A primeira Unidade Básica de Saúde de Santo Antônio foi criada há seis anos, num anexo da Associação de Moradores. Situada no meio da vila, numa casa sem as mínimas condições de abrigar um serviço de saúde – o esgoto não era canalizado e despejado na viela lateral de acesso à unidade; a única sala de consultório não possuía janelas, sua abertura se dava para dentro da pequena sala de espera, onde se acumulavam pessoas que aguardavam pelo atendimento.
Há aproximadamente um ano, a prefeitura construiu uma nova sede, que fica próximo ao bairro Vitória. A atual estrutura é muito boa. A população da vila, porém, reclama da mudança, já que ficou mais distante para chegar ao posto (40 minutos a pé do local mais distante da vila) e porque, agora, o posto está sempre cheio de pacientes, moradores do bairro Vitória que começaram a frequentar a unidade. Tais moradores são da área de abrangência da UBS Vitória, não coberta pela ESF.
A unidade não possui gerente, sendo que a maioria das funções administrativas fica a cargo da enfermeira Ana Lígia, que não tem tempo para atuar na assistência.
O bairro Vitória, de classe média baixa, tem moradores que, em sua maioria, possuem planos de saúde através das empresas em que trabalham. Há um predomínio de população idosa que está trazendo muitas demandas para unidade. São organizados e a associação de moradores defende a inclusão do bairro no atendimento da unidade de saúde, alegando que a ESF deve atender a todos. A associação está levando um documento à Gerência do Distrito Sanitário, reivindicando uma reorganização do território. Tal mudança acarretará um aumento de aproximadamente 900 famílias.
A Equipe de Saúde da Família já não sabe mais o que fazer, e decidiu discutir o problema na Secretária de Saúde. Mas o coordenador do distrito Vila Santo Antonio está afastado. A coordenação foi provisoriamente passada para o coordenador do Distrito do Centro, Doutor Marcos.
Doutor Marcos é gestor do Distrito do Centro e trabalha na UBS Vitória há 30 anos, desde sua inauguração, vivenciando algumas mudanças na Saúde Pública. O gestor, porém, está habituado ao modelo de UBS tradicional, no qual a população tem um grande vínculo com os médicos das clínicas básicas (clínico geral, pediatra, ginecologista...) e também com as enfermeiras que cuidavam da parte administrativa e das salas de procedimento, principalmente vacina. Muitos destes profissionais permanecem na UBS.
Doutor Marcos acompanhou a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), não se envolvendo muito, e acompanhou também a chegada da Estratégia Saúde da Família à cidade, apontando vários problemas desde então. Um grande problema é que seu "RH" (profissionais de carreira do município) fica inconformado com o salário diferenciado dos novos profissionais da Estratégia Saúde da Família. Doutor Marcos também se indigna de ter que organizar, além do serviço da UBS, o processo de trabalho da Estratégia Saúde da Família. Acompanhe:
Uma reunião agendada com o assessor de saúde do município terá como pauta uma nova territorialização e resolução dos problemas.