Atenção Integral à Saúde do Adulto

O usuário com doenças transmissíveis

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Os usuários com doenças sexualmente transmissíveis e AIDS

A AIDS, uma das DSTs, é uma doença caracterizada por uma disfunção grave do sistema imunológico do indivíduo infectado pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). Sua evolução é marcada por uma considerável destruição de linfócitos T CD4+ e pode ser dividida em três fases:

• Infecção aguda, pode não surgir algumas semanas após a infecção inicial, com manifestações variadas que podem se assemelhar a um quadro gripal, ou mesmo a uma mononucleose. Nessa fase, os sintomas são autolimitados, e quase sempre a doença não é diagnosticada devido à semelhança com outras doenças virais. Em seguida, a pessoa infectada entra em uma fase assintomática, de duração variável de alguns anos.

• doença sintomática, da qual a AIDS é a sua manifestação mais grave da imunodepressão, é definida por diversos sinais, sintomas como: febre prolongada, diarreia crônica, perda de peso importante (superior a 10% do peso anterior), sudorese noturna, astenia e adenomegalias.

• infecções oportunistas surgem ou reativam-se em decorrência da AIDS, tais como tuberculose, pneumonia por Pneumocistis carinii, toxoplasmose cerebral, candidíase e meningite por xriptococos, dentre outras. Tumores raros em indivíduos imunocompetentes, como o sarcoma de Kaposi, linfomas Não-Hodgkin podem surgir, caracterizando o quadro de AIDS. A ocorrência de formas graves ou atípicas de doenças tropicais, como leishmaniose e doença de Chagas, tem sido observada no Brasil. A história natural da doença vem sendo modificada pelos antirretrovirais que retardam a evolução da infecção até o seu estágio final.

A AIDS e as políticas públicas de saúde

A AIDS foi conhecida pela sociedade já tomando forma de epidemia, trazendo a forte marca da letalidade, uma vez que os primeiros indivíduos acometidos pela doença tinham uma expectativa de meses de vida, em virtude da inexistência de tratamentos com expectativa de cura ou de controle da doença. O pavor criado em torno da AIDS coincidiu com a desinformação da sociedade e da própria ciência biomédica, que apresentou dificuldades em compreender os mecanismos do vírus HIV (BARATA, 2007).

Pelas repercussões desta doença na população mundial por quase três décadas, a AIDS suscitou o interesse de diversas áreas de conhecimento, buscando-se um entendimento da epidemia em suas dimensões biológicas, sociais, antropológicas, psicológicas, entre outras.

No Brasil, o primeiro caso de AIDS foi identificado em 1980, e sua disseminação progressiva alcançou mais da metade dos municípios brasileiros, chegando a uma estimativa de cerca de 620 mil pessoas vivendo com HIV em 2008, apontando atualmente para um processo de estabilização.

A AIDS, reconhecida como a DST de maior gravidade, chamou a atenção para o problema de saúde pública representado pelas demais DSTs. Resgatamos como exemplo desta problemática a sífilis, cuja prevalência permanece desafiando os serviços de saúde pública ao longo dos anos, apesar de ter seu agente etiológico, patogenia e diagnóstico conhecidos, terapia eficaz e de ser de fácil prevenção.

Esta preocupação também se estende às demais DSTs, pois a prevenção e o tratamento dessas doenças constituem-se importantes estratégias no controle da epidemia da AIDS, já que sua ocorrência aumenta tanto a vulnerabilidade de adquirir o vírus do HIV, como transmiti-lo.

Neste sentido, a AIDS trouxe um alerta para o mundo sobre a prática do sexo seguro e a necessidade de um investimento intenso nos programas de prevenção entre a população (ROCHA, 2002).

Em seu período inicial, a epidemia da AIDS foi reconhecida como um problema que exigia respostas urgentes. Deste modo, o Ministério da Saúde brasileiro reconheceu oficialmente a AIDS como um problema de saúde pública no ano de 1985, criando o Programa Nacional da AIDS, estabelecendo as primeiras diretrizes e normas para o enfrentamento da epidemia, propondo, como atividades, um sistema formal de vigilância epidemiológica. As normas para o combate da AIDS tinham inicialmente como alvo os homossexuais e os bissexuais masculinos, hemofílicos e politransfundidos e usuários de drogas injetáveis. Naquela ocasião, a AIDS foi inserida no cenário nacional no momento em que o país passava por uma série de transformações políticas, representada no campo da saúde pelo movimento da reforma sanitária, pela crise política do regime militar e o início do processo de redemocratização, fatos estes que se configuraram como pano de fundo para a construção de políticas públicas em resposta à epidemia (MARQUES, 2002).

Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda

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