O Sistema Único de Saúde evoluiu com o Programa DST e AIDS, uma vez que tais políticas tiveram sua gênese no mesmo período histórico, partindo de princípios filosóficos comuns, estando ainda em processo de construção e execução. Podemos dizer que a emergência da epidemia da AIDS acelerou alguns processos nesta política setorial em relação ao SUS como um todo, fazendo com que muitas vezes não fossem percebidos como política do SUS (VENTURA, 2005).
Em 1996, o Brasil adotou uma política de distribuição de antirretrovirais para todas as pessoas acometidas pela doença, mesmo contra as recomendações e advertências do Banco Mundial. Essa política trouxe mudanças relevantes para os indivíduos acometidos pela doença, como a redução da morbidade, mortalidade e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida. Ainda nesse período, desenvolveu-se uma rede de alternativas assistenciais em todas as regiões do país: Serviços Ambulatoriais Especializados (SAE), Hospitais-dia (HD) e Serviços de Assistência Domiciliar Terapêutica (ADT), além dos hospitais convencionais. Várias ONGs criaram casas de apoio, casas de passagem e grupos de convivência, para o desenvolvimento de atividades de forma complementar às assistenciais oficiais (BRASIL, 2005).
Por este motivo, em 1º de dezembro de 2004 (Dia Mundial da Luta contra a AIDS), as campanhas tiveram a mulher como tema, abordando a oferta dos testes de AIDS e sífilis na gravidez.
Mesmo com testes gratuitos e tratamento fácil e acessível, a sífilis em gestantes tem três vezes maior incidência que a AIDS. Estima-se que aproximadamente 1,1% da população brasileira – em torno de 937 mil pessoas – é infectada pela sífilis todos os anos, e que aproximadamente sessenta mil gestantes (1,7% das mulheres grávidas) são portadoras da infecção.
A grande preocupação no caso de gestantes com sífilis é a transmissão para o bebê durante a gravidez. Embora o tratamento seja simples, cerca de 70% das gestantes infectadas transmitem a doença aos bebês, por não fazerem o tratamento adequado.
A sífilis na gestação pode provocar graves problemas de saúde na criança ou levar ao aborto. Para reverter esta situação, o Ministério da Saúde tem investido em ações que ampliem o diagnóstico precoce e o tratamento adequado (BRASIL, 2005). Segundo a Organização Mundial da Saúde, as DSTs representam ônus para a população, e o percentual de prevalência das DSTs curáveis na população em geral é cerca de 5%, a prevalência de sífilis em gestantes é maior ou igual a 1%, e a prevalência das DSTs curáveis é maior que 10% em certas subpopulações, como homens e mulheres em situação de prostituição, jovens, usuários de drogas injetáveis (BRASIL, 2006a). São denominadas DSTs curáveis: sífilis, gonorreia, tricomoníase, infecção por clamídia, dentre outras.
Você já refletiu sobre isso? Por que a AIDS produz maior interesse entre os pesquisadores? Pense nisso!
O desenvolvimento da doença nos indivíduos é dividido em dois períodos: o período de incubação e o período de latência. O primeiro deles é o período compreendido entre a infecção pelo HIV e o aparecimento de sinais e sintomas da fase aguda, podendo variar de cinco a trinta dias. Não há consenso sobre o conceito desse período em AIDS. Já o período de latência é aquele compreendido entre a infecção pelo HIV e os sintomas e sinais que caracterizam a doença causada pelo HIV/AIDS. Sem o uso dos antirretrovirais, as medianas desse período estão entre três e dez anos, dependendo da via de infecção.
Reibnitz Jr., Freitas, Ramos, Tognoli, Amante, Cutolo, Padilha e Miranda