Aula 1 As interfaces entre Trabalho, Ambiente e Saúde
Tópico 04 Desenvolvimento, Trabalho, Ambiente e Saúde



Para compreendermos o cenário atual de desenvolvimento, precisamos entender as faces do desenvolvimento e as conseqüências socioambientais desse modelo. Para tanto, vamos buscar na história referências que expliquem a transição das sociedades primitivas para as sociedades modernas, além de apresentar as principais características que as definem.

Podemos começar a entender o processo de modernização que hoje vivemos e as suas conseqüências, voltando no tempo e conhecendo as sociedades primitivas/tradicionais e as transições para as sociedades modernas.


Voltando no tempo...



Nas sociedades primitivas haviam formações sociais essencialmente rurais dedicadas à agricultura e à pecuária - voltadas à satisfação das necessidades básicas da população – alimentação, moradia e vestuário; utilização de tecnologias simples harmonizadas com seu ambiente físico e humano. (Herrera, 1990 apud Rigotto, 2002, p.234).







Sociedades Tradicionais – buscavam manter uma relação harmônica com a natureza. Sentimento de parentesco, de participação na totalidade dos viventes. Relação corpo e natureza. (Herrera, 1990 apud Rigotto, 2002, p.234)

Sociedades modernas – muitas rupturas foram acontecendo na relação dos seres humanos com a natureza e entre si (Rigotto, 2002): ruptura do sujeito consigo mesmo, separação do corpo e da alma (passamos a ter um corpo, ao invés de ser um corpo); ruptura do sujeito com os outros; ruptura do sujeito com a natureza (rompe-se a interdependência e abre-se para a dominação e agressão ao ambiente) (Rigotto, 2002).





A transição da sociedade primitiva para a sociedade moderna trouxe diversas consequências, entre elas, o distanciamento do homem da sua própria natureza, da sua essência, do encontro com o outro e do encontro com o todo. A vida acontece em torno destas relações.









Capitalismo: sociedade e meio ambiente


O foco apenas na economia e busca de lucro, renegando as demais dimensões da vida humana, tem sido a causa de muitos dos problemas sociais que hoje a humanidade enfrenta. A nossa história é decorrente de um pensamento globalizante, em que a ideia de crescimento e expansão está associada à exploração abusiva dos recursos naturais.

Reflexão

Pensem na nossa colonização: invasão de terra, exploração dos nossos recursos naturais, dominação, subordinação....O Brasil sob as ordens superiores do mundo europeu. É quando inicia o processo de subordinação da força de trabalho, da compra de negros para os serviços pesados que gerariam riquezas para os estrangeiros. Será que já ultrapassamos essa fase?


Quando a produção não tem mais como único objetivo suprir as necessidades de sobrevivência e assume um caráter de larga escala, acumulação de bens visando o lucro surge então “a noção de desenvolvimento”.


A pressão advinda da necessidade de produção em massa tem como consequência o uso desenfreado dos recursos naturais, gerando alterações irreversíveis ao meio ambiente. A vida em risco, o ambiente desrespeitado, o consumo ganhando verdadeiros fiéis, como uma religião de adeptos fervorosos, servindo a um deus mercado. Podemos ver assim a deslocação dos princípios que regem a vida. O ambiente visto apenas como insumo/recurso para a produção por uma imposição do mercado gera a extinção de milhares de espécies vegetais e animais.

Necessidades humanas passam a ser criadas para consumir mais e mais.


- Podemos ver a deslocação dos princípios de vida, a super valorização do crescimento ilimitado da produção e das forças produtivas como objetivo central da vida humana, acima de qualquer cuidado com a preservação das espécies vegetais e animais, excedendo a capacidade de regeneração da Biosfera com o consumo predatório da água, das fontes de energia e das “riquezas” minerais.

- Com a Revolução Industrial, o trabalho é convertido em emprego (Rigotto, 2002), configurando uma nova relação do homem com os seus instrumentos de trabalho, um distanciamento do que é produzido, do produto do seu esforço, reduzindo o seu campo de atuação e de apropriação no processo.

- Observa-se nesse período o atrativo que as indústrias provocam, redefinindo o espaço urbano e rural com a migração. Surge um novo estilo de vida no cenário das grandes cidades para absorver o excedente produzido, necessidades humanas passam a ser criadas para consumir mais e mais. (RIGOTTO, 2002)

Reflexão

Mercadoria – significados de poder, status.

•  O que se consome comunica aos outros o que se é. (Rigotto, 2002)
•  A possibilidade de se ter mais e mais de cada coisa converteu-se no fim supremo do progresso.


Multimídia

Ao assistir o filme "Tempos Modernos", ao lado, faremos um ótimo exercício que nos faz entender a automação do trabalho.

Atenção: Não se esqueça de arquivar seu comentário sobre o vídeo, de forma que, ao final desta disciplina você componha seu portfólio individual. Bom trabalho!


A ideia hegemônica de progresso que habita o inconsciente coletivo torna-se a base da sociedade capitalista, visível no funcionamento das sociedades modernas dos dias atuais, muda apenas à proporção em que hoje o ambiente é afetado, as destruições de matas em larga escala, desigualdade ainda mias acirrada, pois o subdesenvolvimento é uma face do desenvolvimento.