Ao conhecer e considerar a transmissão intergeracional da violência, o profissional de saúde passa a considerar as relações familiares do indivíduo ao longo das gerações, suas crenças, valores, segredos e mitos, na medida em que amplia o foco e deixa de ter uma visão fragmentada de um fenômeno tão complexo como o da violência familiar.
Conforme apontam as autoras, Santos e Moré (2011), o processo da violência é interacional, ou seja, a violência, sobretudo a entre parceiros íntimos, não pode ser aceita como uma construção individual, mas como uma trama relacional em que todos os envolvidos se afetam recursivamente, dependendo do contexto histórico, geracional e social em que ocorre. Assim, o estudo de Scatamburlo et al. (2012)
discute sobre pesquisas que mostram que há fatores da família de origem que podem ser considerados preditores da violência nas gerações seguintes.
Cabe chamarmos atenção quanto à escuta do profissional de saúde dirigida às famílias em situação de violência, no sentido de que se deve tomar cuidado para não ter um olhar de causa e efeito da intergeracionalidade, pois não necessariamente uma criança que presencia violência será um perpetrador quando adulto.
A intergeracionalidade da violência é uma das formas de olhar para o fenômeno, mas que não deve ser reduzida a uma causalidade.