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As equipes de saúde da família da UBS Ilha das Flores realizam diariamente reunião de uma hora, no início do dia. Participam dessa reunião todos os membros da equipe, e são discutidos os casos que os agentes comunitários de saúde (ACS) trazem da visita que realizaram no dia anterior, assim como os casos visitados pelo médico, pelo enfermeiro, pelos auxiliares de enfermagem e pela equipe de saúde bucal, conforme a agenda de cada um.
Com relação à visita da ACS, os dados trazidos para discussão compõem o relatório de visita. Esse relatório é composto de quatro fichas: a primeira (cadastral) contém o endereço da família, nome de todas as pessoas que moram na casa e vários dados, como data do nascimento de cada componente, sexo, idade, escolaridade, ocupação e doença ou condição referida; a segunda ficha aborda as condições de moradia e saneamento e outras informações, como se têm ou não um plano de saúde, qual o meio de comunicação, o meio de transporte e se participam de grupos comunitários; a terceira ficha trata do relatório da situação-controle, que merece maior cuidado da equipe de saúde e, em geral, está vinculado aos programas de saúde que são considerados prioritários e dignos de intervenção e prevenção, como hipertensão, diabetes, pré-natal, puericultura etc.; a quarta e última ficha é o relatório descritivo da visita e as pendências que deverão ser trabalhadas em futuras visitas ou por outros profissionais da equipe. As fichas e o relatório de visita são instrumentos usados por todos os ACS dessa cidade.
Em reunião de equipe, a ACS Valéria contou o caso da família de Josélia, que havia visitado no dia anterior:
– Ontem eu passei na casa da Josélia. Lembram dessa família? – pergunta Valéria em tom de cobrança, como que exigindo a lembrança.
O médico da equipe, Marcelo, não consegue esconder que não se lembra. Mas a enfermeira Elza logo lembra que é a paciente do curativo...
– Nem completei um ano nesta equipe... Como vou me lembrar de todo mundo? São tantos – diz Marcelo.
– Lembro, sim – diz a enfermeira Elza. – A paciente que tem uma ferida na perna há anos e sempre falta no dia de fazer curativo, não é?
– Sim, é ela mesma, Elza – responde Valéria. – Ela ganha por dia. Então, a menininha deles, a Stefane, está com a vacina atrasada. Eu falei pra Eliete, a filha mais velha da Josélia, que ela precisa cuidar melhor da irmã. E a Dona Josélia continua com aquela dor que não melhora no ombro, além da ferida na perna direita. Ah, e o Sr. Reinaldo começou a catar papelão e latinha. Convidei ele para o grupo de catadores. O que a senhora vai fazer com eles? – pergunta para Elza.
– Gente, não se esqueçam de pedir, às famílias que listei para vocês, que venham à triagem de odontologia, pois eles estão faltando muito e eu estou sem produção – diz a dentista Juliana às agentes de saúde.
– Mas doutora, as pessoas vêm quando querem... A senhora é nova aqui e logo vai perceber como funciona. Mas vamos chamar sim. Eu acho que devia ter alguma atividade para todas as crianças - diz a agente de saúde Roberta. |
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