Vimos que a equipe do CAPS AD III do nosso exemplo realiza várias atividades coletivas, como grupos e oficinas. Ampliar o repertório de atividades para além das consultas individuais é importante, pois permite ampliar as intervenções terapêuticas, valorizando a socialização e interação entre os usuários. Entretanto, essa ampliação de repertório precisa ter um sentido claro para os trabalhadores e usuários, vinculando-se às dimensões relacionais, reflexivas e políticas que caracterizam o trabalho em saúde, cuja finalidade é a de produção de saúde e de subjetividade. De modo contrário, corremos o risco de naturalizar as atividades coletivas e reproduzir, através delas, uma lógica verticalizada nas relações entre trabalhador e usuários, que pouco contribui para a constituição de modos psicossociais de atenção.

A delimitação dos saberes e práticas que compõem o campo e o núcleo é variável e mediada não só pela racionalidade técnica, mas também por interesses políticos, econômicos, corporativos e profissionais. Núcleo e campo são, portanto, mutantes e interinfluenciáveis, não havendo limites precisos entre um e outro (CAMPOS, 2000b). Observamos, então, que os conceitos apresentados podem ser aplicados para observar como se organiza o trabalho em uma equipe de saúde, de maneira a identificar as tendências predominantes na produção do cuidado.