Clínica Ampliada

Clínica Ampliada como metodologia de trabalho

Créditos

páginas:

Clínica Ampliada como metodologia de trabalho?

Na produção de cuidado, toda profissão de saúde faz um recorte, um destaque de sintomas e informações, a depender do núcleo de saber profissional envolvido. A Clínica Ampliada busca, através da interação entre as equipes e a intersetorialidade, constituir-se como uma ferramenta de atuação na clínica para além dos pedaços fragmentados, sem deixar de reconhecer e utilizar o potencial dos diferentes saberes.

Neste sentido, valoriza a escuta atenta e qualificada na Atenção Básica e amplia o entendimento sobre o processo saúde-doença, sem supervalorizar determinada forma matriz de conhecimento. Para isso, pressupõe dos profissionais o reconhecimento da singularidade de cada situação a fim de ponderar o quanto é possível e necessário compartilhar diagnósticos e terapêuticas.

Essa ampliação do objeto de trabalho comumente traz incertezas aos profissionais de saúde, acostumados a trabalhar com objetos restritos especificamente relacionados ao seu núcleo de saber. Ampliar o campo de atuação para a pessoa, família ou comunidade em questão pode trazer insegurança, mas deve ser compreendido como um processo que é parte da mudança e da qualificação do trabalho em saúde.

Além disso, é preciso criar mecanismos de suporte aos profissionais para que possam lidar com as próprias dificuldades e com aproximações e distanciamentos positivos e negativos nas diferentes situações identificadas e trabalhadas através de uma clínica ampliada.

Por fim a prática de uma Clínica Ampliada pode ser caracterizada por cinco movimentos:

Neste contexto, surge com a PNH, a proposta de construção compartilhada dos diagnósticos e terapêuticas. Ao ampliar a compreensão do processo saúde-doença, há necessidade de se reconhecer que a ação clínica é complexa, tanto nos determinantes do processo que origina a doença, como nas consequências das intervenções profissionais. Também se reconhece que o projeto de cuidado estabelecido por um profissional isolado não dá conta dessa complexidade e há a necessidade de se compartilhar os diagnósticos dos problemas e a construção conjunta de propostas de solução entre a equipe e o usuário, o que potencializa a obtenção de resultados positivos. No entanto, a formação disciplinar e isolada dos profissionais, assim como a organização do trabalho em saúde promoveu a fragmentação do processo de trabalho; e então os profissionais de saúde não se percebem como responsáveis por pessoas ou famílias. Focam suas ações na maioria das vezes na realização de procedimentos, diagnósticos ou intervenções em “pedaços de pessoas”.

Na consecução desses projetos de cuidado ocorrerá necessidade de transformação dos “meios” ou instrumentos de trabalho, de forma que as relações entre a equipe, com outras equipes e com o usuário favoreçam a comunicação. Nesta construção, são necessárias a capacidade de escuta do outro em si mesmo e a capacidade de lidar de forma crítica com condutas automatizadas, com a expressão de problemas sociais e subjetivos, com família e com comunidade, demandando um olhar complexo sobre os casos que se apresentam na Unidade de Saúde e no território.

Delziovo, Pedebôs e Moretti-Pires

Tópico 1 - páginas: