Consiste na análise descritiva do ECG. Analisamos todos os elementos do eletrocardiograma, seguindo um passo a passo. Antes de começar a análise descritiva, é preciso que você se familiarize com o sistema de registro eletrocardiográfico, que mostraremos adiante. Em seguida, seguiremos os passos para a análise do eletrocardiograma:
A velocidade do papel de registro é padronizada: 25mm/s (podem ser feitos registros em outras velocidades, quando necessário). Considerando a velocidade padrão de 25mm/s, teremos:
Figura 28 - Velocidade do papel eletrocardiográfico
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2018.
Velocidade do papel eletrocardiográfico
Se a velocidade do papel do ECG é de 25 mm/s, isso significa que, em 1 segundo, “correm” 25 quadradinhos de 1 mm cada. Se em 1 segundo são percorridos 25 mm, então, em 60 segundos (1 minuto), serão percorridos 25mm X 60s, ou seja, “correm” 1500 mm (ou quadradinhos)/minuto.
A maneira mais precisa de se calcular a frequência cardíaca consiste em contar o número de quadrados pequenos entre duas ondas consecutivas e dividir 1500 pelo número de quadradinhos contados.
Figura 29 – Intervalo R-R
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2018.
Figura 30 – Cálculo da frequência ventricular e da frequência atrial
Frequência ventricular:
1500 dividido pelo número de quadradinhos entre 2 ondas R (pode ser também entre duas ondas S).
Frequência atrial:
1500 dividido pelo número de quadradinhos entre 2 ondas P.
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2018.
Outras maneiras de se estimar a frequência cardíaca:
Figura 31 – Outras maneiras de se estimar a frequência cardíaca
Fonte: Arquivo das autoras, 2018.
Verifique se o ritmo é sinusal.
RITMO SINUSAL:
Figura 32 – Ritmo sinusal: onda P em D1, D2 e aVR
Fonte: Arquivo das autoras, 2018.
Agora já podemos seguir os próximos passos, nos quais analisamos todos os eventos eletrocardiográficos de maneira sistematizada.
ONDAS: São as deflexões P, QRS, T e U. São as deflexões P, complexo QRS, T e U. A ondas do complexo QRS serão indicadas em maiúsculas ou minúsculas, dependendo de sua amplitude relativa, por exemplo, qRs, e uma onda repetida será marcada com um apóstrofo, por exemplo, RR’.
Figura 33 - ECG: ondas, intervalos e segmentos
INTERVALOS OU ESPAÇOS:
Intervalo PR (iPR)
Intervalo QT (iQT)
SEGMENTOS:
Segmento PR (PRs) ou PQ
Segmento ST (sST)
Análise da duração, amplitude e morfologia da onda P
Figura 34 - Onda P: duração e amplitude
Onda P normal
Duração até 0,11s
e voltagem até 0,25mV
Onda P de duração aumentada
e voltagem normal
Onda P de duração normal
e voltagem aumentada
Fonte: Elaborada por TORRES, R.M, 2018.
O intervalo PR corresponde ao tempo que o estímulo leva para despolarizar os átrios e chegar aos ventrículos.
Figura 35 – ECG: intervalo PR
Fonte: Elaborada por TORRES, R.M, 2018.
A duração normal do intervalo PR (iPR) é de 0,12 a 0,20 s
Figura 36 – ECG: intervalo PR normal e alterado
Fonte: Elaborada por TORRES, R.M, 2018.
iPR normal (entre 0,12 a 0,20s)
Fonte: Elaborada por TORRES, R.M, 2018.
iPR aumentado (> 0,20 s)
Fonte: Elaborada por TORRES, R.M, 2018.
iPR curto (< 0,12 s)
Segmento PR (sPR)
Determine o eixo do QRS nos planos frontal e horizontal
A determinação do eixo do QRS e da onda P é importante, pois dará pistas para o diagnóstico. Minimamente, deveremos localizar o quadrante onde está o vetor médio do QRS. Para fazer isso, analise a polaridade do QRS e da onda P nas derivações D1 e aVF. Utilize a figura ao lado para encontrar o quadrante onde está o eixo no plano frontal (Figura 37).
Verifique se o eixo está normal, desviado para a direita ou para a esquerda (Figura 38).
Analisando a derivação V1 (Figura 39), verifique se o eixo, no plano horizontal, está para trás (quando V1 é predominantemente negativo: normal) ou para frente (quando V1 é predominantemente positivo: alterado).
Método similar é empregado para a determinação do eixo da onda P no plano horizontal e da onda T, nos dois planos, frontal e horizontal, que, em geral, acompanham a orientação do eixo do QRS.
Veja adiante Passo 8 – Análise da onda T.
Figura 37 – ECG: determinação do eixo elétrico do QRS e da onda P no plano frontal
Figura 38 – ECG: determinação do eixo elétrico do QRS e da onda P, posições possíveis no plano frontal
Figura 39 – ECG: determinação do eixo de V1, posições possíveis no plano horizontal
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2018.
É hora de avaliar mais detalhadamente o QRS
Meça a duração do QRS.
A duração normal do QRS é de até 0,11 s (menor que três quadradinhos).
Verifique a morfologia do QRS em todas as derivações, tendo em mente que:
Figura 40 – ECG: morfologia do QRS nos planos frontal e horizontal
Plano frontal
Plano horizontal
Fonte: Arquivo de TORRES, R.M,2018.
Vamos analisar o ponto J e o segmento ST (Figuras 41 e 42).
Figura 41 – ECG: repolarização ventricular, ponto J e segmento ST
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2018.
O ponto J sinaliza o fim do QRS e o início da repolarização ventricular.
Figura 42 – ECG: segmento ST normal, supradesnivelado e infradesnivelado
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2018.
Não medimos a duração da onda T, mas podemos avaliar sua voltagem, polaridade, forma e seu eixo.
Na maioria dos indivíduos, a polaridade da onda T acompanha a polaridade do QRS em quase todas as derivações. Em V1 e V2, pode ser positiva, negativa ou difásica (Figura 43).
A onda T normal é arredondada e sempre assimétrica: apresenta uma fase ascendente lenta e uma fase descendente rápida (Figura 44).
Figura 43 – ECG: morfologia normal da onda T
Fonte: Elaborada pelas autoras, 2018.
Assimetria normal da onda T
Figura 44 – ECG: assimetria normal da onda T
O intervalo QT é medido do início do QRS até o final da onda T.
Seu valor normal depende da frequência cardíaca, por este motivo, medimos o intervalo QT e o corrigimos utilizando a fórmula de Bazzet:
Os valores do QT e do QTc não precisam ser registrados no laudo, mas sempre devem ter sua normalidade verificada.
Os valores para o QTc variam com o sexo. São considerados normais até o máximo de 0,45s (450ms) para homens e 0,47s (470ms) para mulheres. Para crianças, o limite superior da normalidade é de 0,46s (460ms).
Figura 45 – ECG: intervalo PR e intervalo QT
Fonte: Elaborada por TORRES, R.M, 2018.
Há onda U?
Figura 46 – ECG: onda U
Segunda etapa: análise descritiva e conclusão
Hora de descrever tudo o que você analisou até agora
Figura 47 – ECG: modelo para laudo eletrocardiográfico