Metodologia científica II

Fabio Xerfan Nahas, Maria Elisabete Salvador Graziosi e Richard Liebano

Desenvolvimento do TCC – artigo científico

Este item foi baseado e resumido a partir das seguinte fontes:

GOLDENBERG, S.; GUIMARÃES, C.A.; CASTRO, A.A. (ed.) Elaboração e apresentação de comunicação científica. São Paulo. 2001-2011. Disponível em: http://metodologia.org
Acesso em: 10 mai. 2012.

NAHAS, F.X.; FERREIRA, L.M. The art of writing a scientific paper. Acta Cir Bras. 2005; 2 (2): 17-8.

Este conteúdo tem por objetivo ensinar e orientar sobre a redação de um artigo científico, bem como as etapas, normas e técnicas relacionadas ao seu desenvolvimento. O ato de publicar permite: disseminação da produção científica em âmbito nacional e internacional; controle bibliográfico da produção de um ou vários países; preservação da memória e visibilidade para autor, instituição e áreas do conhecimento.

Antes, vamos aprender um pouco sobre alguns tipos de TCC.

Monografia

Uma monografia pode ser definida, como o próprio nome diz, como uma escrita sobre um único tema. Resulta em um estudo aprofundado de um determinado assunto e realizado com base em uma metodologia rigorosa.

Apesar de existir na prática uma divisão nominal de textos, tais como dissertação, TCC, tese, entre outros, todos são monografias no seu sentido lato. É possível diferenciar vários tipos ou gêneros de monografias ou trabalhos científicos acadêmicos.

Periódico científico

A publicação científica é o meio gráfico que veicula a comunicação dos resultados, isto é, a contribuição ao conhecimento. Há diversos tipos de publicações científicas, que podem ser: publicações periódicas (termo amplo para revistas, jornais, boletins etc.); ou publicações avulsas (anais de congressos, apostilas, livros, compêndios, manuais etc.).

O periódico científico é a publicação especializada em que os artigos científicos são publicados. Constitui o produto final de divulgação do conhecimento científico.

Dê preferência a periódicos indexados em Bases de Dados. O trabalho científico adquire valor na medida em que é publicado em periódicos de alto impacto, pois tem mais chance de ser lido e/ou citado.

Artigo científico

Para que uma pesquisa científica venha a ser publicada, ela deve assumir a forma de artigo científico. O formato do artigo depende do tipo de pesquisa e das normas de publicação que são específicas para cada periódico.

A estrutura do artigo é semelhante à do relatório de pesquisa: título, autores da pesquisa (função e local de trabalho), resumo (português, inglês e espanhol), descritores, introdução, objetivo (geralmente no último parágrafo da introdução), métodos, resultados, discussão, conclusões e referências.

Vamos escrever um artigo científico?
  • Elaboração:
    • Título: a escolha do título é o último procedimento na fase de redação da pesquisa. Você pode fazer uma relação de títulos e escolher entre eles o mais adequado. Deve sintetizar o aspecto essencial do estudo.
    • Autor: escrever o nome completo, titulação, seguido do nome da instituição a que pertence, com referido endereço eletrônico.
    • Resumo: é a sinopse do trabalho com a definição da pergunta, objetivos, método, resultados e conclusões. Deve facilitar a visão do conjunto da obra. Deve possuir entre 150 e 250 palavras.
    • Descritores: visam à indexação do artigo e se destinam a descrever cientificamente o assunto. A definição dos Descritores da Saúde (palavras-chave) deve ser fundamentada nos vocabulários da BIREME (descritos no portal da BVS).
    • Introdução: descreve as razões da pesquisa, isto é, expõe o que levou o investigador a realizar o estudo, justificando a elaboração das perguntas "Por quê?" e "Para quê?". Deve situar o trabalho em relação a outros já publicados no mesmo campo, em nível internacional, nacional e no universo particular do problema (estado atual), mostrando a importância da pesquisa para a comunidade científica. Deve ser descrita de forma objetiva e com referências bibliográficas, delimitando a profundidade que se pretende adotar sobre o tema. Fornece o que se pretende fazer, conduzindo o leitor aos objetivos do trabalho.
    • Objetivo: corresponde à pergunta (clara e bem formulada) que deverá ser respondida no capítulo final da conclusão. Deve iniciar com verbos cujos resultados possam ser mensurados (avaliar, analisar, medir, identificar etc.). O objetivo pode ser apresentado na forma de objetivo geral e de objetivos específicos.
    • Método: trata-se da etapa da pesquisa na qual o investigador descreve detalhes suficientes capazes de assegurar que a repetição da investigação, por outro pesquisador, conduza a resultados semelhantes. Deve conter os seguintes tópicos: encaminhamento do projeto para aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), quando aplicáveis.
      • Desenho do estudo: identificar o tipo do estudo em relação à sua classificação metodológica. Ex.: Estudo descritivo, experimental.
      • Local e período do estudo. Exemplo: Unidade Básica de Saúde (UBS), localizada em Embu, São Paulo.
      • Amostra: critérios de inclusão e critérios de exclusão das amostras. Ex.: Inclusão: agentes de saúde com especialização. Exclusão: agentes de saúde que não atuam em UBS.
      • Descrição do protocolo: descrição do instrumento e das etapas do procedimento de coleta de dados da pesquisa qualitativa.
      • Análise estatística: deve ser realizada para estudos quantitativos e/ou análise do fenômeno para pesquisas qualitativas.
    • Resultados: trata-se de um registro exclusivo, isto é, deve restringir-se aos achados obtidos na pesquisa, sem citações, comentários, interpretações ou discussão dos achados obtidos. É a descrição fiel e objetiva do que foi colhido, por meio dos dados descritos no capítulo "Métodos", obedecendo à mesma ordem de citação apresentada. A linguagem deve ser descritiva e o verbo no passado, preferencialmente na voz passiva e no pretérito imperfeito. Somente os dados numéricos, após análise estatística, podem ser apresentados na forma de ilustrações (tabelas, quadros ou gráficos), com título e numeração. Não descreva ou discuta os resultados das ilustrações nesta etapa.
    • Discussão: destaca as relações entre os fatos observados. É a análise crítica do pesquisador, comparando os resultados encontrados com os resultados publicados pela literatura. O pesquisador deve concordar e/ou discordar com a bibliografia encontrada, estabelecer relações, deduções paralelas, possíveis generalizações e identificar limitações do estudo. A discussão deve ser escrita com linguagem clara, de preferência com o verbo no presente para descrever pesquisas de outros autores, e no pretérito para os resultados obtidos pelo pesquisador.
    • Conclusões ou Considerações finais: respondem aos objetivos propostos no estudo e às hipóteses levantadas e relacionadas com os resultados obtidos. Devem ser precisas e claramente expostas. O pesquisador pode evidenciar a possível aplicação dos resultados, sugerir outros estudos para aspectos que não foram objeto da pesquisa ou mesmo declarar que não obteve explicações para determinada questão.

Encontrar resultados diferentes do que espera obter não quer dizer que o estudo não tenha validade. Toda pesquisa benfeita (correta do ponto de vista metodológico, estrutural etc.) tem validade para a comunidade científica, uma vez que esclarece aos outros investigadores o caminho cujos resultados foram inesperados.

    • Referências: estilo Vancouver, adotado pela UNIFESP.
  • Medidas de formatação:
    • Margem superior: 2,5 cm
    • Margem inferior: 2,5 cm
    • Margem direita: 2,5 cm
    • Margem esquerda: 2,5 cm
    • Espaço entre linhas: 1,5
    • Fonte do texto: Arial 12
    • Formato de papel: A4
Especialização em Saúde da Família
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