As equipes de saúde lidam com pessoas que usam drogas, muitas vezes ilegais. Pessoas que, não raro, estão desempregadas, com laços afetivos e sociais rompidos ou muito abalados, clinicamente doentes, mal cuidadas, com problemas com a lei... enfim....pessoas que dificilmente adentrariam à categoria dos “cidadãos bem sucedidos”.

Quanto aos trabalhadores da saúde, aparentemente (é bom que se diga!), estão no extremo oposto. Têm trabalho, família, amigos, são adequados, estão bem...

Os trabalhadores e usuários estão, aparentemente, em situação tão distinta uns dos outros, o que torna a aproximação e a vinculação difíceis.

Reflexão

Será que esses dois grupos são assim tão diferentes? Que pessoa (figure ela em qualquer dos grupos em questão) não faz (ou fez) escolhas das quais não se orgulha ou (mesmo querendo) não consegue abandonar? Quantos já fizeram “loucuras” em função de seus desejos ou impulsos?

Certamente, buscar o que aproxima ajuda a superar o que distancia. “Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens” (FREIRE, 1987, p. 45). “Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade”, (FREIRE, 1987, p. 46).

É preciso transpor o abismo, minimizar a distância.

O desafio é promover o cuidado possível para pessoa em cuidado.