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Quinze dias depois da consulta com a enfermeira Elza, Maria do Socorro, com treze semanas e cinco dias de idade gestacional, disse à agente de saúde ter pensado melhor e aceitado mais a gestação, e que estava mais aliviada.
Não tinha chegado a tentar o aborto. Contou ter se consultado no pré-natal de alto risco e iria manter o acompanhamento lá também.
Na semana seguite, Elza fez uma visita domiciliar a Maria do Socorro, que lhe disse que fora prescrita a profilaxia antirretroviral, e que a iniciaria assim que tivesse os comprimidos em mãos. Foi orientada a respeito da importância de usar a medicação corretamente para evitar transmissão vertical, mantendo sempre a forte impressão de compreender as orientações e estar muito disposta e motivada para o tratamento.
A enfermeira Elza notou rasura no cartão da gestante, no qual estaria o resultado do exame HIV. Maria do Socorro também não sabia contar quais eram os nomes dos remédios ou quantos comprimidos diários tomaria.
Havia apenas um registro de consulta no pré-natal de alto risco, e Elza resolveu mudar a abordagem sem pressioná-la "pejorativamente", mas tentando preservar o vínculo e obter informações claras; no entanto, Maria estava diferente: assumira uma postura de "acuada", "defensivo-agressiva", substituindo a aparente postura de "enfrentamento saudável" da doença. Chegou a questionar quem tinha mandado uma assistente social à sua casa. Elza não entendeu e seguiu a conversa. Apesar de todo o cuidado, não conseguiu desenvolver toda a consulta de enfermagem, pois Maria do Socorro estava muito impaciente e agitada, referindo estar preocupada com o horário de pegar os filhos na escola. Parecia muito preocupada com as crianças...
Também não retornou mais às consultas e aos grupos da dentista Juliana, que se mostrou preocupada com a ausência da Maria do Socorro e levou o caso para reunião de equipe. |
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