Longitudinalidade do cuidado na Atenção Básica: a experiência do município de Terra Roxa - PR

Abstract

A longitudinalidade do cuidado é uma característica que faz a atenção primária se diferenciar dos demais níveis assistenciais. Tal característica relaciona-se com o vínculo estabelecido entre usuário e unidade de saúde. Quando presente na atenção primária a longitudinalidade do cuidado propicia diagnóstico e tratamento mais precisos além de uso racional de recursos e vínculo positivo com a clientela adscrita. Na Unidade de Saúde da Família (ESF) Ângelo Lopes no município de Terra Roxa-PR, por motivos organizacionais, a longitudinalidade do cuidado não é observada e tal fato dificulta o trabalho da Equipe de Saúde de Família, causa gastos desnecessários ao município e prejudica o usuário. O estudo objetiva orientar os setores responsáveis pela organização do sistema de saúde no município acerca da relevância da longitudinalidade do cuidado na atenção básica e cobrar dos mesmos mudanças organizacionais que trarão benefícios aos usuários do sistema publico de saúde e ao município. Através de reuniões de sensibilização, os gestores locais, profissionais e usuários foram apresentados relatórios e justificativas na literatura no sentido de fortalecer os fluxos que garantam a continuidade do cuidado no município. Para reforçar os compromissos assumidos nas reuniões de sensibilização utilizou-se a colagem de cartazes e realização de palestras informativas acerca do funcionamento de equipe de saúde da família. Junto aos pacientes foi realizada uma campanha de conscientização da importância da consulta agendada e do retorno com o mesmo médico para o acompanhamento continuado do caso e se houve progressão ou não dos sintomas após a intervenção do médico. Esperava-se um maior entendimento da população acerca do funcionamento de uma unidade de saúde da família e a diminuição do número de casos atendidos na ESF Ângelo Lopes, em que a longitudinalidade do cuidado não era observada. Mesmo com o crescimento no atendimento dos retornos solicitados, e apesar da equipe de gestão municipal de saúde solicitar aos médicos atendentes a atualização do prontuário dos pacientes atendidos, os dados coletados permitiram inferir que isto não ocorreu, pois a proporção de registro ficou entre 0% a 4,4% de prontuários atualizados.