Fabio Xerfan Nahas, Maria Elisabete Salvador Graziosi e Richard Liebano
Estilo de redação
O pesquisador deve escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência. No entanto, dominar a linguagem científica não é tarefa fácil; é preciso prática e muita leitura.
A linguagem científica deve ser clara, objetiva, escrita em ordem direta e com frases curtas. O estilo da redação de um texto científico tem profunda relação com a compreensão eficaz desta. A leitura agradável, escrita de forma elegante e formal, prende a atenção do leitor. Lembre-se: um parágrafo é uma unidade de pensamento, logo os parágrafos devem interligar-se de forma lógica.
Comece escrevendo a sua compreensão da literatura, do que foi lido, conversado, discutido. Em seguida, lapide as palavras, buscando substituir a expressão idiomática coloquial pela técnica formal, e evite construções gramaticais pobres. Evite frases longas contidas em intermináveis parágrafos, pois geram desorientação ao leitor. Um parágrafo bem escrito faz sentido na primeira leitura, evitando que a frase tenha de ser lida repetidamente. O ideal é que cada parágrafo tenha no máximo cinco frases. A primeira evoca o assunto principal e as demais reforçam o tema.
Um parágrafo deve conter:
Utilize estilo sóbrio, simples e direto. As construções elaboradas podem apresentar profundo valor estético, porém dificultam a compreensão do texto, especialmente na escrita científica.
Considerando-se a redação de um artigo científico, que por sua concisão deve ter um texto enxuto e direto, o pesquisador deve possuir o hábito de ler e reler o texto diversas vezes, a fim de perceber erros de interpretação.
Prefira colocar ponto final e iniciar uma nova frase a usar muitas vírgulas. Caso a informação não apresente maiores explicações, considere eliminar a frase.
Evite repetições, ecos e cacófatos. Por exemplo: "avaliação da produção"; "uma por cada tratamento". Evite também regionalismos, jargões, modismos e abreviaturas sem a devida explicação. Identifique palavras estrangeiras em itálico ou entre aspas.
Prefira elaborar frases afirmativas.
Procure não usar substantivos aumentativos, diminutivos e superlativos mais de uma vez num mesmo parágrafo, assim como o uso indiscriminado de adjetivos, pois não combina com textos científicos.
Tenha sempre em mãos um dicionário de sinônimos!
A leitura em voz alta é uma forma de verificar se o texto está claro, especialmente em relação à pontuação, à regência e à concordância.
Escreva tendo em mente que o leitor poderá repetir o seu estudo. Para tanto, evite omitir ou subentender informações, particularmente em relação ao método do estudo. Ainda que esteja óbvia para você, pode não ser para o leitor.
Use verbos no impessoal. Não utilize pronomes pessoais EU ou NÓS ou os pronomes possessivos MEU e NOSSO. Caso seja necessário diferenciar as ideias ou resultados do autor e do trabalho de outros pesquisadores, utilize a seguinte expressão: "O presente estudo...".
Evite valorações pessoais como frases que qualifiquem, positiva ou negativamente, os autores ou os resultados obtidos na pesquisa. Isso não significa que não se possa ressaltar e opinar sobre a sua pesquisa, porém deve ser feito de forma elegante, moderada e ética, sobretudo quando se comparam os seus resultados com os da literatura (Quadro 1).
Quadro 1. Exemplos de expressões adequadas e inadequadas para redação de artigo científico.
Termos e expressões inadequadas | Termos e expressões adequadas |
"o experimento foi muito feliz" | "o experimento apresentou-se relevante" ou "o experimento atingiu todos os objetivos propostos". |
"os dados são ruins, desagradáveis" | "os dados são inconclusivos" ou "os dados não estão alinhados com o esperado" |
"os dados são muito bons" | "os dados são significativos" (neste caso, os dados devem ter sido analisados estaticamente) |