A mobilidade urbana é entendida como a capacidade cotidiana de deslocamento de pessoas e bens no espaço urbano de forma segura e em tempo considerado adequado. Nos últimos anos, essa questão tem se mostrado extremamente problemática na maioria das cidades, ocasionada pelo crescimento acelerado e desordenado, impedindo planejamento e estruturação adequados e, consequentemente, comprometendo a mobilidade e a saúde da população.
Buscando, então, compreender o processo histórico e singular do território em questão, a equipe organiza um roteiro estruturado para observar e relatar questões referentes ao espaço urbano, englobando:
História do bairro: como se constituiu, de onde vieram as pessoas que o fundaram, como era organizado há décadas, como foi se construindo até os dias atuais, etc.
Contato com moradores: como conheciam antigamente e conhecem o território hoje, qual a sua percepção e avaliação sobre a questão da mobilidade urbana, quais suas expectativas em relação ao tema, possibilidades de ação vislumbradas, etc.
Informações sobre a população do território: dados de morbi-mortalidade, condições socioeconômicas, etc.
Estrutura atual dos espaços públicos: existência e condições de vias para automóveis, pedestres e ciclistas, espaços de lazer, presença de calçadas, iluminação pública e suas condições.
Condições de segurança para a mobilidade urbana: sinalização, respeito aos espaços destinados aos pedestres e ciclistas, presença de passarelas e faixas de pedestres, segurança pública, presença de animais soltos nas ruas, etc.
Fluxo da população: tempo despendido para deslocamento dentro do bairro e para outros bairros do município, acesso a serviços essenciais (como saúde e educação), oferta de transporte público em condições adequadas, meios de locomoção utilizados, etc.
Organização espacial do bairro: como são e se organizam as casas, existência de terrenos baldios, fauna e flora, arborização, desmatamento, etc.
Serviços, equipamentos e instituições existentes: instituições de educação e saúde, associações, igrejas, indústrias, estabelecimentos comerciais, etc.

Baseando-se, então, em um diagnóstico que considera diferentes facetas e opiniões sobre o território, a equipe passa a elencar hipóteses explicativas sobre o problema da mobilidade urbana naquele território (por exemplo, grande número de atropelamentos de ciclistas devido à falta de sinalização e fiscalização de velocidade máxima permitida na via para automóveis) e traçar um planejamento que busque dar conta de solucioná-lo. A priorização das ações procura reforçar a produção social de saúde, reduzir a vulnerabilidade social e promover a saúde dos sujeitos ou coletivo em questão.
À medida que a discussão se aprofunda, a equipe consegue perceber o problema de maneira ampliada, compondo novas estratégias e outras possibilidades de intervenção (voltando-se à insegurança dos ciclistas, resolvida a questão da sinalização e da fiscalização de velocidade, seria possível, por exemplo, avançar em um segundo momento para a constituição de uma associação de ciclistas do bairro ou um movimento comunitário direcionado para a busca pela construção de uma ciclovia no território).
Verdi, Freitas e Souza