Aula 3 Importantes questões de Trabalho, Ambiente e Saúde no Brasil
Tópico 05 Conflitos Socioambientais no Nordeste Brasileiro



Conflitos socioambientais no nordeste brasileiro


A crise ambiental global tem evidenciado a insustentabilidade do modelo de desenvolvimento, os sinais de deterioração e destruição dos ecossistemas são fortemente encontrados em locais de coexistência dos efeitos da industrialização e urbanização. Com isso é de extrema relevância a participação mais ativa do setor de saúde, seja pela sua atuação tradicional no cuidado de pessoas e populações atingidas pelos riscos ambientais, ou pela valorização das ações de prevenção e promoção de saúde. No entanto, ainda atuam num campo muito restrito, fazendo-se necessário ampliar as intervenções sobre o ambiente para além do saneamento básico, mas também no tocante a poluição do ar (contaminação e ruído) e do solo (por produtos perigosos), mobilizando a participação da sociedade civil para garantir priorização de programas e projetos contextualizados, de forma que as ações intersetoriais sejam orientadas nas suas especificidades.


Existem aquelas que abruptamente causam desastres em larga escala como os vulcões, os terremotos e os tornados, que têm sido cada vez mais presentes no nosso século. São catástrofes de uma magnitude que ultrapassa a capacidade de entendimento do ser humano.


Existem outras formas de destruição, também impiedosas, porém gradativas, mas nem por isso menos maléficas. Como exemplo de impactos gerados pelo uso inapropriado dos recursos naturais, temos a desestruturação sociocultural e de degradação dos ecossistemas provocado pelos impactos de políticas de desenvolvimento adotadas no Estado do Ceará.


Em detrimento da preservação e conservação dos sistemas de subsistência das comunidades tradicionais litorâneas, as políticas governamentais incentivam a implantação de grandes empreendimentos na zona costeira cearense. Esses danos socioambientais estão relacionados com a utilização e a ocupação desordenada dos sistemas ambientais.


Meireles (2006), dentre vários outros, destaca a utilização inadequada do ecossistema manguezal e do carnaubal por meio da implantação de fazendas de camarão e a expansão das cidades e do turismo industrial.



A missão (Clique aqui para abrir)

A intervenção desse modelo de desenvolvimento centrado apenas na produção e consumo gera a desorganização dos espaços litorâneos, além dos já citados, prejudica o modo de vida dos povos do mar, interfere diretamente na qualidade de vida da comunidade costeira, alterando os ciclos reprodutivos das espécies naturais do ambiente.

Dunas e falésias são devoradas pelos empreendimentos imobiliários, implantação de vias de acesso, loteamentos, hotéis e grilagem de terra, afirma Meireles (2006). Observa-se, portanto a imposição de um modelo de desenvolvimento que ultrapassa os limites da sustentabilidade.

Sob a perspectiva do direito humano ao meio ambiente, Leroy & Silvestre (2004) realizaram uma missão de investigar regiões do litoral nordestino para avaliar casos de violação a direitos humanos das populações tradicionais litorâneas, como pescadores artesanais, ameaçados por empreendimentos turísticos, de carcinicultura (criação de camarão) e pela pesca industrial.

O relatório dessa missão traça um quadro das principais ameaças e conflitos das populações litorâneas, estando estes associados a direitos econômicos sociais e culturais, como também a eles à violência física e obstáculos à participação política democrática, além de desamparo das autoridades públicas e dificuldades de acesso à justiça.

Nessa missão Leroy & Silvestre (2004) observaram um elemento comum a todos esses problemas: a exclusão provocada por um modelo de desenvolvimento injusto, onde as parcelas mais vulneráveis da sociedade recebem a maior carga dos danos ambientais provocados pela apropriação desigual de recursos.

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Leitura Complementar

Leia o texto a seguir, nele apresentamos “Alguns conflitos presentes no litoral cearense” e que atingem as populações que vivem dos seus recursos naturais.

Temos então, uma sociedade adormecida pela dor, silenciada, facilmente manipulada e dominada, é quando adormecer é uma questão de sobrevivência.

Ele habita um corpo, mas parece não ser dono dele, um corpo sem vida, sem expressão, machucado, espoliado, maltratado, desfigurado.