Para a elaboração de um PTS o modo como se estabelece a relação do profissional com a pessoa/família é de extrema importância. O modo como se inicia o vínculo pode determinar se servirá como alicerce, como base de uma relação de compromisso/comprometimento entre usuário e equipe.

Iniciemos abordando sobre a contratualidade. Esse conceito em saúde mental se destaca como um dos elementos estruturantes das práticas pautadas na perspectiva da “desinstitucionalização”, proposição originária do movimento italiano que influenciou significativamente o movimento de Reforma Psiquiátrica Brasileira por meio das críticas ao modelo manicomial e visando à sua superação.

Quando alguém chega a um serviço de saúde mental, essa pessoa chega de duas maneiras: ou veio espontaneamente ou veio sob algum tipo de constrangimento por parte de familiar, amigo ou instituição.

No caso de a pessoa chegar espontaneamente no serviço, é importante assumir e reconhecer que ela já chega numa certa posição de desvantagem, de menor poder de contrato, já que ela sente que necessita dos serviços e ela acredita que a unidade de saúde mental detém algum tipo de auxílio, ferramenta ou recurso do qual a pessoa espera obter uma melhora da sua situação.

A pessoa já vem propensa a acatar ou aceitar as interferências que serão feitas pela equipe local, em detrimento da sua autodeterminação. É preciso lembrar que, até uma pessoa decidir procurar ajuda em saúde mental, ela já passou por vários estados emocionais até chegar ao presente. Ela já experimentou negar seus problemas, já ficou com dúvidas, medo, raiva, insegurança até o ponto em que admite que não esteja conseguindo dar conta destes problemas.

Nessa fase, está propensa a aceitar sugestão externa que venha a servir de nova abordagem, e, para tanto, dispõe-se a expor aflições, angústias e outras formas de sofrimento, falando do que é íntimo. Coagida pelo seu sofrimento ou necessidade, nessa situação a pessoa se encontra com seu poder contratual reduzido.