Estes temas estão sendo discutidos pela sociedade brasileira de forma mais aprofundada nos últimos anos. Uma das possibilidades de acesso às formas de compreensão e das percepções de grupos populacionais sobre este tema é através das representações sociais. Este conceito, segundo Moscovici (1978), é entendido como uma forma de conhecimento que é elaborado cotidianamente pelo indivíduo e que tem, ao mesmo tempo, origem e consequência na produção de comportamentos e na comunicação entre indivíduos.

Da mesma forma, é importante mencionar que representação social é entendida por pesquisadores brasileiros como pensamentos, ações e sentimentos que expressam a realidade em que vivem as pessoas, servindo para explicar, justificar e questionar essa realidade. (Gomes, 1994. In: Minayo MCS, Deslandes SF, Neto OC, Gomes R. Pesquisa Social. Editora Vozes, 1994).

É interessante avaliar a compreensão e a representação que os diferentes segmentos da sociedade brasileira dão, por exemplo, ao uso de substâncias psicoativas. Há uma clara distinção entre as substâncias lícitas e ilícitas, fortalecendo cada vez mais a oposição entre drogas legais e ilegais.

Essas compreensões reduzem as possibilidades de realizar um debate mais racional sobre o tema das substâncias psicoativas de uma forma geral e que leve em consideração constatações reais de que um mundo sem drogas – lícitas ou ilícitas – não será possível construir.