a) Acolhendo o relato espontâneo com escuta qualificada.

As falas sobre a violência podem emergir nos atendimentos realizados de maneira espontânea, ou identificando nesses atendimentos sinais — como hematomas — que dão a ideia de violência. Também existem algumas falas que podem significar um pedido de ajuda e devem chamar a atenção, como por exemplo:

Ataques a entes queridos, objetos pessoais ou a animais de estimação.

Restrição de liberdades individuais (impedimento de trabalhar fora, estudar ou sair de casa, mesmo para visitas a familiares).

Práticas que resultam em restrições de liberdades, como não disponibilizar dinheiro; ameaças de agressão ou brigas verbais associadas às saídas.

Humilhação (maus-tratos, desqualificações públicas ou privadas), xingamentos e ofensas por conhecidos e (ou) familiares.

Discussões e brigas verbais frequentes.

Ameaças de agressão, ameaças com armas ou instrumentos de agressão física.

Relações sexuais forçadas.

Submissão a práticas sexuais indesejadas.

Agressão física de qualquer espécie, (SCHRAIBER e D´OLIVEIRA, 2003).

b) Perguntando sobre violência.

Alguns profissionais de saúde podem encontrar dificuldade para abordar o tema da violência quando este não aparece espontaneamente durante a consulta. Uma das maiores barreiras para uma abordagem adequada a este tema remete à formação dos profissionais de saúde, que raramente contempla em seus currículos o tema das violências. Como apontado por pesquisa de Rosa e al (2010), a percepção de alunos do último ano de cursos da área da saúde sobre as violências tende a ter caráter eminentemente tecnicista, priorizando os danos sofridos pelas agressões. Com isso, as violências psicológicas ou aquelas que não causam lesões têm grande probabilidade de não serem identificadas e abordadas pelos profissionais.