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Discussão do Autor
Esse caso aborda o manejo clínico de síndrome gripal (SG) em um paciente adulto sem condições ou fatores de risco para complicação por influenza. O quadro adequa-se à definição de SG por apresentar febre de início súbito associada à tosse ou dor de garganta. Como o paciente não apresenta sinais de agravamento ou de descompensação de doença de base, não é enquadrado como caso de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) (Ministério da Saúde, 2013).
A proteção recomendada durante o atendimento clínico de pacientes com SG ou SRAG deve ser a indicada nas precauções de contato e precauções para gotículas. Dessa forma, o profissional deve colocar máscara cirúrgica para realizar o atendimento e deve lavar as mãos com água e sabão ou álcool 70% ao final da consulta (CDC, 2013; Ministério da Saúde, 2013). O uso da máscara que confere proteção contra partículas menores, como a N95, está indicada apenas em situações em que ocorra maior geração de aerossóis, como intubação, aspiração de secreções e micronebulização (Ministério da Saúde, 2013). Para minimizar a produção de aerossóis, recomenda-se avaliar a substituição de nebulização por medicação em spray com espaçador, sempre que possível.
Destaca-se também a necessidade de se organizar, nas unidades de saúde, o fluxo de atendimento a pacientes com quadro gripal para que haja identificação precoce e adoção de medidas de prevenção da transmissão também na sala de espera, enquanto o paciente aguarda atendimento. Os pacientes com suspeita de SG devem permanecer em local arejado, a no mínimo um metro dos demais pacientes, e sua circulação dentro da unidade deve ser limitada. Na impossibilidade de se manter distância de outros pacientes ou de limitar sua circulação dentro da unidade, o caso suspeito deve utilizar máscara cirúrgica. Além disso, deve ser orientado a manter medidas que evitam a transmissão da Influenza e outras doenças respiratórias (cobrir a boca ao tossir ou espirrar, utilizar lenço de papel e descartar de maneira apropriada) e lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou álcool gel.
Em casos de SG em pacientes sem condições ou fatores de risco para complicações, o uso de oseltamivir deve ser avaliado individualmente e pode ser considerado excepcionalmente, pois o benefício clínico é modesto (Jefferson, 2009; Ministério da Saúde, 2013). Também nesses casos não é necessária a notificação. No Brasil, recomenda-se a notificação de todo caso de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e, nos casos de SG, apenas na suspeita de surto da doença (Ministério da Saúde, 2013).
O afastamento de pacientes com SG deve-se dar no período de maior transmissibilidade da doença que corresponde ao período que vai do início da febre até que estes permaneçam 24h afebril (CDC, 2009). Crianças e pacientes imunossuprimidos com influenza podem excretar o vírus por períodos mais longos. A média de afastamento do trabalho e/ou da escola é de cinco dias, que corresponde ao período médio entre o início de sintomas e o momento em que o paciente permanece afebril por mais de 24h. O período de afastamento deverá ser maior para profissionais de saúde e para aqueles que têm contato com indivíduos que apresentem fatores de risco para complicações por influenza (ex: trabalhadores de creche). Nessas situações deve-se considerar o afastamento por pelo menos sete dias após o início do quadro ou até a resolução dos sintomas.
REFERÊNCIAS
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo de Tratamento de Influenza – 2013. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
Centers for Diseases Control and Prevention. CDC Recommendations for the Amount of Time Persons with Influenza-Like Illness Should be Away from Others. Disponível em: http://goo.gl/5Eq6h. Ultimo acesso em 28/03/2013.
Centers for Diseases Control and Prevention. Prevention Strategies for Seasonal Influenza in Healthcare Settings. Disponível em : http://goo.gl/MFvKh. Ultimo acesso em 28/03/2013.
Jefferson, T, Jones, M, Doshi, P, Del Mar, C. Neuraminidase inhibitors for preventing and treating influenza in healthy adults: systematic review and meta-analysis. BMJ, 2009; 39:b5106.