Pré-natal Normal e as Intercorrências Clínicas mais Frequentes
Nesta etapa de estudo que começamos agora, faremos uma análise crítica dos cuidados dispensados no período pré-natal, partindo da consulta pré-natal e chegando ao exame físico.
Para iniciar, é importante saber que a consulta de pré-natal tem por finalidade as seguintes ações:
avaliar a saúde da mulher e do feto e seu desenvolvimento, garantindo o bem-estar do binômio;
identificar os fatores de risco que possam impedir o curso normal da gravidez e encaminhar a gestante para níveis de referência de maior complexidade que assegurem a ela o tratamento precoce das condições anormais;
favorecer a compreensão e adaptação às novas vivências da gestante, companheiro e familiares, além de instrumentalizá-los em relação aos cuidados neste período, preparando-os para o parto e pós-parto e para o exercício da maternidade e paternidade (BRASIL, 2006a, ZAMPIERI, 2007).
As consultas de gestantes de baixo risco, por exemplo, podem e é recomendado que sejam efetuadas de forma alternada por enfermeiras e médicos de família, devendo ser garantido que ambos as desenvolvam. Fazem também o acompanhamento pré-natal, a fim de atender à gestante e à sua família em sua integralidade, de acordo com a especificidade da gestante, os demais membros da equipe de saúde:
cirurgião-dentista;
nutricionista;
psicóloga;
assistente social;
demais profissionais.
A equipe de saúde deve estar capacitada e atualizada, ter segurança técnica, embasamento científico, sensibilidade para compreender o ser humano, suas crenças e valores e o seu modo de vida e habilidade de comunicação, baseada na escuta e na ação dialógica. Deve estar sintonizada com novas propostas e experiências, com novas técnicas e, principalmente, reconhecer que a grávida é a condutora do processo, sendo a sua participação essencial (ZAMPIERI, 2007).
Saiba mais:
Para facilitar o acompanhamento pré-natal, consulte: REZENDE, J. de. Obstetrícia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. 1514p NEME, B. Obstetrícia básica. São Paulo: Sarvier, 2000.
ZAMPIERI, M. F. M.; GARCIA, O.R.Z.; BOEHS, E.B.; VERDI, M. Enfermagem na atenção primária à saúde da mulher. Florianópolis: UFSC, 2007.
Antes de falarmos da consulta, é importante você fazer uma leitura das atividades desenvolvidas no pré-natal. Confira.
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Agora vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre a primeira consulta e as consultas subsequentes. Acompanhe.
A consulta é constituída das seguintes etapas:
histórico e anamnese;
exame físico geral e bucal e exames complementares;
levantamento de problemas ou dados;
análise dos dados;
plano de cuidados e registro.
O registro da evolução do tratamento é importante para a proteção da usuária, comprovação da realização das ações, garantia do pagamento da atividade após fechamento dos critérios mínimos do PHPN, e para o estabelecimento de indicadores no planejamento de saúde municipal, estadual e nacional (ZAMPIERI, 2007).
Reflexão:
Neste momento, reflita: você tem feito os registros no cartão da gestante, no prontuário e nos encaminhamentos que realiza?
Segundo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a), fazem parte do histórico:
dados de identificação da gestante;
dados socioeconômicos, psicológicos e culturais;
antecedentes familiares;
antecedentes pessoais;
antecedentes ginecológicos e obstétricos;
dados sobre sexualidade e DST;
intercorrências clínicas e cirúrgicas;
exposição ambiental ou ocupacional de risco;
história de violência;
dados da gestação atual;
motivo da consulta.
Todos esses devem ser abordados na primeira consulta e aprofundados nas subsequentes.
Na gestação atual, é preciso ter atenção quanto:
as queixas;
as necessidades e os conhecimentos da gestante sobre o processo do nascimento;
o planejamento e a aceitação da gravidez;
os sentimentos, os medos e as dúvidas;
a data da última menstruação (DUM), a idade gestacional (IG) e a data provável de parto (DPP);
os hábitos;
os dados antropométricos;
os desconfortos gravídicos e sinais característicos de gravidez;
os exames realizados;
a sexualidade;
as alergias;
os medicamentos utilizados;
o uso de drogas lícitas ou ilícitas;
as vacinas;
a alimentação;
os movimentos fetais;
os fatores de risco;
a queda do ventre;
as alterações ou infecções apresentadas;
os cuidados tomados pela gestante, entre outros fatores.
Sobre o exame físico, este é subdividido em geral e obstétrico.
O *exame físico geral deve obedecer às normas usuais da propedêutica clínica, utilizando palpação, ausculta, percussão e inspeção.
Neme (2000) e o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a) recomendam que, na primeira consulta de pré-natal, sejam avaliados os sinais vitais, o peso, a altura, as mucosas visíveis, a pele (cor, umidade, cicatrizes e temperatura), a coloração dos fâneros, a região cervical e axilar por meio da palpação, a presença do edema e seja realizada a ausculta cardiopulmonar e o exame do abdômen e dos membros inferiores.
Já no *exame físico-obstétrico, medidas antropométricas e sinais vitais fazem parte de todas as consultas. A inspeção geral abrange os aspectos gerais, as alterações no corpo da mulher, a estática e a avaliação da pele.
Contempla todos os segmentos do corpo: couro cabeludo, face (mucosas oculares e orais, cavidade oral, olhos, nariz, dentes), pescoço, tórax, glândula mamária, abdome, extremidades inferiores e órgãos reprodutores. A palpação obstétrica inclui as manobras de Leopold, a verificação da altura uterina e a avaliação de edema. Temos ainda ausculta dos batimentos cárdio-fetais.
Durante a consulta, são realizados vários procedimentos e condutas para a avaliação da evolução da gravidez, que podem ser vistas em maior profundidade acessando o Manual de Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada, publicações indexadas sobre o tema, em Zampieri (2007), e bibliografias clássicas de obstetrícia.
Antes de finalizar o conteúdo desta etapa, é importante ressaltar as intercorrências clínicas mais frequentes.
O processo da gestação nem sempre evolui de modo saudável, podendo a gestante apresentar intercorrências clínicas indesejáveis. As mais frequentes são: hiperêmese, síndromes hemorrágicas (abortamento, ameaça de aborto ou abortamento evitável, gravidez ectópica, mola hidatiforme, descolamento cório-amniótico, placenta prévia, descolamento prematuro da placenta), anemia, hipovitaminose A, hipertensão arterial na gestação e eclâmpsia, Diabetes Mellitus na gestação, hepatite B, toxoplasmose, infecção do trato urinário, infecção por HIV, outras DST, gestação prolongada, varizes e tromboembolismo, parasitoses intestinais e aminiorexe prematura.
Saiba mais:
A definição de cada uma delas, caracterização, principais fatores de risco e tratamento estão descritos no Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programática Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada - manual técnico. Brasília, 2006. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_puerperio_2006.pdf.
Chegamos ao final desta etapa do conteúdo. Siga com atenção: aprofunde seus conhecimentos acerca da importância dos cuidados à saúde da mulher e o papel do médico nesse contexto.
Para complementar os estudos, faça a autoavaliação proposta a seguir! Bom aprendizado!
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