
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica e causada pelo Treponema pallidum, que pode produzir, as formas adquirida e congênita da doença. Veja abaixo informações relevantes sobre a sífilis clicando nas abas.
Classificação
Rastreamento
Sífilis Congênita
Diagnóstico Clínico
Diagnóstico Laboratorial
Tratamento
Controle de cura
Classificação
Rastreamento na gestação
Há necessidade de realizar testes sistematicamente com as pacientes no mínimo duas vezes na gestação (no início do pré-natal e próximo à 30ª semana) e no momento da internação hospitalar, seja para parto ou curetagem uterina pós-abortamento, segundo a Portaria MS/GM nº 766/2004. A realização do VDRL no início do terceiro trimestre permite que o tratamento materno seja instituído e finalizado até 30 dias antes do parto, intervalo mínimo necessário para que o recém-nascido seja considerado tratado intra útero. Quando o teste é feito durante a internação para o parto, além de interromper a evolução da infecção e suas sequelas irreversíveis, ele possibilita o tratamento precoce da criança.
Sífilis Congênita
A Sífilis Congênita pode-se classificar em 2 formas clínicas:
A sífilis congênita precoce surge até o 2º ano de vida e deve ser diagnosticada por meio de uma avaliação epidemiológica criteriosa da situação materna e de avaliações clínica, laboratorial e de estudos de imagem na criança. Além da prematuridade e do baixo peso ao nascimento, as principais características desta síndrome são excluídas por outras causas: hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, lesões cutâneas, periostite ou osteíte ou osteocondrite, pseudoparalisia dos membros, sofrimento respiratório com ou sem pneumonia, rinite serosanguinolenta, icterícia, anemia e linfadenopatia generalizada (principalmente epitroclear).
A sífilis congênita tardia surge após o 2º ano de vida. O diagnóstico deve ser estabelecido por meio da associação de critérios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais. Além disso, deve-se estar atento na investigação para a possibilidade de que a criança tenha sido exposta ao T. pallidum por meio de exposição sexual. As principais características desta síndrome incluem: tíbia em “lâmina de sabre”, articulações de Clutton, fronte “olímpica”, nariz “em sela”, dentes incisivos medianos superiores deformados (dentes de Hutchinson), molares em “amora”, rágades periorais, mandíbula curta, arco palatino elevado, ceratite intersticial, surdez neurológica e dificuldade no aprendizado.
Diagnóstico Clínico
Na fase primária, é dado pela identificação do cancro duro. Tal lesão pode estar localizada internamente na vagina e no colo uterino e não ser percebida pela mulher.
Na fase secundária, os sintomas clínicos mais comuns são erupções cutâneas eritematosas generalizadas, de característica exantemática (roséolas sifilíticas), pápulas palmo-plantares eritemato-descamativas, alopecia e placas úmidas na região vulvar e perineal (condiloma plano).
Na fase terciária, as alterações ocorrem em órgãos e aparelhos, como o sistema nervoso e cardiovascular. A lesão característica é a goma ou tubérculo sifilítico, que pode ocorrer na pele, nos ossos, no cérebro e no coração, entre outros órgãos.
Na gestação, a sífilis pode ser causa de abortamento tardio (a partir do quarto mês), natimortos, hidropsia fetal e parto prematuro. Estudos mostram fetos abortados com nove semanas de gestação que apresentavam o Treponema pallidum ao exame histopatológico, indicando que abortamentos precoces também podem ser causados por sífilis.
Diagnóstico Laboratorial
Os testes sorológicos dividem-se em dois tipos: treponêmicos e não treponêmicos.
Os testes não treponêmicos mais utilizados são o VDRL (Veneral Disease Research Laboratory) e o RPR (Rapid Plasm Reagin), sendo quantitativos (expressos em títulos: 1:2, 1:4 etc.) e importantes para o diagnóstico e o seguimento pós-terapêutico. Estes testes tendem a se tornar reativos a partir da segunda semana após o aparecimento do cancro duro (sífilis primária), que ocorre de 10 a 90 dias após o contato infectante, com média de 21 dias, e apresentam titulações progressivas, mostrando títulos mais elevados na fase secundária da doença. Os títulos passam a sofrer redução natural após o primeiro ano de evolução da doença.
Os testes treponêmicos detectam a presença de anticorpos anti-Treponema pallidum e são específicos e qualitativos, confirmando a infecção. Portanto, não distinguem se é uma doença ativa ou cicatriz sorológica. Entre eles estão o FTA-Abs, o MH-TP, o Elisa (teste imunoenzimático), o Western blotting (WB) e os testes imunocromatográficos (testes rápidos).
Tratamento
A penicilina é a droga de escolha para o tratamento da sífilis, sendo uma medicação de baixo custo, fácil acesso e ótima eficácia. O tratamento da sífilis é dependente da fase de infecção da doença, sendo preconizado conforme se mostra a seguir:
Sífilis primária: penicilina benzatina, 2,4 milhões UI, intramuscular, em dose única (1,2 milhão UI em cada glúteo);
Sífilis recente secundária e latente: penicilina benzatina, 2,4 milhões UI, intramuscular, repetida após 1 semana, sendo a dose total de 4,8 milhões UI;
Sífilis tardia (latente e terciária): penicilina benzatina, 2,4 milhões UI, intramuscular, semanal (por 3 semanas), sendo a dose total de 7,2 milhões UI. As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina devem ser encaminhadas para um centro de referência, para que se realize a dessensibilização. A penicilina é a única droga treponemicida que atravessa a barreira placentária e, portanto, trata também o feto. As gestantes com manifestações neurológicas e/ou cardiovasculares devem ser hospitalizadas e submetidas a esquemas especiais de penicilina via intravenosa.
Controle de cura
Com a instituição do tratamento correto, o teste não treponêmico tende a se negativar em 6 a 12 meses, podendo, no entanto, permanecer com títulos baixos por longos períodos de tempo ou até por toda a vida; é o que se denomina memória ou cicatriz sorológica da sífilis. O exame de VDRL que apresenta títulos baixos pode também representar uma reação falsa positiva, que pode ser uma reação cruzada com as alterações inflamatórias das doenças do colágeno. Pode ainda ser representado por sífilis muito recente, cujos títulos estão em ascensão, ou ainda doença muito antiga, tratada ou não, cujos títulos tendem a apresentar declínio naturalmente independentede tratamento.
Os testes não treponêmicos (VDRL/RPR) devem ser realizados mensalmente em gestantes;
Nos casos de sífilis primária e secundária, os títulos devem declinar em torno de 4 vezes em 3 meses e 8 vezes em 6 meses;
Se os títulos se mantiverem baixos e estáveis em 2 oportunidades, após 1 ano, pode ser dada alta.
Atenção!
A sífilis na gestação é doença de notificação compulsória desde 2005, sendo assim, é necessário identificar os casos para que possa haver ações de prevenção e controle deste agravo. Após confirmação do diagnóstico, a UBS deve preencher a ficha de notificação e remetê-la ao órgão competente de seu município.
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – 1. ed. rev. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 318 p.: il. – (Cadernos de Atenção Básica, n° 32).