Quando conversamos com uma pessoa e tentamos conhecer suas histórias, vamos nos deparando com o fato de que, embora cada pedaço da história, cada capítulo tenha sua coerência, muitas situações de contradição ou de incoerência entre os capítulos vão emergindo.

De fato, as pessoas vivem em muitos ambientes distintos e em diferentes circunstâncias. De acordo com cada configuração ambiental e cada momento, as pessoas podem se comportar das maneiras mais variadas e diferentes, mas buscam sempre ser o mais coerente possível. Isso pode resultar em comportamentos contraditórios ao longo do tempo. As pessoas procuram ativamente ser coerentes, embora não sejam coerentes o tempo todo.

Uma equipe multiprofissional, ao compor vários pontos de vista sobre o usuário e com a colaboração dos familiares, amigos e vizinhos, por exemplo, pode construir uma narrativa (clique na palavra) rica em detalhes. Assim, uma variedade de pequenas estórias e relatos permite compor um mapa multidimensional da vida. Por meio desse mapa visualizamos um conjunto de eventos, coisas e pessoas que são significativas para o usuário e podemos (re)conhecê-lo como um ser único, que tem dores, alegrias e um modo próprio de viver, sentir e estar no mundo. Poderemos compreender como as diversas dimensões e eventos da vida do usuário se relacionam e perceber como e porque o usuário sofre, onde se encontram contradições e “pontos cegos” para a própria pessoa.

Do conjunto de dados obtidos a equipe deve buscar realizar uma avaliação da situação: Quais as condições físicas da pessoa? Qual a apropriação no campo da linguagem? É alfabetizado? Quais as condições de vida? Quais as condições culturais? Quais as condições laborais? Qual o histórico amoroso?