Nome: Ricardo
Idade: 26 anos
Sexo: Masculino
Febre alta;
Mialgia;
Astenia e náuseas.
Presença de exantema.
Tax: 38,0ºC.
Peso: 70 kg
PA: 120x80mmHg (sentado e em ortostatismo)
FC: 105bpm.
Prova do laço negativa
Discussão do caso
Este caso descreve o manejo clínico de um paciente classificado como A, ou seja, de um paciente que não apresentava comorbidades, risco social, ou situação clínica especial, sua prova do laço era negativa e também não apresentava sinais de alerta, nem sinais de choque. Na primeira decisão clínica, ressalta-se a importância de uma avaliação clínica cuidadosa e a coleta de uma história epidemiológica (viagens recentes, contato com vetores ou com água potencialmente contaminada) e vacinal adequadas para auxiliar no diagnóstico diferencial com outros agravos (Cota et al., 2008; Figueiredo, 2006). A dengue apresenta sinais e sintomas inespecíficos e na sua apresentação inicial podem se confundir com outros agravos potencialmente graves como leptospirose, malária, febre amarela, febre maculosa, doença meningocócica, sendo que várias delas possuem terapia específica.
O caso apresenta também a discussão da metodologia mais apropriada para realização da prova do laço e sua interpretação. Se você ainda está em dúvidas sobre a metodologia da realização deste exame, veja o vídeo. Em relação à interpretação do seu resultado, é importante destacar que a prova do laço negativa NÃO exclui o diagnóstico de dengue e que a prova do laço positiva, apesar de não confirmar o diagnóstico, aponta para a necessidade de um acompanhamento clínico mais atento deste paciente (em caso de dúvida, reveja o manejo de pacientes com classificação clínica B).
O caso discute também o exantema no paciente com dengue. Este aparece em grande parte dos paciente, tem padrão maculo-papular, eventualmente com descamação e associado a prurido cutâneo generalizado (Lupi et al., 2007) . A presença do exantema maculopapular não indica um pior prognóstico. Entretanto, o aparecimento de petéquias indica a necessidade de um acompanhamento mais atento do paciente (em caso de dúvida, reveja o manejo de pacientes com classificação clínica B).
Outra questão do caso aborda o volume e a via de hidratação em um paciente com classificação clínica A. De acordo com as orientações do manual do Ministério da Saúde, este paciente deve receber 80 ml/kg/dia de líquido sendo pelo menos um terço na forma de sais de reidratação oral.
Por fim, o caso aborda o momento de realização da sorologia da dengue, que deve ser coletada a partir do momento em que os níveis de anticorpos IgM passam a ser detectados na maior parte dos indivíduos, ou seja, a partir do sexto dia do início dos sintomas.
Referências:
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue : diagnóstico e manejo clínico – adulto e criança / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. – 4. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2011.
- Cota, GF, Andrade, VA, Brock, DR. Características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas de pacientes com suspeita de febre hemorrágica em um centro de referência em doenças infecciosas. Rev Bras Med, 2008; 65 (9): 292-296.
- Figueiredo, LTM. Febres hemorrágicas por vírus no Brasil. Rev Soc Bras Med Trop, 2006; 39 (2): 203-210.
- Lupi, O, Carneiro, CG, Coelho, ICB. Manifestações mucocutâneas da dengue. An Bras Dermatol, 2007; 82 (4): 291-305.
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