Atenção Integral à Saúde do Adulto

Obesidade e transtornos alimentares

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Considerações gerais e panorama atual sobre a obesidade

A obesidade resulta do acúmulo excessivo de gordura que excede aos padrões estruturais e físicos do corpo. É reconhecida hoje como importante problema de saúde pública. É uma doença crônica, progressiva, fatal, geneticamente relacionada e caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura e desenvolvimento de outras doenças (comorbidades). Os dados atuais são preocupantes: o número de obesos no Brasil e no mundo tem aumentado com muita rapidez (GARRIDO, 2008).

Considerações gerais e panorama atual sobre a obesidade

De um modo simplificado, podemos definir a obesidade como um acúmulo excessivo de gordura corporal, consequente de múltiplos fatores de ordem individual, a exemplo da susceptibilidade biológica ou ambiental, como padrões dietéticos e sedentarismo, combinados ao estresse cotidiano do indivíduo. Possui dimensões sociais, biológicas e psicossociais, abrangendo a população como um todo, não se restringindo a grupos determinados por faixa etária ou ordem socioeconômica (BRASIL, 2006).

É importante lembrar que a abordagem preventiva e terapêutica da obesidade passa por múltiplas intervenções: na família, passando pela escola, unidade de saúde e pela ação de múltiplos profissionais. Como as intervenções em hábitos alimentares e de atividade física envolvem mudanças de comportamento, apenas a informação não é o suficiente; é preciso estimular mudanças de atitudes e proporcionar condições – sociais e materiais – para que essas mudanças no estilo de vida possam ocorrer (NAHAS, 2006).

A obesidade está integrada ao grupo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (DANT), e talvez por isso, na sociedade em geral e mesmo no meio profissional da saúde, o entendimento de que ela seja uma doença, que consequentemente exige diagnóstico e tratamento, seja prejudicado, dificultando sua identificação, tratamento, acompanhamento e apoio à população.

A percepção social de saúde-doença interfere intimamente na busca ou não por atenção à saúde.

É comum que a população, por diferentes e variados motivos, adie o contato com a equipe de saúde para o tratamento da obesidade e o faça somente quando a situação lhe pareça insuportável. Um fator importante que interfere na percepção acerca da obesidade é a relação existente entre a dor e a incapacidade que acompanham a doença, uma vez que o acúmulo de peso possui um desenvolvimento longo e silencioso, período assintomático prolongado, curso clínico em geral lento, estendido e permanente e com manifestações clínicas oscilantes. Em muitos casos, não há dor física, porém há sofrimento e dor psicossocial.

O mundo contemporâneo trouxe para o cotidiano das pessoas, junto com sua evolução tecnológica, uma série de alterações nos modos de vida, começando pela alimentação, que antes se baseava em alimentos frescos, em uma dieta vegetariana, rica em fibras, e hoje mostra-se farta de alimentos processados, embutidos, de origem animal, com aumento do consumo de calorias e gorduras, açúcar e sal refinados, o que favorece o consumo de energia e o aumento da adiposidade (SALVE, 2006; FRANCISCHI et al., 2000).

A OMS destaca que a patologia da obesidade é um problema de abrangência mundial, não só pelo fato de atingir um enorme contingente de pessoas, mas também por predispor o organismo desses indivíduos a uma série variada de doenças não transmissíveis, especialmente as cardiovasculares e o diabetes, com prejuízo significativo nos níveis de qualidade de vida e pelo risco aumentado de morte prematura.

Tais riscos tendem a aumentar à medida que o peso se eleva (SALVE, 2006). Estudos neste sentido revelam que pessoas obesas têm 2,9 vezes mais chances de desenvolverem diabetes e hipertensão, se comparadas a indivíduos com peso adequado, e alguns autores consideram que pessoas obesas mostram 1,5 vezes mais predisposição para apresentar níveis sanguíneos de triglicerídeos e colesterol aumentados (BRASIL, 2006).

Importantes problemas a serem considerados quando estamos diante de pessoas obesas são as possíveis fragilidades psicológicas e emocionais que esses indivíduos podem apresentar, além do risco aumentado para problemas psiquiátricos, em virtude de discriminações no meio social, de baixa autoestima, tristeza, isolamento social, ansiedade, sentimentos de culpa, desamor, entre outros.

Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda

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