O Movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil

 

No final da década de 1970, o abrandamento da censura nos últimos anos do regime militar no Brasil e o fim do “milagre econômico” trouxeram à tona as insatisfações populares.

Questões como liberdade, participação, condições de vida e de trabalho foram temas que retornaram à pauta de luta dos sindicatos mais organizados e combativos.

As manifestações, de forma mais aberta e contundente, questionavam o modelo econômico e político vigente, exigindo mudanças.

Neste contexto, surgiram importantes entidades da sociedade civil. E, no setor da saúde, não foi diferente. Veja como se deu, historicamente, a participação deste setor em mudanças sociais significativas para o Brasil.

Decorrente da ideia de um novo olhar sobre a loucura, o cuidar passou a significar ocupar-se de fazer com que se transformem os modos de viver e sentir o sofrimento do paciente e que, ao mesmo tempo, se transforme sua vida concreta e cotidiana que alimenta este sofrimento.

Propõe-se uma nova forma de se relacionar com a pessoa portadora de transtorno mental, alicerçada na possibilidade de se estabelecer uma relação na qual exista reciprocidade, uma relação entre sujeitos, baseada num contrato entre a pessoa em sofrimento, o terapeuta e a sociedade. Isto gera a necessidade de invenção de novas modalidades de mediação, não somente médicas, mas também políticas, sociais e culturais.

A Reforma Psiquiátrica caracteriza-se como um processo social complexo, na medida em que se desenvolve em locais diversos, com atores sociais e conjunturas específicas e diferenciadas. Na ideia de processo, também está presente a noção de movimento, com a renovação de atores, conceitos e princípios. Assim sendo, a Reforma Psiquiátrica se constitui de várias dimensões simultâneas e interdependentes. Vamos ver, a seguir, alguns detalhes de cada uma delas.

O grande desafio é fazer da loucura e do sofrimento psíquico uma questão que ultrapasse as fronteiras do discurso técnico e do saber psiquiátrico, em especial, insistindo na dimensão existencial e humana que facilmente se esconde por trás dos jargões e protocolos médico-psicológicos, trazendo para o debate público do tema atores de diversos segmentos sociais.

É necessária uma abordagem multidisciplinar, com efetiva participação de diversos atores e seus respectivos saberes.

Com tal reflexão, concluímos esta tomada sobre o movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil.

Depois de tanta teoria, é hora de colocar parte dos conhecimentos em prática, participando da autoavaliação a seguir.

Créditos
Spricigo, Tagliari e Oliveira