necessidade de interação com outros profissionais, usuários e ou outros setores da sociedade para buscarem alternativas de prevenção, tratamento e reabilitação desta doença e suas sequelas, presentes em casos mais avançados.

As complicações do DM podem ser classificadas em agudas e crônicas. As agudas são a Cetoacidose Metabólica (CAD) e a Síndrome Não Cetótica Hiperglicêmica Hiperosmolar (SNHH) e constituem-se em situações de risco de vida, exigindo intervenção imediata. Já as complicações crônicas atingem o sistema cardiocirculatório, causando doença vascular periférica, doença ocular (retinopatia), doença renal (insuficiência renal crônica), doença de pele (dermopatia diabética) e neuropatia periférica e autônoma (CORPORATION, 2003).

O DM é uma das prioridades no âmbito da Atenção Básica em função de suas graves consequências à saúde da população acometida por esta doença. Logo, a identificação de pessoas com alto risco para DM e de casos não diagnosticados devem direcionar as ações neste nível de atenção a fim de que o tratamento e o controle intensivo sejam prontamente oferecidos, visando a prevenir as complicações agudas e crônicas decorrentes desta patologia.

Na evolução do DM, o uso da insulina para o controle glicêmico depende do tipo de diabetes e da sua progressão clínica. Por outro lado, antes do DM ser diagnosticado, alterações na curva glicêmica podem ser observadas.

Faça uma pesquisa sobre os estágios do DM e estabeleça um plano de intervenções que possa atender aquelas pessoas com índices glicêmicos elevados que ainda não possuem critérios clínicos para o diagnóstico médico de DM, ou que previna complicações, nos casos em que a doença já esteja instalada. Identifique em sua realidade qual a prevalência de usuários em cada estágio e utilize esses resultados para, juntamente com sua equipe, definir estratégias de ações educativas e preventivas que possibilitem uma maior aproximação com usuários que necessitam de acompanhamento.

Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda

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