Atenção Integral à Saúde da Criança

Experiências Exitosas do Trabalho Interdisciplinar na Atenção Básica

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Equipe de Saúde Bucal aposta na parceria com escola para promover a ortodontia preventiva e interceptativa

Em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, a cerca de 180 quilômetros de Porto Alegre, a população de 2.300 habitantes conta com 100% de cobertura da Saúde da Família. E essa cobertura tem se mostrado decisiva para a construção de uma saúde bucal nas crianças e jovens do município.

Em 2003, o resultado de um levantamento epidemiológico realizado junto aos alunos do Ensino Fundamental da cidade revelou índices elevados de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados (CPO-D). Enquanto no Brasil, esse índice, aos 12 anos de idade, é de 2,78, a cidade registrou 3,68 (BRASIL, 2008c).

O mesmo levantamento registrou o índice de CEO-D (dente decíduo cariado, com extração indicada e obturado) de 4,33 contra 2,80 da média nacional. Esses indicativos levaram a Equipe Saúde da Família (ESF) a elaborar uma estratégia específica para o combate a esses males, identificando que as ações a serem adotadas deveriam partir da educação e da prevenção nas escolas.

Lidando com a má-oclusão dentária nas UBS

A má-oclusão dentária é a alteração do crescimento e desenvolvimento que afeta a oclusão dos dentes, problemas de posicionamento dos dentes na arcada e mau relacionamento dos ossos maxilares. Sendo o terceiro problema de saúde bucal no Brasil, a má-oclusão dentária gera efeitos estéticos como os dentes encavalados – como se diz popularmente – ou com diastemas (os dentes separados), ou ainda, dentes permanentes que nascem fora do lugar. Porém, mais que efeitos estéticos negativos, esses problemas podem trazer sérias consequências para a vida da criança: desde desgastes ósseos ao prejuízo à interação social e ao bem-estar.

Esse problema, assim como a cárie e a doença periodontal, não precisa ser tratado apenas nos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO). É possível tratá-lo na própria Unidade de Saúde.

É o que a equipe de saúde bucal da Unidade São Valentim tem feito a partir do momento em que foi identificado um elevado número de crianças com esse problema e, aliado a ortodontia preventiva, a equipe tem atuado junto à escola também com ortodontia interceptativa.

A ortodontia preventiva visa evitar as más-oclusões por meio da discussão de valores, saberes e crenças da população, por isso, na cidade, o tema é trabalhado com o grupo de gestantes, nas reuniões de pais na escola, nas campanhas de vacinação infantil e, sobretudo, conta a auxiliar de consultório dentário, nos momentos de visitas domiciliares.

O trabalho é de toda equipe e, especialmente, das Agentes Comunitárias de Saúde que discutem com adultos e crianças acerca da importância da escovação e dos cuidados em saúde bucal.

Embora seja possível prevenir e amenizar alguns problemas de má-oclusão dentária, há aqueles casos em que é necessária uma intervenção mecânica. Aí entra a ortodontia interceptativa que procura atenuar o problema ainda precocemente, evitando ou facilitando um posterior tratamento, que no caso de aparelhos ortodônticos, em geral, são caros e o tratamento é mais demorado. Entre as intervenções possíveis de serem feitas pela Equipe de Saúde Bucal estão: a rampa acrílica autopolimerizável para descruzamento de dentes anteriores; a guia canina com resina fotopolimerizável; e ajuste oclusal, para alguns casos de mordida cruzada lateral.

Souza, Döhms, Carcereri, Tognoli, Lorenzzoni, Faccin, Miranda e Delziovo

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