Maria do Socorro
 Menu
Julie Silvia Martins
Revisão de Daniel Almeida Gonçalves




Contextualização

Por fim, o caso também nos permite refletir sobre a atuaçao das ESF no controle da mortalidade infantil. Em relação à cobertura de pré-natal, os dados apresentados pela equipe Amarela de Ilha das Flores indicam um número de gestantes cadastradas no SisPreNatal muito baixo em relação à população cadastrada (25 gestantes no ano anterior em uma população de 5.250 pessoas cadastradas). Isso provavelmente é decorrente da falta de registro da condição de gestante no SisPreNatal, conforme relatado no caso: "As fichas B dos ACS estão desatualizadas e não há controle de presença em pré-natal".

Dados do SIAB (Brasil, 2009) apontam que, no Brasil todo, 77,1% das gestantes cadastradas na Estratégia Saúde da Família iniciaram o pré-natal no 1o trimestre, e o que se observa na equipe Amarela de Ilha das Flores é que apenas 44% (11) das gestantes que tinham registro no SIAB de sua condição de gestante iniciaram o pré-natal no 1o trimestre. Em relação à proporção de gestantes com seis consultas ou mais em Ilha das Flores, esta também pode ser considerada baixa (65%), pois dados do estado de São Paulo (BRASIL, 2009) apontam que 76,2% dos nascidos vivos eram de mães que realizaram sete ou mais consultas de pré-natal. Observa-se aqui a importância dos Sistemas de Informação em Saúde para a consolidação da Atenção à Saúde.

Para que se tenha uma ideia melhor da proporção de gestantes que realmente estão tendo o acompanhamento devido no pré-natal, o indicador proposto pelo Ministério da Saúde no Pacto Pela Saúde ("Metas para o biênio 2010-2011") é a porcentagem de nascidos vivos cujas mães realizaram sete ou mais consultas de pré-natal, sendo utilizado para a base deste cálculo o Sistema de Informações Sobre Nascidos Vivos – SINASC, esperando-se um resultado igual ou superior a 65,28% para o ano de 2011. Se compararmos os dados de Ilha das Flores com a meta proposta pelo Ministério, pode parecer que não se apresenta tão discrepante, porém é necessário considerar que, no caso Ilha das Flores, a base de cálculo utilizada é o número de gestantes cadastradas no SIAB, e não o número de nascidos vivos. As gestantes que não foram cadastradas no SIAB não aparecem neste cálculo. Assim, além da equipe estar alerta para o correto preenchimentos dos fichas do SIAB, para uma confiabilidade das informações acima por exemplo, é importante um comprometimento com as iniciativas locais para enfrentamento da mortalidade infantil, como foi descrito no caso. Notamos que a enfermeira Elza, muita atenta aos riscos para mortalidade materno-infatil, não só se esforçou para o melhor atendimento à Maria do Socorro quanto se preocupou a passar informações relevantes para outra UBS, entendo que o atuação do profissional na rede de saúde não se restringe muitas vezes ao seu território de abrangência.

Conclui-se que a complexidade do caso de Maria do Socorro exige ação interdisciplinar da equipe de saúde, incluindo-se os profissionais do NASF, com comunicação permanente entre seus membros e com os serviços de referência (BRASIL, 2008) e o desenvolvimento de ações intersetoriais para o apoio social que o caso exige, buscando a integralidade da atenção a esta família.

Especialização em Saúde da Família
Copyright 2012|UnA-SUS UNIFESP