O Ministério da Saúde reuniu, em junho de 2010, uma equipe de técnicos, referência em dengue no país, para discutir a viabilidade de substituição do método de estadiamento clinico atualmente em uso pela proposta da Organização Mundial da Saúde e Organização Pan-Americana da Saúde, que se baseia em três estágios. Os especialistas consideraram que o Manual de Tratamento da Dengue do Ministério da Saúde do Brasil traz um eficiente modelo de classificação de risco para a dengue, estadiando o paciente em quatro grupos, com sistematização da assistência, que independe da discussão de classificação final de caso. Esse conceito foi reforçado em publicação do grupo de estudos Denco (2009) onde os autores consideram que: “na prática clínica (em diferentes condições clínicas) o paciente primeiro é avaliado clinicamente e é tratado de acordo com estágio clínico, independente de classificação que pode ser feita posteriormente”. Ademais, cabe ainda destacar a inexistência de evidencias cientificas que suportem a hipótese de que a adoção do estadiamento em quatro estágios possa determinar um desfecho clinico desfavorável no manejo do paciente com dengue. O cenário atual brasileiro, com risco elevado de epidemias, associado a alta letalidade para casos graves, requer direcionamento de esforços prioritariamente para reverter este quadro. A solução para redução da letalidade parece não estar relacionada a qualidade do protocolo, e sim ao não seguimento das atuais diretrizes. O momento consiste em direcionar os esforços, revendo as formas de treinamentos e de disseminação da informação já existente e amplamente difundida, ampliando o foco na sistematização de conduta a partir do estadiamento clínico preconizado pelo Ministério da Saúde do Brasil. |