11.3 - Parecer técnico científico para situações especiais - Gestação e dengue

GESTAÇÃO E DENGUE: QUAIS OS RISCOS PARA O BINÔMIO MATERNO-FETAL?
O comportamento fisiopatológico da dengue na gravidez é igual para pacientes gestantes e não gestantes. No entanto, algumas recomendações são importantes.
Um outro estudo identificou que os fatores independentes capazes de predizer o diagnóstico de dengue foram PL positiva, exantema, plaquetopenia e leucopenia < 4.000...
Quanto mais próximo ao parto a paciente e infectada, maior e a chance do recém-nato apresentar ao nascer quadro de infecção por dengue.
Com relação à mãe, pode ocorrer hemorragia se houver abortamento ou no parto e pós-parto, principalmente quando estes ocorrem na vigência da infecção materna. Deve-se ficar especialmente atento a estes momentos. O sangramento pode ocorrer no parto normal ou cesáreo. Como as complicações do último são mais graves, sua indicação deve ser bastante criteriosa.

O que muda se a paciente estiver grávida?

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O QUE MUDA SE A PACIENTE COM DENGUE ESTIVER GESTANTE?

Como o comportamento fisiopatológico da dengue na gestante é semelhante àquele visto nos demais pacientes.

O tratamento da dengue é igual para todos os pacientes, gestantes ou não: o importante é o acompanhamento constante e a vigilância dos pacientes.

O que muda com relação à dengue na grávida são a (1) a avaliação clínica inicial e (2) o acompanhamento, devido às alterações fisiológicas da gravidez, que, apesar de não interferirem na doença, interferem nas suas manifestações, que podem sofrer modificações características.

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QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES QUE DEVEM SER OBSERVADAS QUANDO DO ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE COM SUSPEITA DE DENGUE?
Aumento do volume sanguíneo total em aproximadamente 40%;
Aumento da frequência cardíaca (FC) e do débito cardíaco (DC) (DC = FC x Volume sistólico);

Foto: Arquivo Una-SUS

Queda do hematócrito por hemodiluição, apesar do aumento do volume eritrocitário;
Queda da resistência vascular periférica e da pressão sanguínea;
Hipoproteinemia por albuminemia;
Leucocitose (16 a 18.000 mm³) sem interferência na resposta a infecções;
Aumento dos fatores de coagulação.

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QUAIS AS CARACTERÍSTICAS QUE REQUEREM MAIOR ATENÇÃO DURANTE O ACOMPANHAMENTO DA GESTANTE COM DENGUE?
Quando ocorrer o extravasamento plasmático na grávida com dengue, suas manifestações, tais como taquicardia, hipotensão postural e hemoconcentração, vão demorar mais tempo para aparecer ou, se aparecerem, podem ser confundidas com as alterações fisiológicas da gravidez.
Atenção com a hiper-hidratação quando da reposição volêmica. A gestante deve estar sob estrita e contínua vigilância.
Quais são as outras orientações para pacientes gestantes com suspeita de dengue?

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QUAIS AS DEMAIS ORIENTAÇÕES PARA GESTANTE COM DENGUE?
A gestante que apresentar qualquer sinal de alarme ou choque e indicação de reposição volêmica deverá receber volume igual ao prescrito aos demais pacientes, de acordo com o estadiamento clínico.
A realização de exames complementares segue a mesma orientação dos demais pacientes. Os exames de raios-X ficam a critério clínico e não são contraindicados. A ultrassonografia abdominal pode auxiliar na avaliação de líquido livre na cavidade.
Atenção especial é dada à avaliação obstétrica, quanto ao bem estar materno-fetal. Deve-se ter cuidado com a possibilidade de ocorrer descolamento prematuro da placenta normoinserida e outras alterações que levem a sangramentos de origem obstétrica.
Orientações finais para o acompanhamento da gestante com dengue.

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ORIENTAÇÕES FINAIS PARA GESTANTE COM DENGUE?
O diagnóstico diferencial de dengue na gestação, em especial nos casos graves, deve incluir pré-eclampsia, síndrome HELLP e sepse - eles não só podem mimetizar o quadro clínico como também estar concomitantemente presentes.
Se ocorrer parada cardiorrespiratória durante a gravidez com mais de 20 semanas, a reanimação cardiopulmonar (RCP) deve ser realizada com o deslocamento do útero para a esquerda, para descompressão da veia cava inferior. Considerar a realização de cesárea depois de 4 a 5 min. de RCP se não houver reversão da parada a fim de aliviar os efeitos da compressão do útero sobre a veia cava. De acordo com a viabilidade do feto, poderá haver também a possibilidade de sobrevida. O melhor tratamento para o feto é o adequado tratamento materno.
Lembrar que o aumento do volume uterino, à partir da 20ª semana de gestação, leva à compressão da veia cava. Toda gestante, quando deitada, deve ficar em decúbito lateral, preferencialmente esquerdo.

Outras situações especiais.