E os serviços de saúde, como atores importantes nesse diálogo com essas pessoas, podem contribuir muito para esse processo, ajudando a modificar as cenas no território de vida existencial e concreto dos usuários, ou podem apenas reforçar os valores e ser surdos às mensagens expressas pelos mesmos. Os serviços podem fugir à armadilha da normalização e adaptação das pessoas; normalmente, essas visões disciplinadoras definem como projeto de intervenção fazer com que o usuário do serviço seja mais “normal” do que os normais, ou seja, se tornem exemplo de comportamento social.
- Essa perspectiva de trabalho nega o próprio fato de que a vida das pessoas comuns, e dos profissionais de saúde, não é tão “normal” assim, que nenhuma família é sempre harmoniosa, que os conflitos fazem parte da vida, que também não gostamos de nos submeter ao que não vemos sentido e reagimos de forma às vezes subterrânea ao que nos oprime.
- Nega também que, de certo ponto de vista, todos somos um pouco adictos, uma vez que dependemos mais ou menos de um sem número de substâncias, sem dizer de pessoas, instituições e outros. Às vezes dependemos em demasia de poucas coisas, e nem por isso somos chamados de dependentes.
- A possibilidade de produzir desvios e bifurcações na vida dos usuários dos serviços depende do nível de inserção do serviço no território, onde tanto se encontram os protagonistas da rede a ser tecida artesanalmente, como as demais personagens da cena que compõem a vida das pessoas que dependem de drogas.
Desvios e bifurcações enriquecedores que a rede pode produzir
Há alguns exemplos positivos de mudanças que se deram por meio de profundos desvios: