Estudos vêm mostrando que o papel dos familiares com a implementação da estratégia da atenção psicossocial se alterou substancialmente, podendo sobrecarregar este grupo, devolvendo o cuidado para seu meio (GONÇALVES; SENA, 2001).

Consequentemente, o papel dos familiares se multiplica e se intensifica. O familiar é um dos primeiros sujeitos a identificar problemas decorrentes do uso de drogas e a sofrer diretamente as suas repercussões. Por exemplo, diante do sofrimento que envolve essa experiência, Fender (1996) chamou atenção para o envolvimento dos diversos membros de uma família no cuidado daqueles que possam ter desenvolvido um dos mais graves problemas relacionados ao uso de drogas, a dependência. Como é do conhecimento de todos, a gama de agravos, consequências, e sofrimento, que acomete alguém em um quadro de dependência química é bastante complexa e grave. A família também está mergulhada neste sofrimento e, por consequência, precisando de cuidados.

A vida em família(s) circunscreve não apenas relações amorosas materializadas em geral em cuidados e vínculos positivos, mas, também conflitos que, dependendo da forma como são manejados internamente na dinâmica familiar podem potencializar maior amadurecimento, crescimento emocional e vínculos entre seus membros ou a intensificação da violência. Família circunscreve o:

conjunto de pessoas vinculadas por laços de sangue, parentesco, afinidade/afetividade ou dependência que estabelecem entre si relações de solidariedade e tensão, conflito e afeto (...) e (se conforma) como grupo de indivíduos de sexo, idades e posições diversificadas, que vivenciam um constante jogo de poder que se cristalizam na distribuição de direitos e deveres (BRUSCHINI, 1989, p. 09).