A gestão e a organização do trabalho em equipe de saúde

O trabalho de gestão de uma equipe de saúde geralmente fica sob a responsabilidade específica de uma pessoa, que coordena o serviço. Alguns autores discutem o tema da gestão, destacando a importância de tal processo não se limitar ao controle e disciplinamento dos trabalhadores. Além de gerir, também é necessário gerar, ou seja, a gestão é um lugar potente pra induzir transformações nos serviços de saúde e envolver participativa e democraticamente todos os trabalhadores nas deliberações e decisões (ONOCKO, 2003).

Nesse contexto, o gestor precisa intervir, de maneira a esclarecer e definir junto com os trabalhadores que tipo de modelo se pretende reforçar no serviço. A gestão é, portanto, um lugar privilegiado para lidar com diferentes fluxos e gradientes de poder, inclusive com o do próprio coordenador. Para avançar na reorganização do trabalho e aprimorar a produção de cuidado, é importante construir processos de gestão participativa e compartilhada, onde a reunião da equipe possa se constituir como um espaço coletivo de discussão e decisão, em que se reflita sobre a clínica e o cuidado, a política e as relações de poder, permitindo o cuidado entre os próprios trabalhadores. Certamente isso inclui a mediação e negociação de conflitos, que são inerentes a todo esse processo (CAMPOS, 2000). O gestor é mediador por excelência. É mediador, é “tradutor” (ou provoca a “tradução” necessária ao entendimento de profissionais de núcleos de saberes diferentes), sustenta a necessidade de respeitar os acordos coletivos, entre outras funções.