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Olá, aluna(o)!


Ocorrências envolvendo as mucosas da boca eventualmente levam os pacientes a procurar auxílio dos serviços de urgência. Ao pensarmos em lesões de mucosa oral, é fundamental que se reconheça as variações da normalidade e as múltiplas doenças que podem acometer a boca, tanto de causa local quanto sistêmica. Desta maneira, inicialmente iremos discutir sobre o processo diagnóstico, abordando as lesões fundamentais, para que você possa reconhecer os sinais e sintomas, realizando diagnóstico adequado.


objetivo

Ao realizar a leitura deste material, você irá entender o diagnóstico de lesões em tecidos moles, reconhecendo as lesões fundamentais envolvidas.


O processo de diagnóstico de lesões em tecidos moles orais se desenvolve/inicia a partir da lesão fundamental, limitando os grupos de doenças possivelmente envolvidos e reduzindo-se o diagnóstico diferencial a poucas possibilidades, de acordo com as variáveis biodemográficas e as características clínicas de cada caso 1.


Você sabe o que é o diagnóstico diferencial?

O diagnóstico diferencial é um conjunto de possibilidades diagnósticas com quadro sintomatológico compatível com o apresentado pelo paciente. No processo diagnóstico, muitas vezes, precisamos recorrer a exames complementares. Dentre eles, temos a biópsia incisional, biópsia excisional, punção aspirativa, citologia esfoliativa, exames imagiológicos, exames sorológicos, entre outros1,3. A indicação e solicitação de tais exames deve se guiar pelo diagnóstico diferencial, de forma a se restringir àqueles essenciais e decisivos.

As lesões de mucosa oral podem ser agrupadas conforme a sua lesão fundamental, ou seja: alterações de cor, formações sólidas, coleções líquidas e perdas teciduais1,2. Confira abaixo esta classificação1,2:

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As urgências em mucosa oral que mais precocemente, e frequentemente, levam os pacientes a procurar por ajuda profissional são aquelas representadas por úlceras e ulcerações orais, em função da dor e do desconforto que geralmente provocam.

As coleções líquidas, vesículas e bolhas, raramente se apresentam intactas em boca, em função da fragilidade constitutiva das mesmas e a intensa fisiologia oral. Dessa forma, as doenças que compõem esse grupo são também consideradas no processo diagnóstico das lesões ulcerativas, uma vez que o rompimento das bolhas e vesículas invariavelmente produz ulceração secundária.

Variações de normalidade, como por exemplo, os grânulos de Fordyce, língua fissurada, glossite migratória benigna (língua geográfica), pigmentação melânica fisiológica, linha alba, entre outros, eventualmente levam pacientes a procurar auxílio, exigindo orientação por parte do cirurgião-dentista2,4. Outros quadros não odontogênicos que também conduzem pacientes a procurar auxílio médico/odontológico seriam dores neuropáticas, articulares ou musculares, além de processos inflamatórios, potencialmente malignos ou neoplásicos que se associam a algum grau de desconforto ou prejuízo estético-funcional.

O diagnóstico constitui o processo pelo qual se caracteriza e se define a entidade patológica que atinge nosso paciente por meio da análise de dados sintomatológicos colhidos na anamnese; que se desenvolve a partir da queixa principal do doente; do exame físico do paciente e da adequada solicitação de exames complementares essenciais1. Assim:

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São aspectos importantes para o diagnóstico de lesões dos tecidos moles orais1:

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Reconhecer as lesões fundamentais e as características clínicas do caso, com uma boa anamnese para a investigação da história da doença atual auxiliarão o cirurgião-dentista a formular hipóteses diagnósticas e, a partir dessas decidir sobre a necessidade de exames complementares para a conclusão do diagnóstico, previsão do prognóstico e planejamento terapêutico. Desse modo, é fundamental que o cirurgião-dentista tenha o conhecimento para que possa estabelecer o diagnóstico e manejo adequado nas situações de urgência odontológica.

Até a próxima!

Referências


1. MARCUCCI, G. Fundamentos de Odontologia. Estomatologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2020. 360 p.

2. SÃO PAULO. Estomatologia para clínicos da atenção básica do município de São Paulo. Secretaria Municipal de Saúde, 2017. 66 p.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. A saúde bucal no Sistema Único de Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2018. p.147-250 e 230-251.

4. VIEIRA, V. et al. Prevalência das alterações de normalidade e lesões da mucosa bucal em pacientes atendidos na clínica integrada de atenção primária (CIAPS) da Faculdade de Odontologia/UFMG. Arq Odontol, v. 43, n. 1, p. 13-8, 2007.



Créditos


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Como citar este material: DOMANESCHI, Carina. Diagnóstico de lesões em tecidos moles. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Urgências da mucosa. Cuidado em saúde bucal para pessoas em situações de urgências odontológicas. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021.


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