Por exemplo, muitos serviços que atendem pessoas com problemas decorrentes do uso de álcool, crack e outras drogas estabelecem uma série de critérios, regras e normas na tentativa de estabelecer limites aos usuários, atrelando o acolhimento e a continuidade do cuidado ao respeito a tais regras e normas. Tais regras e normas, elaboradas pela equipe de saúde, passam a ser naturalizadas como rotina do serviço, sem maior abertura para negociação das mesmas com os usuários. Mais do que reforçar os limites externamente estabelecidos, é importante trabalhar novas formas de essas pessoas estabelecerem e internalizarem seus próprios limites, lidando com a corresponsabilidade pelo seu cuidado e pelas suas escolhas.
O limite é o que distingue, diferencia e oferece continência. Pode ser trabalhado terapeuticamente ou disciplinarmente. Pessoas com uma relação de dependência com as drogas geralmente têm códigos e leis próprios, mediados pela sua relação com a droga. Daí algumas abordagens insistirem na necessidade de estabelecer limites externos rígidos ao tratar essas pessoas ao invés de reforçar a construção interna de seus próprios limites (SILVEIRA FILHO, 1995).

Uma forma de lidar com as situações-limite vividas pela equipe é tentar identificar o objetivo das intervenções propostas e analisar com calma as soluções encontradas para lidar com a situação. Para lidar com a crise da equipe, são necessários trabalhadores dispostos a “arriscar-se”, produzindo rupturas nos limites grupais, organizacionais e institucionais, incorporando o inusitado como inerente à atenção psicossocial (ANDRADE, 2007).