A obesidade é reconhecida hoje como importante problema de saúde pública. É uma doença crônica, progressiva, fatal, geneticamente relacionada e caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura e desenvolvimento de outras doenças (co-morbidades). Os dados atuais são preocupantes: o número de obesos no Brasil e no mundo tem aumentado com muita rapidez (OBESIDADE, 2010).
Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002-2003, o excesso de peso, em 2003, afetava 41,1% dos homens e 40% das mulheres, sendo que considerados obesos estavam 8,9% dos homens e 13,1% das mulheres do país. Define-se assim que os obesos representavam 20% da população masculina e um terço da população feminina brasileira (IBGE, 2003).
A obesidade pode ser consequente de múltiplos fatores, podendo estes ser de ordem individual, a exemplo da susceptibilidade biológica, bem como ambientais, como padrões dietéticos e sedentarismo, combinados ao cotidiano do indivíduo. Possui dimensões sociais, biológicas e psicossociais, abrangendo a população como um todo, não se restringindo a grupos determinados por faixa etária ou ordem socioeconômica (MOREIRA, 2008).
É comum para a população, por motivos variados como o transtorno provocado em sua rotina diária, que esta retarde o contato médico até que a situação lhe pareça insuportável. Um fator importante que interfira nesta percepção, no que diz respeito à obesidade, é a relação entre a dor e a incapacidade trazidas pela doença, uma vez que o acúmulo de peso possui um desenvolvimento longo e silencioso, longo curso assintomático, curso clínico em geral lento, prolongado e permanente, manifestações clínicas oscilantes. Em muitos casos, não há dor física, porém há sofrimento, dor psicossocial. Já os profissionais da saúde, amarrados à visão tradicional da medicina, mantêm o conceito de doença como uma patologia orgânica, de origem genética ou transmissível/infectante, erradicável e curável com o uso de remédios e/ou cirurgias.
A percepção social de saúde-doença interfere intimamente na busca ou não por assistência à saúde.
A obesidade traz consigo consequências graves, como: insuficiência cardíaca, diabetes, arteriosclerose, hipertensão cardíaca e aumento da mortalidade, disfunções pulmonares, doenças cardiovasculares, problemas biliares e alguns tipos de câncer (SALVE, 2006). Porém, estes riscos devem ser avaliados levando em conta três pontos importantes combinados ao fato de o peso corporal ser excedente ao considerado adequado para cada indivíduo: a idade de aparecimento do fenômeno, duração e padrões de oscilações do peso.
Além de outras consequências físicas e fisiológicas sofridas pelo paciente obeso, não se pode ignorar a existência de fragilidades psicológicas e risco aumentado para problemas psiquiátricos. Estas pessoas constantemente sofrem com discriminações no meio social, o que as leva à baixa auto-estima, depressão, isolamento social, ansiedade, sentimentos de culpa, desamor, entre outros.
Para a classificação da obesidade de um paciente, este deve passar por uma avaliação íntegra, na qual seja coletado o maior número de informações possível, formando um quadro situacional, e a partir deste construir estratégias para o manejo junto ao mesmo. Tal percurso tem início com a coleta de dados da história clínica da pessoa, com informações de antecedentes familiares e aspectos socioculturais.
A avaliação é seguida de um apanhado direcionado à identificação do padrão alimentar em busca dos possíveis erros que colaborem para que a pessoa engorde. Algumas das estratégias que podem ser usadas nessa avaliação são as realizações:
do Recordatório Alimentar de 24 horas, o qual remete à descrição detalhada do paciente da sua ingesta alimentar nas últimas 24 horas;
do Registro Alimentar, em que o cuidador estipula um período (alguns dias), e neste tempo a pessoa registra suas refeições com detalhes;
da Frequência Alimentar, na qual se registra a frequência semanal da ingestão dos diferentes grupos de alimentos.
Estudos mostram que a obesidade causada por hiperfagia, em adultos, apresenta características psicológicas importantes, tais como: passividade e submissão, preocupação excessiva com comida, ingestão compulsiva de comida e drogas, dependência e infantilização, não aceitação corporal, medo de não ser aceito e amado, dificuldade de adaptação social, bloqueio da agressividade, dificuldade para absorver frustrações, insegurança, ansiedade, intolerância e culpa.
O indivíduo obeso enfrenta, durante muito tempo de sua vida, uma batalha incansável contra o excesso de peso, passando por tipos variados de dietas recomendadas por conhecidos, anunciadas em revistas como sendo a última moda, entre outras coisas que podem levá-lo a situações sérias de risco à sua saúde, não alcançando o objetivo mais importante, que é a mudança do seu hábito alimentar.
Para atingir sucesso nesta busca, o obeso necessita de apoio da família, dos amigos, da sociedade em si, e, não menos importante, de um profissional que o assista.
Abaixo seguem alguns grupos de apoio ao obeso. Você conhece algum deles?
Vigilantes do Peso: fundado por Jean Nidetch no fim dos anos 60 em Nova Iorque, Estados Unidos, o Weight Wacthers, com a intenção de estudar métodos seguros para a perda de peso de modo saudável, conveniente e acessível, revolucionou o conceito de emagrecimento (http://www.vigilantesdopeso.com.br/).
Amigos do Peso: é uma associação que se dedica a dar aulas semanais a pessoas que desejam emagrecer comendo de tudo, com saúde e felizes. (http://www.amigosdopeso.com.br/).
Meta Real: empresa direcionada a trabalhar a reeducação alimentar. Ela não trabalha apenas os aspectos nutricionais, mas combina-os às causas psicológicas, emocionais e fisiológicas de cada indivíduo, acreditando que é aí que se encontram as causas da obesidade. (http://metareal.com.br/int/mnuhom.asp).
Construímos uma atividade para você testar o que aprendeu sobre a obesidade. Se tiver dificuldades em realizá-la, refaça seus estudos.