O MATRICIAMENTO COMO ESTRATÉGIA DA REDE E DO TRABALHO NO TERRITÓRIO
O convívio entre os atores e as instituições que compõem as redes nos territórios é constituído por relações de poder e de saber. A constituição de uma rede formal de serviços pode se dar numa perspectiva normativa, que define a função de cada serviço, as formas convencionais de encaminhamento e de comunicação entre unidades (referência e contra-referência, por exemplo), certa hierarquização na formulação de respostas, que vão das aparentemente mais simples às mais complexas. Essa linearidade, que se propõe a criar certa lógica e sincronia entre os serviços na constituição de um sistema de cuidado, embora seja importante, não garante a sinergia necessária para lidar com as complexidades, as necessidades, as expectativas, o tempo das respostas aguardadas pelos usuários da rede.

Atualmente já se considera que existem várias formas de conceber a complexidade, e que as intervenções nos contextos de vida que produzem o sofrimento e o empobrecimento existencial são muito significativas. Assim, nos próprios serviços da Atenção Básica, a questão da vida dos usuários dos serviços no território se apresentou como algo cuja complexidade exigiria ferramentas e intervenções inter-relacionadas.