A segunda forma de interação identificada por Moore (1989), considerada “essencial pela maioria dos estudantes e altamente desejável pela maior parte dos educadores” (MOORE; KEARSLEY, 2007, p.152), é a interação aprendiz-tutor.
Neste ponto convém relembrar que, na EaD
online, os papéis do professor e do aprendiz sofreram transformações e já não correspondem àquilo que os caracterizava no modelo de educação tradicional.
Na EaD online, enquanto o aprendiz é estimulado a desenvolver e a exercer sua autonomia na construção do seu conhecimento e a autoregular seu próprio processo de aprendizagem, o professor aprende a assumir as funções específicas de seu novo papel, e, como coadjuvante, como facilitador da aprendizagem dos seus aprendizes, precisa ceder a estes o controle do processo de ensino e aprendizagem. Será este o fator que gera tanta resistência a EaD por parte de alguns professores? Perceba como é importante que tanto professores quanto aprendizes recebam uma formação adequada para ingressarem de forma adequada nessa modalidade de ensino. É bastante provável que outra razão para o descrédito dado a EaD venha de iniciativas mal planejadas e mal executadas de transição de cursos presenciais para a modalidade a distância, sem valorizar a importância específica para estes dois principais atores da ação educativa.
Todavia, também já mencionamos, isso não significa que o professor passará a ter um papel menos significativo ou “mais leve”.
De fato, o que se observa é que na EaD online a intensidade das interações entre o professor (tutor) e seus aprendizes cresce consideravelmente. É por isso que a concepção sócio-interacionista ou sócio-histórica de Vygotsky encaixa-se tão adequadamente à EaD mediada TICs.
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Concepções de aprendizagem da Educação Tradicional à EaD online
Concepções que Orientam o ensinar e o aprender em sala de Aula
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Objetivista |
Subjetivista |
Cognitivista |
Sócio-histórica |
Sujeito - Objeto |
Sujeito - Objeto |
Sujeito - Objeto |
Sujeito _Outro_ Objeto |
Conhecimento Contido no mundo dos objetos externos.
Conhecimento experiência do mundo do Objeto
Pré existe ao sujeito. |
Conhecimento pertence ao sujeito antes de se relacionar com o mundo
externo. Conhecimento anterior à experiência, inato.
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3ª via - Conhecimento não está nos objetos, nem nos processos internos, mas na ação dos sujeito sobre os objetos. |
Ruptura - Conhecimento = relação dialética sujeito X meio historicamente construído. |
Ênfase: Objeto externo, meio-ambiente. |
Ênfase: processos internos, consciência. |
Ênfase: ação do sujeito. |
Ênfase: relações interpessoais. |
Sujeito: receptor passivo, moldado de fora para dentro. |
Sujeito: ativo. Atividade de conhecimento exclusiva do sujeito. |
Sujeito: = ativo, individual e cognitivo. |
Sujeito: inter-ativo, ser social construtor da individualidade interações entre indivíduos mediados pela cultura. |
Psicologia: Behaviorismo |
Psicologia: Gestalt, humanista. |
Psicologia: Piagetiana |
Psicologia: Sócio-histórica |
Educação: Escola tradicional, escola tecnista |
Educação: Escola Nova |
Educação: construtivismo |
Educação: progressista |
Aluno: "tabula rasa" |
Aluno: potencialidades |
Aluno: construtor de conhecimentos |
Aluno: construção partilhada de conhecimento |
Pedagogia: centrada no professor |
Pedagogia: centrada no aluno |
Pedagogia: centrada no aluno |
Pedagogia: centradana atividade dos indivíduos em interação |
Relações: hierárquica |
Relações: igualdade |
Relações: igualdade |
Relações: intersubjetivas |
Conhecimento = transmissão / reprodução |
Conhecimento = atualizar potencialidades |
Conhecimento = construção individual |
Conhecimento = construção social |
Ensinar |
Aprender |
Aprender |
Ensinar / Aprender |
Os tutores auxiliam os aprendizes a interagirem com o conteúdo, instigando seu interesse pela matéria, esclarecendo suas dúvidas sobre os assuntos discutidos e alimentando a discussão entre os aprendizes. Além disso, sendo responsáveis pelas avaliações formais e informais, os tutores são responsáveis por fornecer aos aprendizes
feedback sobre sua aprendizagem e seu desempenho nas atividades do curso.
Quando o instrutor online tem em mãos um conjunto de tarefas dos aprendizes, não existe uma classe, mas como alternativa o instrutor inicia um diálogo com cada pessoa. Embora cada aprendiz e o instrutor tratem de um conteúdo comum, geralmente, em um determinado texto, porém, muito provavelmente em um website ou por áudio ou videotape, a reação de cada aprendiz à apresentação é diferente e, portanto, a reação do instrutor a cada aprendiz também é diferente (MOORE; KEARSLEY, 2007, p.153).
Assim, como comentam os autores, os tutores respondem de forma distinta à solicitação ou manifestação de cada aprendiz. Em alguns casos o tutor fornece um esclarecimento maior sobre um assunto mal compreendido, em outros faz correções sobre os comentários ou postagens do aprendiz, e, ainda, em outros, sugestões para leituras complementares.
Desta forma, o tutor pode optar entre dois tipos de interação com os aprendizes: tutor-aprendiz ou tutor-aprendizes. No primeiro tipo, o tutor interage com um aprendiz somente, atendendo-o em suas necessidades específicas e valorizando o estilo pessoal de aprendizagem de cada aprendiz. No segundo, o tutor interage com vários aprendizes, ou seja, com todos os aprendizes ao mesmo tempo. Neste caso, o tutor preserva o sentido de uma “classe” ou “turma” virtual, valorizando a formação de uma comunidade de aprendizagem e estimulando uma aprendizagem colaborativa.
Um exemplo prático permite elucidar mais esse segundo tipo de interação.
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Exemplo
Num determinado fórum, o tutor intervém após alguns aprendizes postarem diversas considerações sobre um tema em discussão. Mas sua intervenção é no sentido de resumir e unificar a contribuição daquele grupo, ora indicando acertos, ora corrigindo desvios, mantendo bem acesa a chama da participação, mas orientando algum tipo de incorreção, se houver, ou felicitando os aprendizes em suas manifestações, unindo a tessitura do conhecimento construído, pouco a pouco.
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Contrato pedagógico
Para Palloff e Pratt (2004), o tutor deve estabelecer uma política de interação com o aprendiz e apresentá-la a este durante a orientação, estabelecendo prazos para
feedback sobre o seu desempenho, e, em alguns casos, definindo um prazo máximo aceitável para responder a uma solicitação ou mensagem de um aprendiz.
Tudo isto na tentativa de evitar que o aprendiz se sinta abandonado ou desamparado durante o curso.
Formas de interação
Quanto às formas de interação mediatizada pelas tecnologias, o tutor de EaD dispõe de ferramentas síncronas
Chat,
videoconferência, que permitem a comunicação simultânea entre ele e o aprendiz, e assíncronas (e-mail, listas de discussão, fóruns de discussão).