Reflexão
Em sua opinião, o que determina a acessibilidade das pessoas com necessidades decorrentes do consumo de álcool e outras drogas aos serviços de saúde?Você deve ter concluído que o acesso do usuário ao serviço representa um grande desafio. Trata-se de uma questão que envolve uma variedade de fatores, desde as dificuldades oriundas do estigma que recai sobre as pessoas que fazem uso de drogas, à oferta e características dos serviços e das práticas de cuidados.
O imaginário social construído em torno do uso e dos usuários de drogas constitui um dos principais obstáculos para o acesso aos serviços de saúde, uma vez que ainda prevalecem representações estereotipadas, atreladas a julgamentos morais e forte vinculação com a violência e criminalidade.
Em regra, essas representações são evidenciadas e reproduzidas no cotidiano, por formulações do tipo: “Toda droga leva à morte”; “Crack: cadeia ou caixão”; “Toda pessoa que experimenta uma droga fica viciado”; “Quem usa droga está procurando a morte”; “As drogas são a causa de toda violência urbana”, “Droga é um caminho sem volta” dentre outras tantas que demonizam a substância e seus usuários.
O termo “droga”, nesse cenário, alude uma representação moral da substância (ilegal), automaticamente transferida a seus usuários (CARNEIRO, 1994), ou seja, se a maconha é uma droga ilícita, seu uso é ilegal, logo, o usuário dessa substância é um criminoso, portanto, passível de julgamento e punição.
Essa racionalidade punitiva e repressiva constitui significativa barreira de acesso aos serviços de saúde, seja pela posição de invisibilidade dos usuários, ao tentarem se proteger dos julgamentos e da punição (ACSELRAD, 2000); seja pelo tratamento dispensado por parcela de profissionais da saúde, que, atuando sob esse registro, desqualifica e rotula o usuário de drogas.
Essa concepção assume visibilidade, na prática profissional, por meio de falas e atitudes corriqueiras que remetem a crenças do tipo das que vemos abaixo (clique nas placas).
