O usuário, como o profissional que deve cuidar dele, é um sujeito social, não se constitui ou vive completamente isolado. É o resultado da mistura de seus atributos biológicos e psíquicos, de sua história de vida e da cultura onde se desenvolveu.

Vincular o usuário é processo que tem relação direta com a capacidade que se tem de compreendê-lo.

Ele vive num determinado momento histórico, em determinado contexto existencial, se relaciona com outras pessoas e traz consigo desejos, medos, instintos, interesses...

E não somos todos assim? Todos não queremos coisas, não temos nossos interesses diversos?

Lembre-se: somos seres sociais. Determinados histórica, biológica, subjetiva e culturalmente. Vivendo em determinado momento histórico, em determinado contexto, em relação a outras pessoas, portando interesses, desejos, medos, instintos... Somos seres desejantes!!! É considerando todos estes fatores determinantes que os trabalhadores da saúde, precisam aprender a ser negociadores mais efetivos, mais competentes.

Nesse processo de aproximação e conhecimento do usuário, vai se identificando seus interesses, o que o mobiliza a agir ou não, o que é importante para ele. Quanto mais a equipe o conhece, mais está apta a construir com esse sujeito seu Projeto Terapêutico Singular (PTS). Para tanto, é fundamental estabelecer e sustentar espaços para conversar, trocar.

Sem o encontro, não há troca. É no encontro que temos a oportunidade de conhecer o outro.

É necessário ter paciência, ouvir atentamente o que ele conta, observar, ser respeitoso, ser flexível e estar atento para as mudanças interessantes e necessárias ao processo.

Da mesma forma, há duas habilidades que são muito úteis para promover vínculo: alteridade e empatia. É imprescindível considerar o outro em sua singularidade, seu comum e seu diferente, e desenvolver a capacidade de se colocar em seu lugar ao assumir a tarefa de cuidar.

A palavra alteridade, que possui o prefixo alter do latim, diz sobre a capacidade de se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consideração, valorização e identificação no diálogo com o outro. A prática da alteridade conduz da diferença à soma nas relações interpessoais entre os seres humanos revestidos de cidadania. Pela relação alteritária, é possível exercer a cidadania e estabelecer uma relação pacífica e construtiva com os diferentes, na medida em que se identifique, entenda e aprenda a aprender com o contrário.

A palavra empatia tem a sua origem na linguagem grega, empatheia, que significa tendência para sentir o que se sentiria caso se estivesse na situação e circunstâncias experimentadas, vivenciadas por outra pessoa.

Boas práticas

As propostas que são feitas aos usuários precisam ser modestas. Melhor ir devagar, se aproximar e o conhecer primeiro. Quanto mais conhecermos os limites e potências dos usuários mais teremos chances de propor ações que façam sentido e sejam viáveis, factíveis.