Dentre outros agravantes, esses conteúdos legitimam o ideal de uma sociedade livre das drogas, reforçam a abstinência como única possibilidade de tratamento, repercutindo negativamente na consolidação do acesso universal como direito constitucional, além de desqualificar o potencial da atenção psicossocial comunitária.
A dificuldade de lidar, de forma mais realística, com o fenômeno do consumo de drogas além de inibir uma abordagem vincular, gera tensão e fracasso, na medida em que, pautados no modelo disciplinador, o profissional estabelece uma relação de poder, buscando exercer o controle e adequação dos comportamentos, atitudes, valores e costumes da clientela.

A exigência de encaminhamento, de documentação e, em alguns serviços, o comprovante de residência representam grande barreira de acesso, principalmente para o segmento em situação de rua. Uma possibilidade de superar essa dificuldade seria pactuar, na equipe, mecanismos internos para desburocratizar o acesso, acolher o usuário, promover a inclusão no sistema e facilitar, através de encaminhamento, a aquisição dos documentos.