Hoje em dia, no campo da saúde mental, e fortemente no campo da atenção aos usuários de álcool e drogas, se faz necessário superar as antigas e sempre renovadas redes de contenção, que trabalham apenas para manter os usuários sob controle, protegendo a sociedade, seus valores morais e suas formas de dominação.
O antigo circuito psiquiátrico que antes era caracterizado pelo abandono dos usuários e pelo recurso às internações em momentos em que os conflitos se tornavam insuportáveis, vem renovado com a exigência e o clamor público e da mídia pelas internações involuntárias, pelo fortalecimento do isolamento em comunidades terapêuticas como único recurso para a possível mudança dos usuários.
Ainda não se discute a necessidade de modificar as cenas que determinam e co-produzem o fenômeno do uso de drogas, ainda não se pensa que os dependentes de drogas só deixarão de sê-lo quando a vida se modificar e as drogas puderem ocupar um lugar diferente do atual. Ou seja, ainda não se pensa que o que é preciso modificar são as cenas, e não apenas os dependentes de drogas, pois a sua dependência é resultado de uma série de relações que determinam o lugar que ocupam no mundo.
