Quando falamos em educação em saúde, é importante iniciarmos reforçando a ideia de que saúde e educação representam dimensões fundamentais à vida humana, mas, sobretudo, se caracterizam pela sua indissociabilidade na vida concreta, no cotidiano. Basta pensar que qualquer ação de saúde requer comunicação, conversação, diálogo entre os sujeitos envolvidos, seja individual ou coletivamente. Deste modo, a educação em saúde de que falamos aqui é entendida como processo social com grande potencial de transformação da realidade.
É necessário entender que, quando falamos em “educação”, não falamos no singular, mas no plural, “educações”. Ou seja, não existe apenas um jeito de educar em saúde, mas diferentes modos de pensar e fazer educação. E esse jeito de educar em saúde vai depender da visão de mundo, da concepção de saúde e de educação que temos.
Pode-se compreender mais sobre essa questão conhecendo três modelos que têm embasado a prática educativa no contexto da saúde:
educação para a saúde ou educação sanitária;
educação em saúde; e
educação popular e saúde.
Educação para a saúde
Confira na animação a seguir mais informações sobre a educação para a saúde:
Na educação para saúde ou sanitária, o papel que o profissional de saúde assume é de detentor do conhecimento correto para tratar cada problema (doença, enfermidade, sintoma, risco) negando a possibilidade de participação ativa dos sujeitos nos processos terapêuticos. A esses sujeitos resta o papel passivo de aceitar as orientações, medicamentos, procedimentos e demais intervenções nos seus corpos, mentes e vida, com muita paciência.
É importante ressaltar que a prática educativa reduzida a ações e técnicas passa a se constituir num momento de domínio exclusivo do “profissional”. Passa a ser o momento de dar orientações, o momento de fornecer informações, de re(forçar) e até de cobrar e repreender. Não é à toa que as pessoas são chamadas de pacientes.
Educação em Saúde
A partir de 1980, a educação para saúde ou saúde sanitária passou a ser criticada, impulsionando o surgimento de um novo modelo de educação nessa área: ‘educação em saúde’.
Os modelos de ‘educação em saúde’ e 'educação e saúde' passam a ser entendidos como processos sociais articulados em cuja interface emerge seu potencial. Neste modelo, o processo saúde-doença é reconhecido como processo determinado socialmente, porém sem descaracterizar a materialização do sofrimento nos corpos, nas relações dos sujeitos. Busca-se superar a dicotomia profissional/paciente, aquele que sabe/aquele que aprende, aquele que determina/aquele que obedece, com uma nova visão do sujeito com potencial crítico, criativo, transformador da realidade, e, sobretudo, capaz de decidir a respeito de sua saúde (FIGUEIREDO; RODRIGUES-NETO, LEITE; 2010).
Educação Popular e Saúde
Como movimento de resistência aos modelos tradicionais de educação em saúde surgiu o movimento identificado com a Educação Popular. O movimento da Educação popular e saúde buscava resgatar o protagonismo da população como sujeitos autônomos para decidir sobre sua saúde e seu corpo, e como coletivo cuja ação política pode interferir nas decisões do sistema de saúde. Nesse sentido, deve haver um compromisso solidário entre os sujeitos envolvidos (indivíduo, família, profissional), pautado na troca de experiências, em que o saber técnico do profissional não é anulado e o saber popular do indivíduo/família não é subestimado (VASCONCELOS, 2001).
Para esse movimento, é preciso que todos assumam a condição de aprendizes, buscando compreender a realidade e as tramas de poder que dominam as relações existentes, inclusive nos serviços de saúde. É necessário que os sujeitos descubram-se com poder e com força para reagir, para pensar, para criticar, para criar e para transformar. Essa força nasce da potência de criação popular, do poder de resistência e de transformação da população.
Busque verificar se compreendeu corretamente os modelos de educação em saúde aqui expostos. Para isso, realize a atividade a seguir.