Com relação ao lactente, atente para os problemas mais comuns, as causas e as ações de enfermagem, descritos a seguir:
Regurgitação
Causas mais comuns
Ingestão do alimento além da capacidade gástrica; imaturidade do controle de passagem do alimento do esôfago para o estômago (refluxo).
Ações de enfermagem
Recomendar medidas posturais: manter o lactente em berço elevado;
Incentivar a eructação após as mamadas; movimentar o menos possível a criança após as mamadas; evitar deitar o recém-nascido logo após as mamadas, manter a boca da criança higienizada;
Utilizar babadores e/ou proteção da roupa para evitar outros desconfortos.
Não se recomenda mais decúbito lateral nos lactentes, devido ao risco maior de morte súbita.
Dor abdominal – cólica
Causas mais comuns
Comum em lactentes menores de três meses.
Alimentação muito rápida; ingestão excessiva de alimentos; deglutição de ar durante a alimentação; técnicas inadequadas de alimentação; estresse ou tensão emocional entre a criança e os cuidadores. Em alguns casos, pode ser sintoma de algumas alergias alimentares.
Ações de enfermagem
Procurar investigar as possíveis causas. As medidas indicadas são utilizadas para os recém-nascidos, discutidas no quadro 13.
Constipação intestinal
Causas mais comuns
Além das questões dietéticas, como a baixa ingestão de fibras, existem outras condições associadas, tais como: doença de Hirschprung, malformação anorretal, Chagas, pseudo-obstrução intestinal, tumores, hipotireoidismo, hipocalemia, hipercalcemia, espinha bífida, trauma, mielomeningocele, doença celíaca e fibrose cística. No entanto, 90% dos casos acontecem devido a alterações funcionais; caso suspeite de doença orgânica, encaminhe para investigação. Se possível, peça apoio ao pediatra do NASF ou ao médico de sua equipe.
Ações de enfermagem
Orientar uma dieta rica em fibras alimentares. No lactente, recomenda-se caldo de ameixa-preta com açúcar mascavo (DUNCAN, 2004); aumento de ingestão de líquidos; criação do hábito de sentar no vaso sanitário após as principais refeições, sem repreensão, com os pés apoiados e com protetor sanitário para que a criança se sinta segura. Um banquinho apoiando os pés ajuda na prensa abdominal. O uso de um calendário com marcador (por exemplo, com carinhas, sol...) do hábito intestinal e reforço positivo não material pode ser útil. O estímulo com cotonete embebido com vaselina na ponta do ânus pode ser útil. Explicar aos pais e à criança sobre constipação funcional; estimular uma postura não acusatória, evitando atitudes e comportamentos negativos.
Uma das principais causas de falha, recorrência ou abandono do tratamento da constipação é a falta de conhecimento por parte dos pais e da criança em relação ao caráter prolongado do tratamento.
Acompanhe, no quadro 17, como avaliar a constipação funcional em crianças:

Quadro 17: Critérios para diagnóstico de constipação funcional em crianças
Fonte: Motta e Silva (1998).
Anders, Boehs, Souza