A complexidade da realidade social e das necessidades de saúde tem exigido dos diferentes atores sociais a busca por estratégias que possam contribuir para lidar com as situações ou demandas identificadas no território em que vivem. Dentre essas possibilidades, discutimos até aqui questões relacionadas com a intersetorialidade, a promoção da saúde, a participação social e a cogestão. Nesta unidade, apresentamos, também, o trabalho em redes como um meio de articular os diferentes sujeitos, individuais ou coletivos, para construir os conhecimentos necessários e intervir nas situações identificadas. Esta é uma tática que contribui, e muito, para o sucesso de um PST.
Para Borzel (1997 apud MENDES, 2011, p. 83)*, “as redes são relações não hierárquicas de compartilhamento de objetivos comuns entre vários atores, com troca de recursos no suposto de que a cooperação é a melhor forma de alcançar esses objetivos”. Neste sentido, têm a função primordial de proporcionar suporte e funcionam como um dispositivo que potencializa a organização dos sujeitos na intenção de atuar sobre as várias dimensões de sua saúde, principalmente quando esta rede apresenta-se forte e integrada.
MENDES, E. V. As redes de atenção à Saúde. Brasília: OPAS, 2011.
Portanto, como construção coletiva da organização de sujeitos, trabalhar em redes significa ampliar os campos de percepção e atuação para além do setor saúde e para além do saber técnico relativo ao setor, englobando diferentes perspectivas e proposições na interação efetivada.
Tais sistemas, também chamados de Redes de Atenção à Saúde (RAS), procuram dar conta de situações agudas e crônicas, assim como estão “organizados através de um conjunto coordenado de pontos de atenção à saúde para prestar uma assistência contínua e integral a uma população definida” (MENDES, 2011, p. 50)*.
MENDES, E. V. As redes de atenção à Saúde. Brasília: OPAS, 2011.
Esta nova lógica rompe com a proposta de sistemas hierarquizados de atenção, trabalhando de forma poliárquica e buscando um alto grau de articulação entre os diferentes atores e serviços envolvidos nos processos de cuidado.
O trabalho em redes pressupõe, portanto, a construção de ações colaborativas em saúde que envolvam equipes multiprofissionais e pessoas/coletivos usuários, com ênfase em processos que estimulem a coprodução e a corresponsabilização pelo cuidado, fatores preponderantes para a implementação de um PST. Além disso, compreende o território como um território-processo e incentiva a articulação intersetorial ampla e a participação social, conceitos já discutidos ao longo deste módulo.
Verdi, Freitas e Souza