Em muitas situações o profissional de saúde tem fortes indícios de que o paciente seja um usuário de drogas, mas prefere “não tocar no assunto”; trata o sujeito de um modo parcial sem se ocupar em incluir esse dado nas suas avaliações de risco à saúde, nas suas hipóteses diagnósticas, nos seus aconselhamentos ou nos projetos terapêuticos. Na maior parte das vezes, quando esse assunto é clinicamente abordado, ainda prevalecem às exigências para uma abstinência total, moralmente apresentada como uma pré-condição para que algum tratamento seja empreendido.

Não raro, essas intervenções costumam ser associadas a uma pedagogia do terror enfatizando o medo como uma forma de afastar o sujeito das drogas, livrando-o de um suposto caminho que o levaria, inevitavelmente, ao crime, à doença e à morte. Por outro lado, ainda são muito tímidas as ações contínuas de prevenção centradas em estratégias de redução de danos, que tenham como meta a promoção e o desenvolvimento de uma consciência crítica desses sujeitos, avaliando, junto com eles, os riscos de cada um e os fatores viáveis de proteção que cada um efetivamente dispõe. As estratégias preventivas de redução de danos agem respeitando e tratando o usuário de drogas como um cidadão portador de direitos e deveres. Difunde conteúdos atualizados e sem preconceitos. Desenvolve a cidadania, a autonomia e os mecanismos de auto-regulação e de responsabilização pessoal.