Mas, enquanto a Medicina passava por uma agregação de saberes e práticas que lhe conferiu grande poder e autonomia profissional, os demais tipos de trabalho passavam justamente por um processo contrário. Os demais trabalhadores tinham seu processo trabalho fragmentado, dividido entre vários trabalhadores, como já vimos logo no início deste módulo.

A autonomia profissional é definida como a capacidade de autorregulação dos praticantes de um ofício, que dominam um conjunto de conhecimentos e práticas específicos, cujo acesso é restrito e difícil, sendo controlado pelos praticantes desse ofício (FREIDSON, 2009).

A partir do trabalho médico se constituiu o que se designa de Modelo Médico Hegemônico, que é a maneira como tem se organizado um conjunto de saberes e práticas que moldou, historicamente, a organização do trabalho, da atenção e da gestão em saúde. Embora esse modelo tenha surgido e se propagado a partir da constituição da Medicina moderna, o modelo médico hegemônico influenciou e foi incorporado por diferentes categorias do campo da saúde (MENÉNDEZ, 2009).

Entre os principais traços do modelo médico hegemônico, podemos citar: o biologicismo; o individualismo; a a-historicidade; o mercantilismo, a eficácia pragmática; o autoritarismo; a participação passiva, subordinada e exclusão do conhecimento do paciente; a legitimação jurídica; e a identificação com a racionalidade científica (MENÉNDEZ, 2009).