A ampliação da clínica pode levantar dúvidas, pois, se o extraclínico também se torna clínico, tudo entraria no escopo da clínica? Depende do sentido que orienta as ações. No caso da clínica psicossocial, o sentido terapêutico visa à produção de cuidado e ampliação dos gradientes de autonomia do sujeito. A Autonomia não é autossuficiência ou independência do sujeito em relação aos demais e ao seu contexto. É a capacidade de desenvolver maior poder contratual, ou seja, de estabelecer maior capacidade de negociação e troca através de relações de interdependência do sujeito com os demais e o seu contexto (KINOSHITA, 1996).

Reflexão
Como você se colocaria ante uma situação semelhante?Podemos ver que trabalhar em saúde e, especificamente, na atenção psicossocial, é desafiante, pois sempre surgem novas situações. O importante é lembrar que qualquer atividade em si, seja um atendimento individual ou grupal, uma assembleia ou atividade externa, não garante, por si, que estejamos praticando uma clínica psicossocial: é fundamental que esteja claro o sentido da ação. Se os usuários forem simplesmente “arrebanhados” para ir ao evento, sem oportunidades para discutir, com eles, o que significa a participação, dentro do seu processo terapêutico e construção de cidadania, e tampouco houver clareza sobre a importância de estimular a autonomia entre eles, não estaremos articulando a dupla dimensão da clínica, que é sempre técnica e política. Nesse caso, qualquer intervenção corre o risco de tornar-se mecânica, alijada da reflexão de seu lugar no processo terapêutico.