Segundo Fuster (2002) a família humana é o grupo mais violento dos grupos de animais que habitam na terra, mesmo com a nossa capacidade de raciocínio e discriminação das situações em que estamos envolvidos. Acreditamos que essa ideia nos defronta com o desafio de compreender as interações que sustentam a violência no contexto familiar.
Em termos de conceituação, cumpre destacar que utilizaremos a denominação de violência familiar, a qual é o foco deste módulo. Assim, seguindo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (2002) relacionadas ao conceito, também
presente nas diretrizes do Ministério da Saúde (2002), entendemos por violência familiar aquela que se caracteriza por “ações ou omissões que prejudiquem o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família. Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços de consanguinidade, e em relação de poder à outra”.
Além do espaço físico onde uma situação de violência possa acontecer, a violência se gesta e se sustenta eminentemente, no espaço dos vínculos interacionais dos envolvidos.