Odontologia de mínima intervenção, tratamento restaurador e atraumático e arcada dental reduzida
Odontologia de Mínima Intervenção
A Odontologia de Mínima Intervenção é aqui apresentada como um referencial contemporâneo, baseado em evidências científicas, para a abordagem dos problemas bucais de idosos dentados. Este conceito pode ser aplicado como fundamento para a assistência clínica odontológica a idosos na atenção básica de saúde no SUS, preconizando o controle das doenças bucais pelo dentista, compartilhando responsabilidades com a equipe de saúde, familiares ou cuidadores. Nesse caso, a abordagem se inicia pela definição do risco de adoecimento bucal apresentado pelo idoso, com enfoque na prevenção e na detecção precoce das doenças bucais. Especialmente em relação à cárie dentária, é dada ênfase à possibilidade de remineralização, sendo que restaurações e intervenções cirúrgicas são realizadas quando o dentista, juntamente com o idoso ou o cuidador, acharem conveniente e necessário e, principalmente, após a doença ter sido controlada.
Chalmers (2006) propôs um Protocolo para Odontologia de Mínima Intervenção em Idosos segundo classificação de risco. Confira no quadro a seguir.
Quadro 17: Intervenção em Idosos segundo classificação de risco.
Fonte: Chalmers, 2006.
Arcada Dental Reduzida
Como não se pode predizer a quantidade ideal de dentes necessária para uma boa função oral, é fundamental preservar tantas unidades oclusais quantas forem possíveis para que o idoso tenha satisfeitas suas demandas funcionais. A manutenção de dentes naturais, saudáveis, em plena função por toda a vida - promovendo benefícios biológicos e sociais, como estética, conforto e habilidade para mastigar, degustar e falar - é considerado sinal de um envelhecimento com qualidade de vida.
A completa reabilitação das arcadas dentárias muitas vezes torna-se impossível devido às condições físicas e mentais da pessoa idosa ou por razões financeiras. Torna-se necessária uma abordagem diferenciada para que se evitem mudanças drásticas na condição bucal, mantendo um adequado nível de função oral com uma quantidade suficiente de dentes.
Tradicionalmente, os idosos têm recebido tratamentos (e sobretratamentos) que os levam ao uso de próteses, muitas vezes, em detrimento da dentição natural, por desgastes excessivos na realização de preparo cavitário e extrações dentárias. Com o aumento do número de indivíduos mantendo seus dentes naturais, a filosofia de tratamento e as técnicas restauradoras/protéticas devem sofrer modificações, e as técnicas conservadoras devem ser divulgadas e implementadas. O conhecimento e o aprofundamento das questões referentes à aplicação dos conceitos da Arcada Dental Reduzida devem ser estimulados para que os dentistas dominem e, consequentemente, ofereçam mais esta alternativa de tratamento à população geral.
Martini, Mello, Xavier, Botelho, Massignam