Atenção Integral à Saúde do Adulto

Experiências exitosas do trabalho interdisciplinar na Atenção Básica em saúde do adulto primária

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Todos contra um: a experiência de um trabalho multiprofissional contra o tabagismo

Na Unidade de Saúde da Família (USF) do bairro Tributo, em Lages (SC), foi identificada uma quantidade alta de fumantes e, como consequência, um grande número de consultas médicas era destinado ao tratamento dos malefícios causados pelo tabaco.

O grupo de combate ao tabagismo teve início em abril de 2009. A equipe multiprofissional responsável pelo projeto é composta por uma médica, uma assistente social, uma dentista, dois psicólogos e uma enfermeira, todos residentes em Saúde da Família e Comunidade, uma auxiliar de enfermagem e três agentes comunitárias de saúde.

A condução dos encontros obedeceu a metodologias ativas, com emprego de métodos e técnicas que possibilitem e facilitem aos integrantes do grupo vivenciar seus sentimentos, percepções sobre os fatos e informações e refletir sobre eles, ressignificando seus conhecimentos e valores e percebendo as possibilidades de mudança.

Na primeira reunião, com a presença de três usuários, realizou-se a exposição dos objetivos do grupo, bem como a apresentação de todos os participantes e da equipe técnica, buscando-se conhecer as experiências prévias dos usuários e seus anseios com o grupo, abrindo-se um espaço para que outras propostas fossem trazidas por todos. No decorrer do processo foram utilizadas diversas dinâmicas a fim de estimular a participação dos usuários e buscar o objetivo de parar de fumar.

Observa-se que o conceito de qualidade de vida desses indivíduos vai além de não mais ingerir as substâncias maléficas do tabaco, já que se sentiram mais confiantes em si mesmos, levando essa experiência para outros aspectos da sua vida, pois perceberam-se determinados, sendo sujeitos ativos para a mudança. Pensando ainda nos aspectos psicológicos, ressalta-se que os usuários que conseguiram parar de fumar não desenvolveram outros vícios nem manias como forma de compensação do comportamento extinguido.

Cabe ressaltar que, quando um sujeito para de fumar, provoca uma "ruptura" em sua vida, ele precisa abolir o comportamento de uso do cigarro, buscando se adaptar a uma "nova forma" de experiência em saúde. Modificar hábitos e condutas não é tarefa fácil, por isso a importância da iniciativa de grupos onde os sujeitos possam encontrar "o seu lugar", um lugar que garanta a cada um a sua importância.

Dentre outros aspectos, destaca-se a também a iniciativa de construção de redes sociais na vida das pessoas, de redes de apoio, de sentimento de pertença, de maior envolvimento com o outro para desenvolver a capacidade de apoiar. Afinal, precisamos encontrar apoio e sentir que alguém acredita em nós.

Pode-se perceber que no grupo Todos Contra Um, além de terem o objetivo comum de parar de fumar, os participantes buscaram o objetivo de levar informação para outras pessoas, pois se tornaram amplos divulgadores das atividades desenvolvidas e principalmente da necessidade de cessação do vício para a população do bairro.

Diante do exposto, entende-se que a existência da equipe multiprofissional é crucial para a compreensão dos diversos fenômenos humanos, já que apenas um olhar não dá conta de responder às vicissitudes do ser humano.

Na tentativa de promover mudanças no modelo assistencial e em suas práticas no SUS, a prevenção de doenças e agravos tem tido maior enfoque. Grupos antitabagismo possibilitam ações voltadas à prevenção dos danos causados pelo tabagismo e sobretudo à promoção de melhor qualidade de vida a esses usuários. Quanto aos profissionais de saúde, é preciso não ter uma postura passiva, e sim proativa, agindo sobre contingências (quando possível) e não no aguardo de doença para tratar (FREDERICO et al., 2010).

Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda

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