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Aula 3 | Importantes questões de Trabalho, Ambiente e Saúde no Brasil | |
Tópico 03 | Intoxicação: chumbo e agrotóxicos |
Na China, mais de 200 crianças sofreram uma intoxicação por chumbo, provocada pela poluição de fábricas de baterias clandestinas perto das casas onde vivem, no leste do país.
Exames médicos revelaram que três crianças apresentavam altos índices de chumbo no sangue, o que levou as autoridades a examinar mais 280 crianças e 200 apresentaram elevados indícios de contaminação que podem conduzir ao saturnismo.
O saturnismo ou plumbismo é o nome dado à intoxicação pelo chumbo. Afeta milhões de pessoas em todo o mundo como resultado da poluição ambiental, além de outras espécies, como as aves. Nos humanos, as principais fontes de intoxicação são as tintas que contém chumbo, baterias de automóveis, pilhas e emissões industriais.
O chumbo é um dos metais mais tóxicos para o ser humano. A intoxicação pode afetar o sistema nervoso e reprodutivo e ainda provocar lesões nos rins, tensão alta e anemia. Em 2009, mais de duas mil crianças foram igualmente afetadas pelo mesmo problema devido à instalação de uma fundição perto das casas onde viviam.
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Leitura Complementar
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Intoxicações por agrotóxicos
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Observação
Sem sombra de dúvidas, a intoxicação ocupacional mais presente no Brasil é por agrotóxicos, principalmente entre trabalhadores rurais, motivo pelo qual a destacamos a seguir. |
Consideram-se agrotóxicos:
[...] produtos e componentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas e também em ambientes urbanos, hídricos, industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento. (BRASIL, 2001, p. 25).
Classe I – extremamente tóxicos, cuja embalagem possui tarja vermelha. |
Classe II – altamente tóxicos, tarja amarela. |
Classe III – medianamente tóxicos, tarja azul. |
Classe IV – pouco tóxicos, tarja verde. |
No que diz respeito à classificação química, os grupos mais importantes são os organofosforados, os carbamatos, os organoclorados e os piretroides.
Os organofosforados e carbamatos são os responsáveis pelo mais alto número de intoxicações ocupacionais. Ambos atuam por inibição da enzima acetilcolinesterase, sendo que os organofosforados, ao contrário dos carbamatos, fazem isto de forma irreversível. São absorvidos por inalação, vias digestiva e dérmica, sendo o quadro clínico caracterizado por sudorese, sialorreia, miose, hipersecreção brônquica, tosse, vômitos, fasciculações musculares, cólicas, diarréias, confusão mental, hipertensão arterial, ataxia, convulsões e choque cardiorrespiratório. Podem ainda levar ao coma e à morte. Embora semelhante, o quadro clínico provocado pelos carbamatos tende a ser mais leve do que o provocado pelos organofosforados. Entre os produtos organofosforados mais conhecidos, destacam-se: Folidol®, Tamaron®, Rhodiatox®, Azodrin®, Dianxion® e Malation®. Entre os carbamatos, os mais utilizados são o Baygon®, o Temik®, o Sevin® e o Furadon®.
Os inseticidas clorados apresentam restrições legais ao uso, devido à grande toxicidade, lenta degradação, com longa permanência no meio ambiente, capacidade de se acumular no tecido adiposo humano e por ter efeitos carcinogênicos em animais. Esses agentes atuam comprometendo a transmissão do impulso nervoso, provocando alterações comportamento tais, de sensório e de equilíbrio, além de atuarem sobre o centro respiratório. Podem ser absorvidos por inalação, digestão ou via dérmica, sendo eliminados pela urina e leite materno. As intoxicações agudas manifestam-se por inquietação, parestesias, alterações do equilíbrio, ataxia, cefaléia intensa, fraqueza, sintomas respiratórios – rinorreia, tosse, rouquidão – e gastrintestinais – náuseas, vômitos, cólicas de diarréias. Nas exposições crônicas, podem ocorrer anorexia, perda de peso, tremores, anemia, fraqueza muscular, cefaléia e dermatoses. Os produtos mais conhecidos desta categoria são o Aldrin®, BHC® e o DDT®.
Os inseticidas piretroides são vastamente utilizados em "dedetizações" de domicílios e prédios públicos, pela sua baixa toxicidade e baixa concentração em produtos industriais, o que torna rara a intoxicação aguda. Podem ser absorvidos pelas vias inalatória, digestiva e cutânea. Os inseticidas piretroides são hipersensibilizantes, motivo pelo qual podem desencadear dermatite alérgica e asma. Os inseticidas piretroides produzem, ainda, irritação das conjuntivas e outras membranas mucosas, dormência e formigamento em pálpebras e lábios. Longas exposições podem provocar convulsões, opistótomo e perda de consciência.
O tratamento das intoxicações envolve necessariamente afastamento da exposição e tratamento medicamentoso e de suporte, quando necessário, nas intoxicações agudas.
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Leitura Complementar
Os agentes agressores com os quais os indivíduos entram em contato nos ambientes de trabalho, geram as dermatoses ocupacionais, que você pode conhecer ao ler o texto Dermatoses ocupacionais. |