Aula 4 Saúde do Trabalhador e Saúde Ambiental na Estratégia Saúde da Família
Tópico 02 Territorialização em saúde: identificando os principais problemas de Saúde do Trabalhador e de Saúde Ambiental no território



Tomando por base Pessoa (2010), entendemos que o território na práxis da saúde na atenção primária à saúde precisa ser desvelado pelos profissionais e comunidades, além dos limites das áreas adscritas e dos problemas emergenciais, que promovem alterações no estado de bem-estar das pessoas.


Compreender essa dimensão histórica propicia ao setor saúde o entendimento da resistência, dos mecanismos de sobrevivência da comunidade e o auxiliará a repensar as práticas de saúde instituídas que possibilitem a melhoria da qualidade de vida. Nesse sentido, a ideia de território caminharia, então, do político para o cultural, ou seja, as fronteiras entre os povos aos limites do corpo e do afeto entre as pessoas [...]. [...] esta abordagem de território abre boas possibilidades para as análises em saúde, particularmente para a atenção básica, como para o entendimento contextual do processo saúde-doença, principalmente em espaços comunitários (MOKEN et al., 2008, p.27).

Os serviços de saúde ofertados pela Estratégia Saúde da Família são realizados em um determinado território. Assim, a territorialização em saúde deve ser o primeiro instrumento utilizado pela equipe para a organização dos serviços de saúde prestados.

a idéia de território caminharia, então, do político para o cultural, ou seja, as fronteiras entre os povos aos limites do corpo e do afeto entre as pessoas [...]. [...] esta abordagem de território abre boas possibilidades para as análises em saúde, particularmente para a atenção básica, como para o entendimento contextual do processo saúde-doença, principalmente em espaços comunitários (MOKEN et al., 2008, p.27).

Os serviços de saúde ofertados pela Estratégia Saúde da Família são realizados em um determinado território. Assim, a territorialização em saúde deve ser o primeiro instrumento utilizado pela equipe para a organização dos serviços de saúde prestados.





O ponto de partida para a organização dos serviços e das práticas de vigilância em saúde é a territorialização do sistema local de saúde, isto é, o reconhecimento e o esquadrinhamento do território segundo a lógica das relações entre condições de vida, ambiente e acesso às ações e serviços de saúde (TEIXEIRA; PAIM;VILASBOAS, 1998 apud GONDIM, E. et al., 2008, p. 249).




Observação

De acordo com Dias et al (2009), entre as características da atenção primária à saúde que favorecem a inserção de ações de saúde ambiental e de saúde do trabalhador destaca-se o enfoque da territorialização. Este permite a delimitação e caracterização da população e de seus problemas de saúde, a criação de vínculo de responsabilidade entre os serviços de saúde a população adscrita, bem como a avaliação do impacto das ações.


Também facilita o reconhecimento e/ou identificação de situações de risco para a saúde, originários nos processo produtivos e em situações de trabalho, conferindo concretude às relações produção/trabalho, ambiente e saúde e possibilitando ações de vigilância e a oferta de assistência adequada às necessidades de saúde dessa população.

Conceito de território (Clique aqui para abrir)

O conceito de território transcende a dimensão de espaço geográfico fixo. Ele está em permanente construção, apresentando características epidemiológicas, demográficas, históricas, culturais, políticas e sociais dinâmicas, que traduzem no confronto cotidiano entre as demandas de saúde, expressas pelos atores sociais e a oferta de serviços. Porém, mesmo esse enfoque ampliado de territorialização tem sido criticado por não contemplar toda a complexidade dos processos produtivos e suas consequências para a saúde e o ambiente, e as possibilidades de ação (DIAS et. al., 2009).

É importante rever o conceito operacional de território, de modo a contemplar questões como a contiguidade das exposições aos determinantes de saúde, a mobilidade das pessoas que circulam seja para trabalhar ou por outros motivos. Se é mais fácil pensar a organização das ações de saúde ambiental e de saúde do trabalhador na atenção básica, considerando as atividades produtivas domiciliares, ou de "fundo de quintal", ela se torna complexa, quando se trata de propor a assistência de trabalhadores que trabalham em locais distintos, por vezes, em outro município, muitas vezes distantes, como no caso dos trabalhadores migrantes recrutados para a plantação de fruticultura em empresas do agronegócio.

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Refletir

Algumas questões são colocadas para a reflexão: qual seria o limite das ações de saúde ambiental e de saúde do trabalhador na atenção básica nesses casos?

Como organizar o cuidado de pessoas que vivem em um território e trabalham em outro?

Como romper com o viés assistencial?

O que fazer com as situações de risco geradas em um território, mas cujos impactos se fazem sentir em inúmeros outros?


Mesmo diante desses desafios, enfatizamos a importância da territorialização em saúde para a identificação dos problemas de saúde ambiental e de saúde do trabalhador e posterior intervenção.

Método utilizado para realizar a territorialização em saúde (Clique aqui para abrir)

- Pessoa (2010, p.263) considera essencial que o método utilizado para realizar a territorialização em saúde de cunho participativo seja capaz de:

- debater os problemas sociais, procurando desvelar as origens e os efeitos destes sobre a saúde humana e de que forma as políticas públicas, principalmente a política de saúde, focando a APS, lida com essas questões no território;

- analisar de que forma os problemas sociais estão implicados com o modo de vida das pessoas, relacionando em primeira instância o mundo do trabalho, procurando identificar como este trabalho se constitui como mediador de novas formas de adoecimentos e sofrimentos no território, ou seja, identificar as necessidades de saúde dos trabalhadores e em que medida isso relaciona-se com a população em geral;

- identificar as transformações ambientais locais e analisar as repercussões sobre a saúde das pessoas, principalmente em relação à qualidade de vida;

- evidenciar as interrelações de saúde-ambiente-trabalho percebidas na vida comunitária e como as políticas de saúde ambiental, saúde do trabalhador e APS em um diálogo com a participação social vivenciam esse processo; e

- propor ações integrais em saúde, com o intuito de desenvolver práticas de saúde que contemplem a dimensão local, incorporando as ações de saúde ambiental e saúde do trabalhador na APS, não como 'um fazer a mais', mas como um fazer pertencente a ESF, porque parte das necessidades de saúde identificadas com origem no território.

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