A avaliação de enfermagem a esta família envolve aspectos relacionados ao trabalho transdisciplinar, no acolhimento e na integralidade do cuidado, passando necessariamente por um trabalho em equipe.
A enfermeira deve participar ativamente na gestão e na prestação do cuidado, criando uma interlocução entre equipe de enfermagem, ACS, médico e demais profissionais da área.
Os fatores de risco para as alterações da integridade cutâneo-mucosa nesta família são:
Plano de cuidado (intervenções)
Os programas educacionais abrangentes e intensivos produzem resultados positivos e interferem na prevenção das complicações crônicas. A efetividade de um programa de educação, acolhimento e de um cuidado solidário e dialógico, como forma de empoderar o outro no sentido de torná-lo parceiro e pró-ativo desse processo, com essa abordagem à enfermeira, pode assegurar melhor adesão ao tratamento clínico. Ao orientar sobre os verdadeiros fatores de risco para câncer de pele, dor crônica, determinantes de desigualdade social, demonstrando acolhimento, empatia e fazendo com e pelo outro, poderá ajudá-los a compreender melhor os determinantes do processo saúde-doença-cuidado.
Os cuidados de enfermagem a esta família envolvem ações de vigilância à saúde, com uso de proteção individual, filtro solar, boné, higienização oral, corporal, com sabonetes que possam criar barreira cutânea contra traumas. Adaptação de sabonetes líquidos, glicerinados, óleos vegetais, visando prevenir incapacidades funcionais, já faz parte dos protocolos da saúde coletiva, sendo que podem ser obtidos nos Programas de Atenção Básica. O trabalho transdisciplinar permitirá à enfermagem ou à equipe odontológica possibilitar higiene oral com o uso de clorexidene 2% aquoso diluído e água.
Deve-se também ter atenção aos seguintes cuidados e orientações:
- Orientar sobre calor ou gelo local nas áreas de algia decorrentes de processos inflamatórios crônicos, além de exercícios de alongamento e relaxamento;
- Garantir vacinação do esquema básico de toda a família;
- Alertar para a importância do lazer, gregária, exercícios físicos e integração social (SESC, SESI, CEU...);
- Planejamento da sala de curativos: executar com a auxiliar de enfermagem o preparo da sala, discutir o Protocolo de Prevenção e Tratamento de Úlceras Crônicas e do Pé Diabético e técnica de curativo.
É provável que Josélia tenha uma ferida venosa, no momento colonizada, que deve ser limpa com técnica segundo padrões do AAHCPR, ABESE, SOBENDE e SOBEST, explicando claramente para a usuária a causa da lesão, os fatores de risco em linguagem acessível e não técnica, demonstrando a importância inicial do controle bacteriano, para que em seguida possa ser selecionada uma cobertura que associe a compressão reduzida para o controle do retorno venoso e otimização do processo cicatricial.
Procedimentos
Conheça os procedimentos:
No entanto, a etiologia exata da ferida descrita não pode ser estabelecida com os dados fornecidos na descrição do caso. Faltam ainda alguns dados de anamnese, bem como alguns exames complementares que o médico e a equipe podem levantar, tais como:
Esses dados da história clínica podem ajudar na determinação etiológica da ferida, que pela localização pode-se tratar de úlcera venosa com componente arterial associado (úlcera mista) ou infecciosa (leishmaniose). Há sinais clínicos de infecção, como hiperemia, aumento da lesão e do exsudato. O edema é decorrente do aumento da pressão hidrostática intersticial e dificulta a cicatrização.
Para auxílio do diagnóstico etiológico correto da lesão são necessários, idealmente, os seguintes exames complementares:
1- Medida do Índice Tornozelo-Braquial (ITB). Se o ITB for menor que 0,8, a compressão elástica estará contraindicada;
2- Ultrassom com eco-doppler é o exame de escolha para avaliação do sistema venoso e planejamento do tratamento;
3- Colher cultura e antibiograma preferencialmente por biópsia incisional, pois a cultura qualitativa de superfície (swab), embora possa ser realizada, não é específica.
Para o tratamento, além das orientações descritas anteriormente no plano de cuidado de enfermagem, a antibioticoterapia empírica sistêmica poderá ser introduzida enquanto se aguarda o resultado da cultura, com antibiótico de largo espectro.
Os agentes infecciosos mais comuns em feridas crônicas de membros inferiores são o S. aureus e o P. aeruginosa. Poderão ser utilizados betalactâmicos, tetraciclinas, macrolídeos ou quinolonas.
Ênfase deve ser dada à necessidade de repouso e elevação do membro.
Após remissão do processo infeccioso, deve-se avaliar a possibilidade de fechamento da lesão com enxertia de pele; após o fechamento da lesão, a paciente deverá ser encaminhada ao cirurgião vascular para avaliar a possibilidade de tratamento cirúrgico de varizes.