O conceito de “estigma” é o que identifica o preconceito e a exclusão dos direitos sociais dos consumidores de certas drogas, dando a elas um sentido pejorativo e até criminoso. A diferença de um tabagista, um maconheiro e um cervejeiro é que o primeiro e o último não são vistos como “criminosos”, mas no máximo pessoas com problemas e que precisam de ajuda.

É importante ampliar discussão social sobre as causas e consequências da ilegalidade de algumas drogas psicoativas e a regulamentação e o controle daquelas consideradas legais.

Reflexão

Os consumidores de drogas não devem ser “estigmatizados”, ou seja, considerados como negativos apenas pela droga que consomem. Exatamente para se evitar abordagens reducionistas desta temática, é que precisamos nos perguntar, como muitos outros países já vêm fazendo:

  • Quais são as razões pelas quais umas drogas são lícitas e outras ilícitas?
  • O que a história já nos mostrou sobre isso?
  • O que não queremos como consequência do consumo de drogas?
  • O que determina estas consequências indesejadas?
  • A droga consumida?
    • O "como", "onde", "quando" ou "por quem" são consumidas estas drogas?
    • O simples consumo?
  • O que podemos fazer para definitivamente evitarmos estas consequências indesejadas?
  • Quais evidências científicas foram produzidas sobre efeitos, modos e consequências do uso de cada substância psicoativa?

Quando falamos em oferta de cuidado ou tratamento, estas questões anteriormente levantadas ganham ainda maior relevância. Ocorre que um tema trabalhado de forma reducionista, tanto com relação ao pensamento corrente sobre este, como com relação à ciência que subsidia a atuação profissional ou ao contexto no qual está mergulhado o usuário, resulta em oferta de cuidado igualmente reduzida, limitada e, consequentemente, ineficaz.

Como já afirmamos, o cuidado ou tratamento, especialmente aquele ofertado no âmbito das ações de saúde pública, não pode ser baseado em julgamento moral ou na droga consumida. São os agravos à saúde que estão no centro da atuação dos profissionais. Estes são o foco principal. As diferenças de tratamentos entre pessoas que usam tabaco ou maconha não residem nas drogas de escolha e, sim, nas necessidades de saúde das pessoas em cuidado. As substâncias em si não definem gravidade ou qualificam o tipo de consumidor. Ajudar as pessoas a conquistarem o autocontrole e a autonomia sobre si, por exemplo, é o esforço necessário para combater as formas de consumo destrutivas.