Atenção Integral à Saúde do Adulto

Obesidade e transtornos alimentares

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Anorexia e Bulimia nervosa

Como você deve estar acompanhando, o aumento do interesse e da importância epidemiológica dos transtornos alimentares levou a uma rápida evolução na discussão dos seus critérios de diagnósticos nas últimas décadas. Os transtornos alimentares são doenças que afetam particularmente adolescentes e adultos jovens do sexo feminino, levando a marcantes prejuízos psicológicos, sociais e aumento de morbidade e mortalidade (CORDÁS, 2004).

Dos principais transtornos do comportamento alimentar, a anorexia nervosa (AN) foi a primeira a ser descrita ainda no século XIX e a ser adequadamente classificada e ter critérios operacionais reconhecidos já na década de 1970. A bulimia nervosa (BN) foi descrita por Gerald Russell em 1979. Quadros assemelhados, mas que não apresentavam sintomas completos, nem para o diagnóstico de NA, nem para BN, constituíram um terceiro grupo heterogêneo e foram classificados como Transtornos Alimentares Atípicos, nos anos 1980.

A anorexia nervosa caracteriza-se por perda de peso, intensa e intencional, à custa de dietas extremamente rígidas com uma busca desenfreada pela magreza, com uma distorção importante da imagem corporal e de alterações do ciclo menstrual.

O termo anorexia não é o mais adequado do ponto de vista psicopatológico, pois, neste quadro, não ocorre uma perda real do apetite, ao menos nos estágios iniciais da doença. A negação do apetite e o controle obsessivo do corpo tornam o termo alemão Pubertaetsmagersucht, isso é, "busca da magreza por adolescentes", bem mais adequado (CORDÁS, 2004). A seguir, apresentamos um quadro que mostra os critérios diagnósticos para a anorexia nervosa segundo o DSM-IV e a CID-10:

Quadro 2: Critérios diagnósticos para a anorexia nervosa segundo o DSM-IV e a CID-10.
Fonte: DSM – IV (200?a); ICD – 10 (2010)

Quando o início do quadro de anorexia começa no período pré-puberal, a sequência de eventos da puberdade pode apresentar-se de modo mais lenta, podendo inclusive cessar: o crescimento é interrompido; nas garotas, as mamas não se desenvolvem, e há amenorreia primária; nos garotos, os genitais permanecem juvenis. Com a recuperação, o desenvolvimento da puberdade, com frequência, é normalmente retomado, porém a menarca pode acontecer tardiamente. Os seguintes aspectos corroboram o diagnóstico, mas não são elementos essenciais: vômitos autoinduzidos, purgação autoinduzida, exercícios excessivos e uso de anorexígenos e/ou diuréticos.

Bulimia nervosa

A bulimia nervosa caracteriza-se por grande ingestão de alimentos com sensação de perda de controle, os chamados episódios bulímicos. A preocupação excessiva com o peso e a imagem corporal leva a pessoa a utilizar métodos compensatórios inadequados para o controle de peso, como vômitos autoinduzidos, uso de medicamentos (diuréticos, inibidores de apetite, laxantes), dietas severas e exercícios físicos intensos.

O termo bulimia nervosa foi batizado por Russell (1979) e vem da união dos termos gregos boul (boi) ou bou (grande quantidade) com lemos (fome), ou seja, uma fome muito intensa ou suficiente para devorar um boi (CORDÁS, 2004). Veja no quadro a seguir mais características.

Quadro 3: Critérios diagnósticos para bulimia nervosa segundo o DSM-IV e a CID-10. DSM-IV CID-10
Fonte: DSM – IV (200?b); ICD – 10 (2010)

Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda

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