“O acolhimento como ato ou efeito de acolher expressa, em suas várias definições, uma ação de aproximação, um “estar com” e um “estar perto de”, ou seja, uma atitude de inclusão” (BRASIL, 2008, p.6) que pressupõe a escuta e a produção de vínculos como ação terapêutica. De acordo com o Ministério da Saúde, o acolhimento deve ser compreendido com “diretriz ética/ estética/ política constitutiva dos modos de produção de saúde e ferramenta tecnológica de intervenção na qualificação de escuta, construção de vínculo, garantia do acesso com responsabilização e resolutividade nos serviços de saúde” (BRASIL, 2006b, p18).

Assim, a produção de saúde é mediada pelo encontro e pela produção de subjetividades: de um lado o sujeito-usuário que busca atenção e, do outro, o sujeito-profissional, no seu ato de prover o cuidado. A forma como este encontro se efetiva é determinante na trajetória do usuário e reflete a organização do serviço e trabalho da equipe, explicitando desta forma, a relevância do tema acolhimento.

Neste cenário, o acolhimento exerce a função de fomentar reflexão e transformações na organização de serviços e produção de saúde, devendo ser compreendido a partir de três dimensões: como postura, como técnica e como princípio de reorientação das práticas de saúde.

Como postura, pressupõe a mobilização de recursos relacionais, traduzindo a capacidade da equipe em estabelecer relações assinaladas pelo interesse mútuo, confiança e apoio recíproco entre si e com os usuários. (BRASIL, 2006b, p. 19).

No cotidiano dos serviços, esse é um aspecto de expressiva relevância, podendo facilitar ou inibir o acesso do usuário. Neste viés, é essencial que toda a equipe exercite de uma postura empática, respeitosa e acolhedora: um simples cumprimento de “bom dia”, “boa tarde” ou “posso ajudar?” faz muita diferença! Para qualquer pessoa, independente de ser usuária de drogas, é importante ser reconhecida pelo seu nome e respeitada em sua história, devendo o profissional evitar a expressão de seu juízo de valor (críticas, conselhos, julgamentos) e sentimentos de desaprovação, raiva e indignação.