Um Projeto Terapêutico Singular (PTS) bem desenvolvido é fundamental para vinculação do usuário.
Quando ele sente que está sendo ouvido em seus interesses e demandas, sendo cuidado do jeito que é e não alvo de julgamento ou “transformação”, o trabalho passa a fazer sentido para ele e, consequentemente, aumentam vigorosamente as chances dele se vincular ao serviço, aderir ao processo de cuidar.
Para que isso possa acontecer, é indispensável a participação protagonista do usuário na construção e desenvolvimento do PTS.
Para o desenvolvimento do PTS, uma recomendação importante: não centralize o cuidado na droga ou no diagnóstico.
O centro é o sujeito, sua vida, seu sofrimento, sua capacidade de superação.

Vejamos um exemplo de situação:
Uma situação de agitação (sugestiva de comportamento violento) de um usuário, no espaço de convivência do serviço. Antes de simplesmente “aplicar a sanção, prevista nas regras do serviço” consideramos importante: intervir imediatamente no sentido de interromper a cena, inclusive para evitar que os próprios usuários manejem a situação - o que, não raro, amplia o conflito; retirar o usuário para um espaço mais protegido e tranquilo (se certificando que os outros não ficarão sozinhos com os “efeitos da cena”); em local mais apropriado, buscar tranquilizar o usuário e, no tempo que for adequado para sua situação, entender o que está acontecendo; manejar seu comportamento, seja conversando sobre o ocorrido naquele momento, seja indicando que ele “vá para casa” e retorne para uma conversa o mais breve possível.
É igualmente importante problematizar imediatamente o ocorrido no espaço coletivo, cuidando-o e preparando o grupo para, assim que possível, retomar a discussão do que ocorreu, com a presença do usuário que “agitou”, para que este possa começar “refazer” sua relação com o grupo.
Reflexão
São muitas tarefas e responsabilidades.
Você já deve ter percebido que não dá para realizar tudo sozinho, não é mesmo?